O Kosmos 482, uma nave da era soviética, está prestes a reentrar na atmosfera terrestre após mais de cinco décadas em órbita. Lançada em 1972 com o objetivo de explorar Vênus, a missão não alcançou seu destino e a nave permaneceu orbitando a Terra. Agora, com previsão de reentrada para o próximo sábado (10/5), cientistas monitoram atentamente seu retorno.
Pesando cerca de 500 kg e com uma estrutura de titânio, a Kosmos 482 pode atingir o solo quase intacta. A área potencial de impacto abrange uma vasta faixa entre 52 graus de latitude norte e 52 graus de latitude sul, cobrindo grande parte do planeta. No entanto, a maior parte dessa área é composta por oceanos ou terras desabitadas, o que reduz significativamente o risco para áreas povoadas.
Como funciona o monitoramento de reentradas espaciais?
Current Kosmos 482 prediction from @AerospaceCorp – entry could happen in next 12 hours, and for sure in next 24 hours. Maybe it'll end up in Europe, India or China. pic.twitter.com/jguFGVAt9w
— Scott Manley (@DJSnM) May 9, 2025
O monitoramento de objetos espaciais em reentrada é uma tarefa complexa, realizada por várias agências ao redor do mundo. No caso da Kosmos 482, os Centros de Operações de Vigilância e Rastreamento Espacial da União Europeia (EU SST) estão à frente desse trabalho. A precisão das previsões de reentrada melhora à medida que o evento se aproxima, mas ainda existem incertezas devido à natureza descontrolada do objeto.
O astrônomo Cássio Barbosa explica que a órbita da maioria dos satélites, incluindo a Kosmos 482, segue um padrão que cobre amplas áreas da superfície terrestre. Apenas satélites com órbitas polares têm trajetórias diferentes. Apesar das incertezas, a probabilidade de danos causados por lixo espacial é extremamente baixa.
Quais são os riscos da queda da nave para o Brasil?
Embora teoricamente o Brasil esteja dentro da faixa de reentrada, as chances de impacto no país são mínimas. Segundo Barbosa, “é mais fácil sermos atingidos por um raio do que por este lixo espacial”. As previsões de reentrada variam de acordo com fatores como atividade solar, temperatura e condições climáticas globais, tornando improvável um impacto significativo em território brasileiro.
Historicamente, não há registros de mortes causadas por quedas de lixo espacial, embora danos a propriedades tenham ocorrido. A natureza imprevisível desses eventos faz com que o monitoramento contínuo seja essencial para mitigar riscos e fornecer informações precisas ao público.
Os principais pontos sobre os riscos:
- Probabilidade de impacto em área habitada é baixa: A maior parte da superfície da Terra é coberta por oceanos (cerca de 70%), o que torna muito mais provável que quaisquer fragmentos sobreviventes da reentrada caiam no mar ou em áreas desabitadas.
- Desintegração na atmosfera: Espera-se que grande parte da nave queime ao reentrar na atmosfera devido ao atrito. No entanto, como a Kosmos 482 foi projetada para resistir à atmosfera densa de Vênus, há uma chance maior de que alguns fragmentos maiores, feitos de titânio, sobrevivam à reentrada e atinjam o solo. A massa estimada da parte que reentrará é de cerca de 500 kg.
- Velocidade de impacto: Se algum fragmento sobreviver, pode atingir o solo a uma velocidade de aproximadamente 242 km/h.
- Histórico de quedas: Embora raro, fragmentos de lixo espacial já atingiram áreas povoadas no passado. Partes do foguete da Kosmos 482 caíram na Nova Zelândia em 1972. Pedaços de satélites da SpaceX foram encontrados no Brasil nos últimos anos.
- Janela de reentrada: A previsão atual para a reentrada é por volta do dia 10 de maio de 2025, com uma margem de erro de algumas horas. O local exato da queda só poderá ser determinado com maior precisão poucas horas antes do evento.
- Monitoramento: Agências espaciais ao redor do mundo estão monitorando a reentrada da Kosmos 482 para tentar refinar as previsões de horário e local de queda.
Quais os próximos passos para esse tipo de monitoramento?

Com o aumento do número de satélites e detritos espaciais em órbita, o monitoramento de reentradas se torna cada vez mais crucial. Parcerias internacionais, como a do INPE com a China para a produção de novos satélites, são fundamentais para aprimorar a tecnologia de rastreamento e prever com maior precisão os eventos de reentrada.
O caso da Kosmos 482 destaca a importância de esforços conjuntos para garantir a segurança espacial e minimizar os riscos associados ao lixo espacial. À medida que a tecnologia avança, espera-se que as previsões se tornem ainda mais precisas, contribuindo para a proteção de nosso planeta e seus habitantes.