Foto: Reprodução/Paulo Whitaker/Reuters.
A Petrobras apresentou o pior resultado líquido no segundo trimestre de 2025 entre as 10 maiores companhias abertas do setor de petróleo e gás no mundo. De abril a junho, a estatal brasileira registrou um prejuízo de R$ 2,6 bilhões, aproximadamente US$ 344 milhões, de acordo com o fechamento do câmbio no trimestre encerrado.
No grupo das maiores petroleiras globais, com exceção das chinesas que não são abertas, a Petrobras e a BP (British Petroleum) foram as únicas que não apresentaram lucro, mas sim prejuízo. A petroleira britânica teve um resultado negativo menor que a brasileira, com perdas de US$ 129 milhões.
Desempenho da Petrobras no 2º trimestre
Além dos fatores globais, o resultado da Petrobras tem componentes internos significativos. O prejuízo de US$ 344 milhões foi o seu pior desempenho trimestral em quase quatro anos. A última vez que a estatal havia fechado no vermelho foi no terceiro trimestre de 2020.
Por outro lado, a receita da companhia teve um avanço de 7,4% em relação ao mesmo período de 2023, atingindo R$ 122 bilhões (US$ 23,4 bilhões). Este aumento ocorreu mesmo com a queda nas vendas de combustíveis no período.
Fatores que impactaram o resultado da Petrobras
A Petrobras enfrentou diversas despesas que contribuíram para o resultado negativo. As despesas operacionais aumentaram 69,9% em um ano, encerrando o ciclo em R$ 26,5 bilhões.
Outro fator relevante foi um acordo feito em junho para encerrar processos administrativos e judiciais no Carf (Conselho de Administração de Recursos Fiscais), que incluiu o pagamento de R$ 19,8 bilhões. Para cumprir o acordo, a Petrobras desembolsou uma entrada de R$ 3,57 bilhões ainda em junho e deve repassar à União mais seis parcelas mensais e sucessivas de R$ 1,38 bilhão de julho a dezembro.
Como a variação cambial afetou a Petrobras?
No balanço da companhia, Fernando Melgarejo, diretor Financeiro e de Relacionamento com Investidores da Petrobras, citou dois eventos que impactaram o resultado contábil, mas sem impacto relevante no caixa da empresa:
- Variação cambial do período – o dólar avançou de R$ 5,00 para R$ 5,56 ao longo do trimestre;
- Impactos da adesão à transação tributária.
Sem estes eventos, Melgarejo afirma que a companhia teria fechado o trimestre com lucro líquido de US$ 5,4 bilhões, ou seja, R$ 30 bilhões.
Comentários da presidência da Petrobras sobre os resultados
A presidente da companhia, Magda Chambriard, afirmou que a empresa teve um aumento na geração de caixa e manteve o nível de endividamento controlado. Ela justificou que os eventos que causaram o resultado negativo não afetaram o caixa ou o patrimônio da estatal.
“Eventos não recorrentes, como o acordo tributário com o Ministério da Fazenda, que trouxe vantagens expressivas para a empresa e para a União, e a marcante volatilidade cambial no período, sem efeito no caixa nem no patrimônio da companhia, impactaram a contabilidade interna da empresa, afetando também o resultado do trimestre”, disse.
Comparação com outras gigantes petroleiras globais
Na outra ponta do espectro, a Saudi Aramco, maior companhia global do setor, obteve uma receita de US$ 116 bilhões e um lucro líquido de US$ 29 bilhões. Em segundo lugar está a americana ExxonMobil, com resultado líquido positivo de US$ 9,2 bilhões, seguida pela britânica Shell, com lucro de US$ 6,3 bilhões.
Todas as demais companhias, com exceção da Aramco e da ExxonMobil, tiveram uma redução nos lucros no trimestre em comparação com o primeiro trimestre de 2024, geralmente justificando a queda pela desvalorização do petróleo e a queda nas vendas de derivados.
Empresas como a francesa TotalEnergies e a norueguesa Equinor também viram seus lucros recuarem, ilustrando um cenário difícil para o setor globalmente. Com tantos desafios, resta aguardar os próximos passos da Petrobras para tentar reverter essa situação e voltar aos lucros no futuro próximo.