Documentos em poder do Ministério Público de São Paulo, incluindo contratos, comprovantes de pagamento e prints de conversas no WhatsApp, indicam uma suposta participação de criminosos do PCC (Primeiro Comando da Capital) na contratação de jogadores da elite do futebol brasileiro e mundial. Esse material foi entregue pelo corretor de imóveis Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, como parte de um acordo de delação premiada. A Justiça de São Paulo homologou o acordo em abril deste ano.
A principal suspeita dos promotores é de que o dinheiro do tráfico de drogas está sendo lavado através da aquisição de atletas, feita por meio de empresas agenciadoras de jogadores de futebol. Gritzbach, em sua delação, afirmou que participou de um esquema de lavagem de dinheiro na compra de imóveis em São Paulo e mencionou outras pessoas supostamente ligadas ao PCC. Não há, contudo, indicativo de que os jogadores tenham conhecimento da origem do dinheiro.
Futebol e Lavagem de Dinheiro: Como o PCC Está Envolvido?
Entre os jogadores de futebol possivelmente ligados a essas agências comandadas por faccionados do PCC estão atletas com passagens por clubes como Corinthians e São Paulo. Um exemplo citado pelo corretor de imóveis é Éder Militão, ex-jogador do São Paulo e atualmente no Real Madrid.
A informação foi inicialmente publicada pelo UOL, no dia (19 de fevereiro de 2024), e confirmada pela Folha de S.Paulo, que obteve parte do processo. Após a divulgação da reportagem, a diretoria do Corinthians expressou surpresa com a possibilidade de atletas serem agenciados por integrantes do crime organizado.
Quem são os Empresários Envolvidos com o PCC?
Segundo Gritzbach, um dos empresários citados é Danilo Lima de Oliveira, conhecido como Tripa, que vem sendo investigado pela Polícia Civil desde o início de 2022. Tripa é apontado como empresário de diversos jogadores de futebol e tem participação nas empresas UJ Football e Lion Soccer. Em 2022, a UJ Football negou qualquer relação com Oliveira.
Além de Danilo, Gritzbach mencionou Rafael Maeda Pires, conhecido como Japa do PCC, que supostamente tinha participação nas empresas agenciadoras de jogadores, mesmo após sua morte. As mensagens trocadas no WhatsApp anexadas no processo reforçam essa ligação.
Quais as Implicações para os Clubes de Futebol?
O suposto envolvimento do PCC na contratação de jogadores de futebol levanta questões sobre a integridade das negociações e a segurança dos clubes. A diretoria do Corinthians afirmou estar à disposição das autoridades para contribuir com as investigações e ressaltou que os contratos sob suspeita foram celebrados antes da gestão atual.
- Corinthians: Surpreso com as revelações, se coloca à disposição para investigações.
- UJ Football: Negou novamente qualquer ligação com Danilo Lima.
- São Paulo: Optou por não comentar o assunto.
Essa situação expõe a complexidade dos bastidores do futebol e a necessidade de uma regulamentação mais rigorosa nas transações envolvendo jogadores para evitar que o esporte mais popular do país seja usado como ferramenta para atividades ilícitas.
O Que Esperar em Termos de Desdobramentos?
Com as investigações em andamento, a expectativa é que novas revelações possam surgir e trazer mais clareza sobre a extensão do envolvimento do PCC no futebol. A delação de Gritzbach é um ponto de partida crucial, mas ainda há muito a ser esclarecido.
O desdobramento dessas revelações pode impactar significativamente os clubes e jogadores mencionados, bem como gerar mudanças nas políticas de contratação e agenciamento dentro do futebol brasileiro.
A delação de Gritzbach trouxe à tona um lado obscuro das negociações futebolísticas e a possível infiltração do crime organizado no esporte. Este é um momento crucial para reflexões profundas e ações concretas para garantir a transparência e a legalidade nas transações esportivas.