O café é uma das bebidas mais consumidas no mundo, presente no cotidiano de milhões de pessoas. No entanto, sua reputação é ambígua: enquanto alguns o consideram um vilão para a saúde, outros destacam seus potenciais benefícios. Este artigo explora as evidências científicas sobre os efeitos do café, indo além da cafeína, seu componente mais famoso.
Recentemente, uma revisão de estudos publicada no periódico GeroScience trouxe novas perspectivas sobre o consumo de café. A pesquisa analisou 284 estudos e concluiu que o consumo moderado da bebida pode estar associado a uma redução no risco de doenças cardíacas, diabetes tipo 2 e problemas renais. Essa descoberta é animadora para os apreciadores de café, mas ressalta a necessidade de mais pesquisas para confirmar esses benefícios.
Quais são os componentes benéficos do café?
Embora a cafeína seja a substância mais conhecida do café, ela não é a única responsável por seus efeitos. A cafeína, parte da família das xantinas, possui propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, que podem proteger o endotélio, uma camada celular que reveste os vasos sanguíneos. Além disso, a bebida é rica em polifenóis, como o ácido clorogênico, que combate o estresse oxidativo.
Outros compostos presentes no café, como enterodiol e enterolactona, ajudam na regulação da glicose, o que pode explicar a menor incidência de diabetes tipo 2 entre consumidores regulares. Além disso, o café contém minerais essenciais como potássio, magnésio e niacina, que são aliados da saúde cardiovascular.
- Antioxidantes (Polifenóis): O café é rico em antioxidantes, como os ácidos clorogênicos e os flavonoides. Esses compostos ajudam a reduzir o estresse oxidativo e a inflamação no corpo, fatores que estão ligados ao desenvolvimento da resistência à insulina e do diabetes tipo 2. Eles podem melhorar a sensibilidade à insulina, permitindo que o corpo utilize o açúcar no sangue de forma mais eficaz.
- Ácidos Clorogênicos: Estes compostos específicos do café podem influenciar o metabolismo da glicose, ajudando a retardar a absorção de carboidratos no intestino e a reduzir a liberação de glicose pelo fígado. Estudos sugerem que os ácidos clorogênicos podem melhorar a sensibilidade à insulina.
- Magnésio e Cromo: Embora a bebida contenha pequenas quantidades desses minerais, o aumento da ingestão de magnésio tem sido associado a menores taxas de diabetes tipo 2. O cromo também pode desempenhar um papel no metabolismo da glicose.
- Cafestol e Ácido Cafeico: Pesquisas em células demonstraram que o cafestol pode aumentar a absorção de açúcar no sangue pelas células e, juntamente com o ácido cafeico, pode aumentar a secreção de insulina.

Qual é a quantidade ideal de café para consumo diário?
O segredo para aproveitar os benefícios do café está na moderação. Especialistas recomendam o consumo de três a quatro xícaras por dia para adultos saudáveis, o que equivale a até 400 mg de cafeína. Para comparação, uma xícara de 150 ml de café coado contém cerca de 100 mg de cafeína, enquanto o expresso, mais concentrado, pode ter até 150 mg em apenas 75 ml.
O consumo excessivo de café, especialmente à tarde, pode interferir no sono, pois a cafeína afeta neurotransmissores que aumentam o estado de alerta. Portanto, é importante consumir com bom senso para evitar efeitos indesejados.
Como o método de preparo da bebida influencia seus efeitos?
A forma de preparo do café também impacta seus efeitos na saúde. O café expresso, preparado sob alta pressão, concentra mais compostos bioativos. Já o café coado, popular no Brasil, filtra substâncias como o cafestol, que podem aumentar os níveis de colesterol.
Outro ponto importante é o uso de açúcar. O excesso de açúcar pode anular os benefícios da bebida. Para aqueles que preferem adoçar a bebida, é recomendado fazê-lo com moderação, especialmente para pessoas com diabetes, que devem ter cuidado redobrado.
Embora o café contenha cafeína, ele também oferece uma variedade de compostos benéficos. Quando consumido com moderação e preparado de forma adequada, o café pode ser mais um aliado do que um inimigo da saúde. A ciência continua a investigar seus efeitos, mas as evidências atuais sugerem que a bebida pode ser uma adição saudável à dieta de muitas pessoas.