Foto: Agência Brasil
No universo da política e finanças internacionais, os governos liderados pelo Partido dos Trabalhadores (PT) têm um capítulo marcante. Durante as presidências de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, o Brasil estreitou laços com diversos países da América Latina e África através do financiamento de grandes projetos de engenharia. Essas parcerias, no entanto, geraram discussões sobre a destinação de recursos brasileiros.
Os investimentos realizados buscavam consolidar a posição brasileira no exterior, mas também suscitavam questionamentos quanto à escolha dos países beneficiados, muitos dos quais governados por lideranças de forte tendência política alinhada ao PT. Governos como os de Hugo Chávez na Venezuela e os irmãos Castro em Cuba foram alguns dos principais parceiros nesses projetos.
Quais foram as principais obras financiadas?
Entre as iniciativas mais emblemáticas está o financiamento do Porto de Mariel em Cuba, uma obra que visava modernizar a infraestrutura portuária do país caribenho. Em Venezuela, recursos foram destinados para a construção de um metrô em Caracas, além de um estaleiro. Moçambique, na África, também figurou entre os beneficiados, com investimentos em um aeroporto e uma hidrelétrica.
Como funcionavam os financiamentos do BNDES?
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) liberava os recursos necessários no Brasil, sempre em reais, para as empreiteiras brasileiras encarregadas das construções ou prestação de serviços. Estas empresas, após a conclusão dos trabalhos, recebiam os pagamentos em dólares, efetuados pelos países que obtiveram o financiamento. Esse método visava a promoção da indúria nacional brasileira e o fortalecimento de laços econômicos externos.
Resultados e Controvérsias
Apesar da intenção de fortalecer a posição do Brasil no cenário internacional, essas operações foram alvo de críticas e investigações. Especialmente pela forma como os contratos foram celebrados e pela escolha dos países beneficiados, considerados por muitos como regimes políticos controversos. Ademais, em março de 2024, a dívida desses países para com o BNDES alcançou a impressionante marca de US$ 1,2 bilhão, destacando os riscos desses investimentos.
Apesar das críticas e dos riscos associados, em 2024 o Tribunal de Contas da União (TCO) encerrou as investigações relativas a essas operações, não encontrando irregularidades. Essa decisão gerou um alívio para os envolidos, mas ainda deixa uma longa sombra de dúvidas e debates sobre a eficácia e moralidade dessas ações promovidas durante os governos do PT.
- Porto de Mariel em Cuba: modernização portuária
- Metropolitano de Caracas na Venezuela: expansão do metrô
- Estaleiro na Venezuela: investimento industrial
- Aeroporto e hidroelétrica em Moçambique: infraestrutura energética e de transporte
Essas iniciativas, embora tenham ampliado a influência brasileira em algumas regiões, permanecem como exemplos complexos de política externa que mesclam desenvolvimento, diplomacia e debates ideológicos profundos.