Foto: Reprodução/SBT.
Quem viveu as eleições de 1989 certamente lembra do jingle “É o 26, é o 26! Com Silvio Santos chegou a nossa vez”. Faltando apenas 15 dias para as primeiras eleições diretas após a redemocratização do Brasil, Silvio Santos, um dos maiores apresentadores de TV do país, anunciou sua candidatura à Presidência da República. Este movimento surpreendente mexeu com o cenário político de uma forma irreversível.
Inicialmente cotado para disputar pelo PFL (atual DEM), Silvio enfrentou resistência dentro do partido. Sem desistir, ele buscou apoio no PMB, cujo presidente, Armando Corrêa, cedeu a candidatura a Silvio. Com as cédulas eleitorais já impressas, restou ao apresentador instruir seus eleitores sobre como votar nele naquela eleição atípica. A campanha durou apenas 23 dias, mas foi suficientemente intensa para causar uma grande agitação.
Por que Silvio Santos Decidiu Concorrer à Presidência
Silvio Santos sempre teve uma ligação estreita com figuras políticas. Durante o regime militar, ele conquistou sua primeira concessão de TV, assinada por João Baptista Figueiredo. A decisão de concorrer em 1989 foi vista como uma extensão natural de sua já longa relação com a política brasileira. No entanto, havia desconforto tanto dentro do PMB quanto da opinião pública.
Para muitos, a candidatura não passou de uma jogada de marketing. Silvio, no entanto, defendia que poderia fazer a diferença e ajudar o Brasil a se desenvolver. Em entrevistas, ele repetia que sua missão era lutar pelos interesses do povo.
Como Funcionava a Campanha de Silvio Santos
Com cédulas já impressas com o nome de Armando Corrêa, Silvio Santos precisou ensinar aos eleitores como votar nele. Ao lado de uma cédula gigante, ele gravou instruções claras: “No dia das eleições, não haverá Silvio Santos na cédula. Vocês deverão colocar o X e marcar 26. Por favor, não escrevam na cédula porque anularão o voto”.
O jingle “É o 26, é o 26! Com Silvio Santos chegou a nossa vez” ficou emblemático. A campanha durou escassos 23 dias e incluiu disputas jurídicas, discursos emocionantes e, claro, muita visibilidade na televisão.
Impacto e Consequências da Candidatura de Silvio Santos
A campanha relâmpago de Silvio Santos não foi apenas uma curiosidade eleitoral. Nas pesquisas, ele rapidamente tirou votos de candidatos fortes como Fernando Collor, Luiz Inácio Lula da Silva e Leonel Brizola. Um levantamento da Gallup, de novembro de 1988, mostrava Silvio à frente de seus concorrentes. Contudo, a campanha terminou prematuramente após 18 pedidos de impugnação. O TSE constatou que o PMB não cumpriu a Lei Eleitoral.
Neste cenário, Silvio Santos preferiu voltar aos seus programas de auditório e manter boas relações com os governantes de plantão. A experiência revelou não apenas seu carisma e influência, mas também os limites e desafios inerentes a qualquer tentativa de concorrer ao cargo mais alto do país.
Quem é Silvio Santos Além da Televisão?
Silvio Santos não é apenas um apresentador. Ele é um empresário e um comunicador que compreendeu a fundo a mídia. Durante o regime militar, conseguiu sua primeira concessão de TV e criou o quadro “A Semana do Presidente”, sempre alinhado com os governos de plantão. Apesar das críticas, Silvio defendia que elogiar os feitos governamentais era mais produtivo do que criticá-los incessantemente.
Silvio se descrevia como um “office boy de luxo do governo”, mostrando respeito a qualquer regime que estivesse no poder. Em 1988, ao falar à Folha de São Paulo, ele afirmou que fazia tudo para ajudar o país.
Curiosidades sobre a Vida de Silvio Santos
- Criado no subúrbio do Rio de Janeiro, Silvio começou sua vida como camelô.
- Conseguiu a concessão da TVS (hoje SBT) em 1981.
- Foi um dos maiores incentivadores de concursos musicais e de calouros na TV brasileira.
- Em 1989, surpreendeu o Brasil com sua candidatura presidencial.
- Manteve uma relação de respeito e colaboração com governantes de diferentes regimes.
A candidatura de Silvio Santos à Presidência da República em 1989 foi um dos episódios mais curiosos e marcantes da história eleitoral brasileira. Sua trajetória de camelô a magnata da TV revela um homem multifacetado, sempre pronto para surpreender e inovar.