Político angolano ocupou a presidência do país por quase quatro décadas; ele estava internado desde 23 de junho após sofrer um AVC
José Eduardo dos Santos, ex-presidente de Angola por quase quatro décadas, morreu aos 79 anos, após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) há duas semanas. A informação foi divulgada nesta sexta-feira, 8, pelo governo angolano em rede social.
Santos morreu em Barcelona, onde realizava um tratamento de saúde desde 2006. Depois do AVC, ele foi internado numa unidade de cuidados intensivos, por seu estado de saúde ter debilitado mais, por causa de uma depressão e perda acentuada de peso, estando com pouco mais de 50 quilos.
“O governo angolano informa com grande dor e consternação o falecimento de Santos”, afirma um comunicado divulgado no Facebook.
Um dos presidentes mais longevos do continente africano e conhecido dentro de seu partido (MPLA) como “o arquiteto da paz”, Santos assumiu o governo da Angola em 1979 e deixou o cargo em 2017. Foi regularmente acusado por organizações internacionais de corrupção e nepotismo. Ainda assim, muitos que viveram as décadas de luta, que deixaram meio milhão de mortos no país africano, creditam a ele a estabilidade de um país que só conhecia a guerra desde que se tornou independente de Portugal em 1975.
O governo de Zédu, como é conhecido, foi marcado por uma brutal guerra civil que durou quase três décadas contra os rebeldes do movimento guerrilheiro da Unita (União Nacional pela Independência Total de Angola) e um subsequente boom do país movido a petróleo — a Angola é o segundo maior produtor de petróleo da Árica.
Santos foi por muito tempo acusado de querer promover um de seus filhos para perpetuar o controle da família sobre o país. No entanto, confirmando informações que vinham sendo divulgadas desde dezembro, o presidente anunciou outro nome para substituí-lo.
O atual presidente do País, João Lourenço, sucedeu-lhe no cargo, tendo sido eleito também pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que governa no país desde a independência de Portugal, em 1975. Lourenço começou a investigar alegações de bilhões em corrupção durante os anos de seu antecessor. Apesar de denúncias de corrupção, muitos viram como perseguições políticas do seu sucessor.
Em 2019, quase dois anos depois de deixar a presidência, ele se mudou de Luanda. Em Setembro de 2021, regressou a Angola.
Desde que deixou a presidência, preferiu o silêncio. Mesmo quando os seus filhos tinham problemas com a justiça – um chegou a ser preso-, eram afastados dos negócios ou dos círculos do poder, assim como alguns dos seus principais aliados.
Santos tirou Angola da guerra civil (1975-2002), mas deixa o país, um dos maiores produtores de petróleo africano, junto com a Nigéria, mergulhado na pobreza extrema e em uma grave crise econômica causada pela queda do preço da commodity à época.