Nesta quarta-feira (23/4), o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) tomou uma decisão significativa ao condenar o influenciador Pablo Marçal por utilizar a música “Oitavo Anjo”, do rapper Dexter, sem a devida autorização. Este caso destaca a importância dos direitos autorais e as implicações legais do uso não autorizado de obras musicais, especialmente em contextos públicos e políticos.
A condenação surgiu após Marçal ter utilizado a música durante uma entrevista ao vivo, que posteriormente foi editada e divulgada em suas redes sociais. A música foi usada em um contexto que incluía menções diretas ao artista e ao trecho “acharam que eu estava derrotado, quem achou, estava errado”, sem que houvesse qualquer permissão prévia do cantor ou das empresas responsáveis pela obra.
Como a ação contra Marçal foi movida?

Uma decisão judicial determinou que o empresário Pablo Marçal deverá indenizar o cantor Dexter no valor de R$ 20 mil por uso indevido de uma obra musical. A ação foi movida pelas empresas Atração Produções Ilimitadas, Atração Fonográfica Ltda. e pelo próprio artista.
Segundo os autos, Marçal utilizou trechos da música do rapper durante uma entrevista transmitida ao vivo e também em vídeos posteriormente divulgados nas redes sociais. Entre as passagens reproduzidas, estava a conhecida frase “acharam que eu estava derrotado, quem achou, estava errado”, além de menções diretas a Dexter, tudo sem a devida autorização.
A defesa do cantor argumentou que o uso da canção ocorreu sem consentimento e em um contexto político com o qual o artista não concorda, ressaltando que houve violação à sua integridade artística, além de danos à sua honra e reputação. Além da condenação de Marçal, a juíza responsável pelo caso incluiu o Facebook no processo. Ainda cabe recurso por parte do empresário.
Como a liberdade de expressão se relaciona com os direitos autorais?
Durante o julgamento, Pablo Marçal defendeu-se alegando que a citação da música ocorreu de forma espontânea e no contexto de uma discussão pública, sem intenção de exploração comercial. Ele invocou o direito à liberdade de expressão, um argumento comum em casos que envolvem o uso de obras protegidas por direitos autorais.
No entanto, a liberdade de expressão não é um direito absoluto e deve ser equilibrada com os direitos de propriedade intelectual. O uso de uma obra protegida sem autorização, mesmo que não tenha fins comerciais, pode ainda assim violar os direitos do autor, especialmente se a obra for usada de maneira que o autor não aprova ou que possa prejudicar sua imagem.
Liberdade de Expressão:
- É o direito de manifestar livremente pensamentos, ideias, opiniões e informações, sem censura prévia.
- É um pilar fundamental da democracia, essencial para o debate público, a crítica, a expressão artística e o avanço do conhecimento.
- No Brasil, é garantida pelo artigo 5º, inciso IV da Constituição Federal.
Direitos Autorais:
- São um conjunto de direitos exclusivos concedidos aos criadores de obras intelectuais (literárias, artísticas, científicas) sobre suas criações.
- Visam proteger a relação do autor com sua obra e garantir-lhe a prerrogativa de controlar a utilização econômica e não econômica da mesma.
- No Brasil, são regulamentados principalmente pela Lei nº 9.610/98.
A Tensão e a Interconexão:
A tensão surge quando o exercício da liberdade de expressão envolve a utilização de obras protegidas por direitos autorais. Por um lado, a liberdade de expressão incentiva a livre circulação de ideias, o que por vezes pode implicar o uso de obras existentes para fins de crítica, paródia, citação, ensino, entre outros. Por outro lado, os direitos autorais buscam proteger os criadores e suas obras contra usos não autorizados.
A interconexão se manifesta no fato de que os direitos autorais também podem ser vistos como um incentivo à liberdade de expressão, ao proteger os criadores e estimular a produção de novas obras.
Como o caso pode impactar?
Este caso serve como um alerta para influenciadores e criadores de conteúdo sobre a importância de respeitar os direitos autorais. Utilizar músicas, vídeos ou qualquer outro tipo de conteúdo protegido sem permissão pode resultar em ações legais e danos financeiros. É crucial que os criadores busquem as devidas autorizações ou utilizem obras que estejam sob licenças que permitam seu uso.
Além disso, plataformas como o Facebook, mencionadas na decisão, também podem ser responsabilizadas por permitir a distribuição de conteúdo não autorizado. Isso reforça a necessidade de uma vigilância constante por parte das plataformas para garantir que os direitos dos criadores sejam respeitados.
Em suma, o caso de Pablo Marçal e Dexter destaca a importância de compreender e respeitar os direitos autorais no mundo digital, onde o compartilhamento de conteúdo é constante e as implicações legais podem ser significativas.