Ex-ministro do STF lamenta atos de vandalismo e questiona: ‘Quem claudicou na arte de proceder, sabendo-se que o exemplo vem de cima?’
oto: Fellipe Sampaio/SCO/STF
O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello afirmou a Revista Oeste suas impressões depois das manifestações que terminaram em atos de vandalismo na capital federal no último domingo, 8. Para o ex-ministro, os atos de vandalismo não podem ser respondidos pelas autoridades sem serenidade: “No domingo ocorreu o inimaginável, com depredação de prédios públicos. É hora de temperança, de compreensão, de ouvir e refletir. O entendimento é a melhor forma de afastar conflitos de interesse”.
Marco Aurélio Mello enfatiza que os episódios são uma espécie de contingência de vários fatores e atores, e que o foco hoje deveria estar na restauração dos direitos no Brasil: “Aqueles que claudicaram devem sopesar os acontecimentos. Os agentes públicos, dos Três Poderes da República — Legislativo, Executivo e Judiciário — devem examinar atos praticados, fazendo-o sem arrogância, voltando os olhos ao bem comum. Que prevaleça a ordem jurídica. Paga-se um preço por viver em um Estado de Direito, e é módico, o respeito às regras legais e constitucionais”.
O ex-ministro ainda destacou que o extremismo que assustou a todos não surgiu do nada, e sim como uma reação violenta à desordem institucional: “Já diziam os antigos que nada surge sem uma causa. Chegou-se, em termos de reação, ao extremo, e isso não é bom para a República. Quem claudicou na arte de proceder, sabendo-se que o exemplo vem de cima? Eis a indagação a ser feita.”
Ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (2001-2003) e três vezes presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Marco Aurélio Mello foi ministro do STF de 1990 a 2021.
Marco Aurélio criticou o ‘inquérito do fim do mundo’
O ex-presidente do STF Marco Aurélio Mello recentemente classificou o Inquérito 4.871 (das fake news) de “inquérito do fim do mundo”. O inquérito aberto de ofício é criticado como inconstitucional e contrário à democracia, sem que sua suposta legalidade tenha sido até hoje provada.
Marco Aurélio Mello também considerou “agressivo” o discurso de Alexandre de Moraes, ao tomar posse como presidente do TSE, além de afirmar que temia “tempestade” em sua atuação na Corte eleitoral.
Em entrevista de abril do ano passado, ele comentou a postura de Moraes: “Ele [Moraes] está se aproximando de colocar a estrela no peito e o revólver na cintura. Ou seja, a atuação como xerife”.
Revista Oeste