RICARDO STUCKERT.
A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), uma das instituições de ensino superior mais renomadas do Brasil, enfrenta uma grave crise financeira que compromete suas operações diárias. Recentemente, cortes nos serviços de energia elétrica e abastecimento de água causaram a suspensão das aulas em várias unidades e setores da universidade, trazendo à tona uma situação crítica que afeta alunos, professores e toda a comunidade acadêmica.
A dívida acumulada com a empresa fornecedora de energia Light é de aproximadamente R$ 43 milhões, o que resultou em interrupções no fornecimento de eletricidade em locais como a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e a Escola de Belas Artes. Sem energia, muitas aulas foram canceladas, prejudicando o cronograma letivo e causando incerteza entre os estudantes que já sofrem com a falta de estrutura adequada para seus estudos.
Destaque das universidades federais
O Brasil tem o maior número de instituições de ensino superior entre as melhores da América Latina e do Caribe , dentre um total de 23 países avaliados . Isso foi o que apontou o QS Latin America & The Caribbean Ranking 2025 , publicado na última quinta-feira, 3 de outubro. Das 437 instituições classificadas, 96 são brasileiras (22%). Destas, 50% são federais — vinculadas ao Ministério da Educação (MEC).
O Brasil também lidera o topo da lista, com quatro das dez primeiras instituições indicadas: Universidade de São Paulo (USP) em primeiro lugar; Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) em terceiro; Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em quinto; e Universidade Estadual Paulista (Unesp) em oitavo.
Confira o Top 10 melhores universidades da América Latina em 2024:
- Universidade de São Paulo (USP);
- Universidade de Campinas (Unicamp);
- Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ);
- Pontifícia Universidade Católica do Chile;
- Universidade Estadual Paulista (Unesp);
- Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ);
- Tecnológico de Monterrey, no México;
- Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS);
- Universidade do Chile;
- Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Como o orçamento afetou a UFRJ?
Nos últimos anos, a UFRJ enfrentou sucessivos cortes no orçamento que dificultaram a gestão da instituição. Em 2012, a universidade recebeu cerca de R$ 784 milhões ajustados pela inflação, mas esse valor foi reduzido progressivamente ao longo dos anos. Em 2023, a situação piorou ainda mais, e em 2024, mesmo com um pequeno reajuste, o montante ficou em R$ 392 milhões. A soma das dívidas da UFRJ, incluindo concessionárias e prestadores de serviços, chega a R$ 192 milhões.
O reitor da universidade, Roberto Medronho, destaca que esses cortes severos no orçamento impactam diretamente a capacidade da instituição de manter suas atividades básicas em funcionamento. Ele fez um apelo à sociedade para que reconheça a importância da UFRJ como um patrimônio educacional e científico do Brasil, enfatizando a necessidade urgente de recursos adicionais não apenas para terminar o ano com as contas equilibradas, mas também para restaurar o nível de investimento de 2012.
Quais são as áreas mais afetadas?
Além dos problemas elétricos, a UFRJ também enfrenta cortes no abastecimento de água, afetando áreas essenciais como a reitoria, o restaurante universitário e o alojamento estudantil. Aproximadamente 500 alunos que residem no campus estão diretamente impactados pela falta de água, essencial para suas atividades diárias. Essa situação crítica gerou insatisfação e preocupação, como expressa pelo aluno de Engenharia Química, Luiz Fernandes, que questionou como seria possível continuar sem esse serviço básico.
Os problemas de infraestrutura na UFRJ não são apenas uma questão de logística; eles também afetam o prestígio da instituição. Mesmo sendo classificada recentemente como a terceira melhor universidade da América Latina, a universidade se vê numa posição delicada, desferindo um golpe em sua reputação e capacidade de atrair talentos acadêmicos.
Soluções e esperanças para o futuro da UFRJ
A crise na UFRJ não passou despercebida aos olhos da justiça. Recentemente, uma decisão judicial determinou que a empresa Light restabeleça o fornecimento de energia à universidade, sob a condição de um pagamento de R$ 5 milhões nos próximos sessenta dias. O Ministério da Educação, por sua vez, informou ter repassado R$ 430 milhões à UFRJ em um esforço para minimizar os impactos dos cortes orçamentários.
Embora a situação atual seja desafiadora, há uma esperança de que medidas corretivas possam ser implementadas para reverter a crise financeira e restabelecer a normalidade na UFRJ. O apoio da sociedade e do governo é crucial para que a instituição possa retomar seu papel de protagonismo no cenário educacional brasileiro e latino-americano.