A comunidade científica e os consumidores foram recentemente surpreendidos por uma pesquisa da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), que aponta um possível teor alcoólico em alguns pães de forma comercializados no país. Segundo o estudo, alguns produtos excedem o limite de 0,5% de álcool em sua composição, o que levantou um debate sobre a segurança e rotulagem dos alimentos.
A Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi) prontamente contestou os resultados nessa segunda-feira (15), alegando falhas metodológicas na análise. Em uma nota divulgada, questionaram a comparação feita pela Proteste, que utilizou critérios aplicáveis a bebidas alcoólicas, mas não necessariamente apropriados para alimentos.
O que diz a ciência sobre o teor alcoólico nos alimentos?
De acordo com especialistas, é natural que processos de fermentação em alimentos produzam certa quantidade de álcool. No entanto, o nível encontrado em geral é tão baixo que não é capaz de causar efeitos no organismo semelhantes aos de bebidas alcoólicas. A controvérsia surge, principalmente, do método usado para medir esse teor nos pães de forma analisados.
Os métodos de análise dos pães são confiáveis?
A Proteste utilizou a técnica de cromatografia a gás para determinar o teor alcoólico, uma metodologia sofisticada e amplamente utilizada em análises químicas. No entanto, a Abimapi destacou que o estudo não foi validado por órgãos competentes e que foi assinado por um profissional sem registro no CREA – Conselho Regional de Engenharia e Agronomia.
Impacto para os consumidores: existe risco real?
Um dos pontos mais discutidos é se o consumo desses pães poderia, de alguma forma, influenciar testes de alcoolemia, conhecidos popularmente como testes do bafômetro. Embora a Abimapi negue essa possibilidade, a preocupação persiste entre os consumidores. É essencial entender que alimentos fermentados podem conter traços de álcool, mas em concentrações geralmente muito abaixo daquelas capazes de afetar a sobriedade de uma pessoa.
Ao abordar o tema, a Proteste reafirmou a confiabilidade de seus testes e criticou a posição da Abimapi em tentar desqualificar os resultados sem apresentar contraprovas substantivas. Segundo eles, a resposta da associação industrial está dentro do previsto no Estado Democrático de Direito, mas destaca-se a necessidade de uma investigação mais aprofundada e transparente neste caso.