Foto: Reprodução//Facebook/ashley.reilly.7731.
A jovem Ashley Reilly, de 21 anos, descobriu há 5 anos que não tinha útero devido a uma rara condição do desenvolvimento fetal chamada síndrome de Rokitansky. A doença afeta o desenvolvimento do sistema reprodutor feminino ainda na fase fetal e não havia possibilidade de revertê-la naturalmente. O caso de Ashley, porém, pode representar uma luz no fim do túnel para mulheres com essa condição.
A australiana começou a desenvolver os órgãos naturalmente após iniciar uma terapia de reposição hormonal com hormônios femininos. Um ultrassom realizado neste mês mostrou que Ashley desenvolveu metade de um útero e o colo do útero após o uso da terapia.
Qual é a síndrome de Rokitansky?
A síndrome de Rokitansky é conhecida também como MRKH (sigla dos sobrenomes dos médicos que a descobriram). Esta condição afeta uma menina a cada cinco mil crianças nascidas vivas. É caracterizada por uma disfunção, ainda no estágio fetal, dos dutos responsáveis pela formação do útero, das trompas e do terço superior da vagina.
Terapia hormonal
A dosagem de reposição hormonal usada por Ashley, que também não tem ovários, é similar à usada por mulheres no início da menopausa, quando há muita flutuação na produção de hormônios. Ela começou a terapia aos 16 anos, quando descobriu ter Rokitansky.
“Por ter nascido sem boa parte do sistema reprodutor, nunca menstruei e tive uma puberdade atrasada pela minha falta de hormônios”, disse Ashley em um vídeo no TikTok. “Agora estes órgãos começaram a aparecer e foi um choque. Adoraria que meu útero terminasse de se desenvolver para que eu tenha minha primeira menstruação e, quem sabe, até filhos”.
Opções de tratamento para a síndrome de Rokitansky
O único tratamento conhecido até agora que permite que mulheres com esta síndrome gestem é o transplante de útero, uma técnica ainda em estudo. Atualmente, cerca de 50 bebês nasceram em procedimentos experimentais do transplante em todo o mundo.
O ginecologista e obstetra Luiz Fernando Pina, da Baby Center Medicina Reprodutiva, em São Paulo, explicou em entrevista anterior que os dutos que são responsáveis pela formação do útero, das trompas e do terço superior da vagina não se desenvolvem corretamente ainda no feto. Portanto, nenhuma técnica natural ou medicamentosa conhecida até o momento poderia ajudar.
Apoio da comunidade
Ashley enfatizou a importância do apoio às mulheres com essa síndrome e a necessidade de tratamentos adequados: “As vozes de mulheres com esta condição precisam ser ouvidas. Raramente encontramos suporte nos nossos atendimentos médicos, e muitas mulheres com MRKH não estão recebendo o tratamento adequado, seja por meio de cirurgias ou acompanhamento para viver suas vidas plenamente”, concluiu ela em um texto compartilhado no Facebook pedindo doações para grupos de mulheres com a condição.
- A síndrome de Rokitansky afeta uma em cada cinco mil meninas nascidas vivas.
- A terapia de reposição hormonal pode levar ao desenvolvimento parcial dos órgãos reprodutores.
- O transplante de útero é uma técnica experimental, mas com resultados promissores.
- A comunidade precisa apoiar e ouvir as mulheres que vivem com essa condição para melhorar suas vidas.