Recentemente, o TasteAtlas, um guia culinário internacional, causou alvoroço ao divulgar uma lista das piores comidas típicas do Brasil. A relação, que inclui pratos como sagu e salada de maionese, gerou debates acalorados entre os brasileiros, especialmente aqueles que valorizam a rica diversidade gastronômica do país. A lista, baseada em 7.456 avaliações, apresenta 37 pratos que, segundo o guia, não agradam ao paladar internacional.
Entre as comidas mencionadas, o sagu com creme, uma sobremesa tradicional do Rio Grande do Sul, e a clássica salada de maionese, popular em churrascos de domingo, foram particularmente controversos. A inclusão desses pratos no ranking das piores comidas do Brasil foi vista por muitos como uma afronta à cultura culinária regional.
Quais são as comidas listadas pelo TasteAtlas?
O ranking do TasteAtlas inclui uma variedade de comidas que são amplamente consumidas em diferentes regiões do Brasil. Além do sagu e da salada de maionese, a lista conta com cortes de carne como acém, paleta, patinho e coxão mole. Outros itens incluem sobremesas e acompanhamentos como sequilhos, pé-de-moleque, quibebe, canjica e galinhada.
O prato que lidera a lista é o cuscuz paulista, um prato centenário muito comum em São Paulo, que recebeu uma avaliação de 2,8 estrelas em uma escala de zero a cinco. A lista também menciona pratos como arroz com pequi, maria-mole, ostra ao bafo, caldo de piranha e pato no tucupi, entre outros.

Veja a lista completa (da pior para a ‘melhor’):
- Cuscuz Paulista (2.8)
- Arroz com Pequi (3.1)
- Acém (corte de carne bovina) (3.1)
- Paleta (corte de carne bovina) (3.2)
- Maria-Mole (3.3)
- Lagarto (corte de carne bovina) (3.3)
- Sequilhos (3.5)
- Sagu (3.5)
- Tareco (biscoito) (3.5)
- Coxão Mole (corte de carne bovina) (3.5)
- Ostra ao Bafo (3.5)
- Pé-de-Moleque (3.6)
- Quibebe (3.6)
- Músculo (corte de carne bovina) (3.6)
- Patinho (corte de carne bovina) (3.6)
- Maniçoba (3.6)
- Peito (corte de carne bovina) (3.6)
- Sanduíche de Mortadela (3.7)
- Salada de Maionese (3.7)
- Cajuzinho (3.7)
- Salpicão de Frango (3.7)
- Abará (3.7)
- Caldo de Piranha (3.7)
- Biscoito de Polvilho (3.8)
- Canjica (3.8)
- Mocotó (3.8)
- Bolo Formigueiro (3.8)
- Caruru (3.8)
- Pato no Tucupi (3.8)
- Pamonha (3.9)
- X-Tudo (3.9)
- Galinhada (3.9)
- Casadinhos (3.9)
- Barreado (3.9)
- Creme de Papaya (3.9)
- Baba de Moça (3.9)
- Carne de Onça (3.9)
Por que a lista do TasteAtlas gera controvérsia?
A divulgação do ranking gerou reações variadas. Para muitos, a lista não leva em consideração a tradição e o valor cultural dos pratos listados. A chef Roberta Sudbrack, em entrevista ao jornal O Globo, expressou sua indignação, chamando a lista de “uma vergonha” e “risível”. A crítica principal é que o TasteAtlas, ao avaliar pratos típicos brasileiros, não considerou o contexto cultural e histórico que os tornam especiais para muitos brasileiros.
- Subjetividade das avaliações: O paladar é inerentemente subjetivo. O que uma pessoa considera delicioso, outra pode achar desagradável. As listas do TasteAtlas agregam avaliações de usuários, e essa diversidade de opiniões inevitavelmente leva a resultados que alguns consideram injustos ou imprecisos.
- Nacionalismo e bairrismo: As listas que ranqueiam pratos ou cozinhas nacionais tendem a despertar paixões. As pessoas se sentem orgulhosas de sua culinária e podem discordar veementemente se seus pratos favoritos são mal avaliados ou se a culinária de seu país não alcança uma posição alta no ranking. Isso leva a acusações de viés ou falta de conhecimento por parte dos avaliadores.
- Metodologia: Embora o TasteAtlas afirme utilizar mecanismos para identificar avaliações genuínas e dar mais peso a usuários considerados “conhecedores”, a metodologia exata não é totalmente transparente. Isso levanta dúvidas sobre a representatividade e a validade estatística das classificações. Críticas frequentes incluem a possibilidade de manipulação por votos em massa e a influência de preferências regionais ou culturais dominantes.
- Pratos com origens disputadas: Em alguns casos, a classificação de um prato como pertencente a um país específico gera debates acalorados sobre sua verdadeira origem. Um exemplo recente foi a classificação do Chicken Tikka Masala como um prato britânico, o que causou indignação entre muitos apreciadores da culinária indiana.
- Inclusão de pratos “mal avaliados”: O TasteAtlas também publica listas de pratos “piores” ou “menos apreciados”, o que invariavelmente ofende os amantes desses pratos e levanta questões sobre os critérios utilizados para essa classificação negativa.
- Falta de representatividade: Alguns críticos argumentam que as listas podem não refletir adequadamente a diversidade culinária global, com um foco excessivo em certas regiões ou tipos de cozinha. A ausência de pratos ou cozinhas de determinadas partes do mundo nos rankings também pode gerar controvérsia.
Como a tradição culinária brasileira é valorizada?
A culinária brasileira é conhecida por sua diversidade e riqueza de sabores, resultado de influências indígenas, africanas, europeias e asiáticas. Cada região do Brasil possui suas especialidades, que são apreciadas não apenas localmente, mas também por turistas que visitam o país em busca de experiências gastronômicas autênticas. Pratos como o sagu e a salada de maionese são exemplos de como a comida pode ser um elo cultural, trazendo memórias e histórias de gerações.
Rankings como o do TasteAtlas podem influenciar a percepção internacional sobre a culinária de um país. No entanto, é importante lembrar que o gosto é subjetivo e que a diversidade culinária é um reflexo da cultura e da história de um povo. Ao explorar a gastronomia brasileira, é essencial valorizar e respeitar as tradições locais, reconhecendo que cada prato tem seu lugar na rica tapeçaria cultural do Brasil.