A BMW anunciou que lançará em 2028 seu primeiro modelo de produção em série movido a hidrogênio, em uma parceria com a Toyota. As duas fabricantes querem intensificar o acordo tecnológico que têm desde 2012 para desenvolver veículos elétricos movidos a célula de combustível (FCEV). As companhias têm trabalhado em tecnologias alternativas de eletrificação e agora pretendem expandir a presença dos FCEVs, uma solução que se soma aos carros elétricos a bateria (BEV) e híbridos plug-in (PHEV) já presentes no mercado.
Enquanto a Toyota já vende o Mirai há nove anos e está na segunda geração do modelo, a BMW, por enquanto, vem produzindo apenas séries experimentais de modelos como o iX5 Hydrogen Fuel Cell. A ideia é que, a partir de 2028, a marca de Munique ofereça versões a hidrogênio de seus carros elétricos convencionais. O modelo de estreia nas concessionárias ainda não foi revelado.
Primeiro carro a hidrogênio de produção em série
Oliver Zipse, CEO da BMW AG, destaca que este é um passo importante para a marca. “Será o primeiro veículo de célula de combustível de produção em série a ser oferecido por um fabricante premium global”, afirma Zipse.
Qual é o foco da cooperação entre BMW e Toyota?
O foco da cooperação BMW e Toyota está no desenvolvimento conjunto de células de combustível de terceira geração destinadas a carros de passeio e veículos comerciais. O plano é reduzir os custos de produção e aumentar a competitividade das tecnologias de hidrogênio no mercado.
A expectativa é que os modelos da BMW e da Toyota mantenham suas características de marca, mas passem a oferecer mais opções de modelos movidos a hidrogênio. Koji Sato, presidente da Toyota Motor Corporation, comenta: “Compartilhamos da mesma crença em uma abordagem ‘multicaminho’ para a neutralidade de carbono.”
Desafios na infraestrutura e viabilidade
Além de desenvolver os veículos, as companhias promoverão meios de abastecer os carros a hidrogênio. BMW e Toyota reconhecem que a viabilização do uso desses veículos depende não apenas da produção de automóveis, mas também de uma rede eficiente de distribuição de hidrogênio. O desenvolvimento de uma infraestrutura ampla é hoje o maior desafio para a implementação em larga escala de FCEVs, tanto em veículos de passeio quanto em caminhões e ônibus.
As fabricantes têm defendido, junto a governos e investidores, políticas que favoreçam a penetração inicial da tecnologia no mercado, bem como a criação de um ambiente regulatório que estimule o crescimento da rede de abastecimento. Michael Rath, vice-presidente para veículos a hidrogênio da BMW, aposta que “acreditamos que o crescimento será inevitável para atender aos veículos pesados. Os carros de passeio se beneficiarão disso”.
Prós e contras dos carros a hidrogênio
Pouca autonomia e muito tempo de recarga são os inconvenientes dos carros elétricos convencionais. O uso de células de combustível, teoricamente, seria a solução perfeita: encha os tanques de hidrogênio em menos de cinco minutos e rode mais de 600 quilômetros silenciosamente e sem poluir. O único resíduo lançado pelo carro ou caminhão FCEV no meio ambiente é vapor de água puríssima.
- Vantagens:
- Reabastecimento rápido
- Longa autonomia
- Redução de poluição
- Desvantagens:
- Alto custo de infraestrutura
- Pouca disponibilidade de estações de abastecimento
Desafios na infraestrutura de hidrogênio
Atualmente, existem pouco mais de mil postos de abastecimento de hidrogênio para veículos em todo o mundo, conhecidos como HRS (Hydrogen Refueling Stations). A Coreia do Sul lidera em proporção ao seu território, seguida pelo Japão e pela Alemanha. A infraestrutura ainda é muito limitada.
O custo de instalação de uma estação de abastecimento de hidrogênio é elevado. Quem quiser operar uma estação dessas gastará de US$ 3 milhões para cima, um investimento que dificilmente se pagará enquanto houver poucos veículos a célula de combustível nas ruas. Como se vê, a situação atual é um paradoxo de Tostines: não há carros a hidrogênio por falta de rede de reabastecimento ou não há rede de reabastecimento por falta de carros a hidrogênio?
A produção dos primeiros BMW de série movidos a pilha de combustível será mais um passo na busca por soluções viáveis para descarbonizar o mundo.