Lançado na Alemanha em 1984, o Chevrolet Kadett chegou ao Brasil cinco anos depois, marcando uma nova era no segmento de hatches médios. Com a abertura do mercado aos importados, o Astra sucumbiria ao Kadett após um breve período de convivência. No entanto, o impacto duradouro do Astra no mercado brasileiro é digno de registro.
Fez muito sucesso e, por um breve período, passou a dividir espaço com seu sucessor europeu: o Astra. Após cinco anos, o Kadett já não era capaz de enfrentar hatches médios como VW Pointer e Fiat Tipo, beneficiados pela praticidade das quatro portas. A chegada do Astra belga elevou o padrão neste segmento, oferecendo inovações que o destacaram no mercado. Conheça também a lista com os 10 carros mais econômicos para 2025.
O processo de importação e adaptação
A política cambial favorável às importações fez com que a GM trouxesse o Astra da Bélgica, que em dezembro de 1994 substituiu as versões mais caras do Kadett. Para isso, foi necessário desenvolver uma logística própria, pois as motorizações europeias não eram adequadas ao Brasil. Assim, o velho motor Família II de 2 litros, 8 válvulas e 116 cv (que já equipava os Vectra GLS e CD) era produzido aqui e enviado para a fábrica da Opel na Antuérpia.
Por que o Astra se destacou no mercado?
Com 4,05 metros, o Astra era uma evolução frente ao Kadett. Mesmo com o entre-eixos de 2,51 m (1 cm a menos que o antecessor), oferecia maior espaço no banco traseiro e 60 litros a mais no porta-malas. A preocupação com a aerodinâmica era comum aos dois modelos, mas o Astra se destacava com seu Cx de apenas 0,32.
Qual era o diferencial do Astra?
Oferecido na versão única GLS, o Astra trazia direção hidráulica, barras de proteção nas portas e cintos com pré-tensionadores. Também tinha travas, espelhos e vidros dianteiros elétricos – as manivelas dos vidros traseiros destoavam do conjunto. Entre os opcionais estavam rádio/toca-fitas, ar-condicionado e airbags dianteiros. O acabamento interno era típico dos Opel, com bancos revestidos em tecido e plásticos de boa qualidade.
Desempenho e consumo
No quesito mecânico, o Astra era idêntico ao Vectra. Equipado com as suspensões McPherson à frente e eixo de torção atrás, proporcionava um excelente equilíbrio entre conforto e estabilidade. Além disso, o escalonamento da transmissão e os cuidados com a aerodinâmica resultaram em um desempenho superior. O Astra “brasileiro” acelerava de 0 a 100 km/h em 10,94 segundos, sendo mais rápido que os concorrentes da época como o Pointer GTI e o Tipo 2.0 SLX. O consumo médio também era um destaque, com uma média de 11,55 km/l.
Impressões do mercado brasileiro
Apesar de suas virtudes, o Astra belga teve vida curta: em fevereiro de 1995, o governo elevou o imposto de importação de 20% para 70%. Economicamente inviável, sua importação foi encerrada em 1996, após cerca de 36.000 unidades vendidas. Isso prolongou a carreira do Kadett até 1998. No entanto, a segunda geração do Astra, apresentada em 1998 e produzida em São Caetano do Sul, consolidou sua posição no mercado brasileiro por longos 13 anos.
- Motor: transversal, 4 cilindros em linha, 1.998 cm³, comando simples no cabeçote, 116 cv a 5.200 rpm, 17,3 mkgf a 2.800 rpm
- Câmbio: manual de 5 marchas, tração dianteira
- Dimensões: comprimento, 402 cm; largura, 160 cm; altura, 142 cm; entre-eixos, 251 cm; peso, 1.106 kg
- Rodas e pneus: 175/65 R14
O exemplar das fotos pertence ao colecionador paulistano Rafael Santos. Encontra-se em excepcional estado de conservação e ainda está equipado com raras rodas de liga leve: “Muitos contestam a originalidade, mas encontrei um material publicitário da GM onde as rodas constam como acessório de concessionária”. A ausência forçada do Astra prolongou a carreira do Kadett até 1998, mas o Astra já havia conquistado os brasileiros. Apresentada em 1998, sua segunda geração acabou sendo produzida em São Caetano do Sul (SP), disputando o mercado dos hatches médios por longos 13 anos.