O aumento da obesidade é uma preocupação crescente em todo o mundo, com previsões alarmantes para as próximas décadas. De acordo com um estudo recente publicado na revista The Lancet, estima-se que até 2050, 60% dos adultos e quase um terço das crianças e adolescentes estarão acima do peso ou obesos. Este fenômeno é descrito como uma “tragédia profunda” e um “grande fracasso social” pela autora principal do estudo, Emmanuela Gakidou, do Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde da Universidade de Washington.
Atualmente, mais de 2 bilhões de adultos e cerca de 493 milhões de crianças e adolescentes já enfrentam problemas de sobrepeso ou obesidade. O estudo prevê que, sem intervenções políticas eficazes, esses números podem aumentar significativamente, com 3,8 bilhões de adultos e 746 milhões de jovens afetados até 2050. Este crescimento rápido da obesidade infantil e adolescente é particularmente preocupante, exigindo ações urgentes para mitigar seus impactos.
Quais são os países mais afetados pela obesidade?

O estudo analisou dados de 204 países e territórios, revelando que a obesidade é um problema global. Atualmente, oito países concentram mais da metade dos adultos com sobrepeso ou obesidade: China, Índia, Estados Unidos, Brasil, Rússia, México, Indonésia e Egito. Espera-se que China, Índia e EUA continuem liderando essa lista até 2050. No entanto, o crescimento mais acentuado deverá ocorrer na África Subsaariana, onde os casos de obesidade podem aumentar mais de 250%, atingindo 522 milhões de adultos.
Esses dados destacam a necessidade de políticas públicas específicas para cada região, considerando as particularidades culturais e econômicas de cada país. A falta de estratégias adequadas pode levar a um aumento contínuo da obesidade, com consequências devastadoras para a saúde pública e a economia global.
Como a obesidade impacta os sistemas de saúde?
O avanço da obesidade representa um desafio significativo para os sistemas de saúde em todo o mundo. Com quase um quarto dos adultos obesos em 2050 tendo 65 anos ou mais, a pressão sobre os serviços de saúde será intensa, especialmente em países de baixa renda. A obesidade está associada a uma série de doenças crônicas, como diabetes tipo 2, hipertensão e doenças cardiovasculares, que exigem tratamento contínuo e caro.
Além disso, as novas gerações estão ganhando peso mais rapidamente e em idades mais jovens, aumentando o risco de doenças graves ainda na juventude. Este cenário impõe uma carga dupla aos sistemas de saúde, que já enfrentam dificuldades para lidar com as doenças relacionadas à obesidade.
1. Aumento da incidência de doenças crônicas:
- A obesidade é um fator de risco para diversas doenças crônicas, como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, hipertensão, alguns tipos de câncer e osteoartrite.
- O tratamento dessas doenças demanda recursos significativos, incluindo medicamentos, consultas médicas, exames e internações hospitalares.
2. Aumento dos custos com saúde:
- Pessoas com obesidade tendem a utilizar mais os serviços de saúde, resultando em maiores gastos para o sistema.
- Os custos incluem desde o tratamento das doenças associadas à obesidade até os gastos com procedimentos cirúrgicos, como a cirurgia bariátrica.
3. Sobrecarga dos serviços de saúde:
- O aumento da prevalência da obesidade leva a uma maior demanda por serviços de saúde, sobrecarregando hospitais, clínicas e profissionais de saúde.
- A obesidade pode dificultar a realização de exames e procedimentos médicos, exigindo equipamentos e instalações adaptadas.
4. Impacto na qualidade de vida:
- A obesidade pode levar a uma diminuição da qualidade de vida, com limitações físicas, dificuldades de mobilidade e problemas emocionais.
- Isso pode resultar em um maior absenteísmo no trabalho e em um aumento da dependência de cuidados de saúde.
5. Custos indiretos:
- Além dos custos diretos com o tratamento da obesidade e suas comorbidades, há os custos indiretos relacionados à perda de produtividade, aposentadoria precoce e mortalidade prematura.
Quais são as ações necessárias para combater a obesidade em adultos?
Os autores do estudo enfatizam a necessidade de ações urgentes para combater a obesidade. Sem políticas públicas eficazes, os impactos podem ser irreversíveis. Entre as recomendações estão a promoção de uma alimentação saudável, a regulamentação da indústria alimentícia, programas de educação nutricional e o incentivo à prática de atividades físicas.
Especialistas alertam que, sem mudanças estruturais, o mundo pode enfrentar uma crise de saúde pública sem precedentes nas próximas décadas. Governos e a comunidade de saúde pública devem usar as estimativas específicas por país para identificar populações prioritárias que necessitam de intervenção imediata. Somente com uma abordagem coordenada e abrangente será possível reverter a tendência crescente da obesidade e proteger a saúde das futuras gerações.
Mudanças no estilo de vida:
- Alimentação saudável:
- Priorizar alimentos in natura e minimamente processados, como frutas, verduras, legumes, grãos integrais e proteínas magras.
- Reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados, ricos em açúcares, gorduras saturadas e sódio.
- Controlar o tamanho das porções e fazer refeições regulares.
- Buscar orientação de um nutricionista para um plano alimentar individualizado.
- Atividade física regular:
- Praticar pelo menos 150 minutos de atividade física moderada ou 75 minutos de atividade física intensa por semana.
- Incluir exercícios aeróbicos, como caminhada, corrida, natação ou ciclismo, e exercícios de força, como musculação.
- Encontrar atividades físicas prazerosas e adequadas às suas condições físicas.
- Mudanças comportamentais:
- Identificar e modificar hábitos alimentares e de estilo de vida que contribuem para o ganho de peso.
- Desenvolver estratégias para lidar com o estresse, a ansiedade e outras emoções que podem levar à compulsão alimentar.
- Buscar apoio psicológico, se necessário.
- Sono adequado:
- Ter um sono de 7 a 9 horas por noite.