O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, nesta quarta-feira (26/3), tornar réus o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete indivíduos em uma investigação sobre a suposta tentativa de golpe de Estado ocorrida durante e após as eleições de 2022. A decisão unânime foi tomada pelos ministros da Primeira Turma do STF, marcando o início de um processo penal que promete ser longo e complexo.
Entre os acusados, além de Bolsonaro, estão figuras proeminentes como Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Abin, e Almir Garnier, ex-comandante da Marinha do Brasil. A lista inclui também Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, e outros ex-ministros e militares de alta patente. Com a aceitação da denúncia, o processo avança para a fase de instrução, onde serão ouvidas testemunhas e apresentadas defesas.
Como o processo irá caminhar?

Com a instauração da ação penal, o processo segue para a fase de instrução, que envolve uma série de trâmites legais. Segundo informações da CNN, a advogada criminalista Ilana Martins Luz explica que cada réu poderá apresentar até 40 testemunhas, considerando que são cinco crimes em questão. As testemunhas devem ser indicadas na defesa escrita, que também pode abordar outras questões pertinentes ao caso.
Após a apresentação das defesas e a definição das testemunhas, o tribunal realizará audiências para ouvir as partes envolvidas. Em seguida, abre-se um prazo para que as defesas possam solicitar diligências adicionais, caso necessário. Esta fase é crucial para a construção dos argumentos de defesa e acusação.
Quais são as acusações enfrentadas por Bolsonaro?
A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou 34 pessoas, incluindo os oito réus agora formalmente acusados, por crimes como organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. Além disso, os réus enfrentam acusações de dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado, entre outros.
Esses crimes são considerados graves e, se condenados, os réus podem enfrentar penas severas. Especialistas indicam que Jair Bolsonaro, por exemplo, poderia receber uma pena de até 39 anos de prisão, dependendo do julgamento final e das acusações específicas pelas quais for condenado.
Como será o julgamento final?
Após a fase de instrução, o Ministério Público apresentará suas alegações finais, seguidas pelas defesas dos réus. Este é um momento crucial, onde cada lado expõe seus argumentos finais antes do julgamento. O STF, então, decidirá sobre a culpabilidade dos réus e, em caso de condenação, determinará as penas apropriadas.
O julgamento está sendo organizado de forma escalonada, conforme a estrutura de núcleos apresentada pelo procurador-geral Paulo Gonet. Este método visa garantir que cada caso seja analisado com a devida atenção e que todas as partes tenham a oportunidade de apresentar suas argumentações de forma completa e justa.
O desfecho deste processo será observado de perto, não apenas pelo impacto direto sobre os réus, mas também pelas implicações políticas e sociais que poderá ter no cenário brasileiro. A decisão final do STF poderá estabelecer precedentes importantes para casos futuros envolvendo crimes contra o Estado Democrático de Direito.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) March 26, 2025