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O jornal O Globo publicou uma matéria com detalhes acerca do testamento de Olavo de Carvalho (1947-2022), filósofo, escritor e “guru” de uma parcela considerável dos conservadores brasileiros, em especial os bolsonaristas.
O testamento, que foi firmado em 5 de fevereiro de 2018, junto à Justiça do estado da Virginia declara a forma como estão separados os seus bens (duas casas nos Estados Unidos, e direitos sobre as suas obras) entre os vários beneficiários.
Mulher e filhos
Para Roxane de Carvalho, última mulher de Olavo e com quem o escritor mantinha união estável há quase 20 anos, estão garantidos direitos sobre as duas residências adquiridas nos Estados Unidos – uma na cidade de Petersburg e outra na cidade de Noth Dinwiddie, ambas na Virginia. A ex-companheira também tem reservados 30% dos direitos autorais sobre as obras de Olavo.
Leilah e Pedro Luiz de Carvalho, frutos da união com Roxane, garantiram fatias maiores se comparados aos demais irmãos – Olavo teve oito filhos no total. Além de percentuais sobre as residências, cada um tem 20% sobre os direitos autorais.
Os demais filhos são beneficiados com frações das possíveis receitais sobre as produções intelectuais de Olavo: Maria Inês (0,5%), Luiz (0,3%), Davi (0,3%), Tales (0,3%) e Percival (0,3%). Também sobrou 0,3% dos direitos autorais para Luiz Paulo de Carvalho, irmão de Olavo.
Inventariante
O testamento de Olavo consta na ação apresentada por Heloísa, em agosto de 2023, onde ela pede a abertura do inventário do filósofo, assim como requer o direito de ser inventariante de seus bens e produções intelectuais.
Em fevereiro, Roxane de Carvalho se manifestou pela primeira vez nos autos do processo. Além de apresentar o testamento, ela requer que a Justiça brasileira dê fim ao processo de abertura de inventário pela falta de bens registrados no Brasil. O caso aguarda decisão.
A filha excluída
A única ausência entre os filhos é de Heloísa de Carvalho, irmã de Luiz, Tales e Davi. Desafeto do pai desde 2017, Heloísa ficou conhecida por ter posicionamento político contrário ao pai, chegando a ser filiada ao Partido dos Trabalhadores.
A relação entre os dois foi marcada por ataques mútuos, incluindo ações na Justiça. Em 2017, por exemplo, Olavo prestou uma queixa-crime contra Heloísa acusando-a de integrar uma organização criminosa apoiada por partidos de esquerda para destruir a sua reputação. O caso foi arquivado.
Rompida com o pai a partir de 2017, Heloísa de Carvalho tentou no ano passado abrir e comandar o inventário de Olavo na 3ª Vara da Família e Sucessões do TJ de São Paulo.
Poucos dias após a morte, Heloísa afirmou que utilizaria o espólio paterno para esmiuçar as finanças do guru bolsonarista e, conforme prometeu ela à época, “descobrir se empresários financiavam a máquina de ódio e fake news” de Olavo.
Heloísa ficou famosa e rompeu com o pai após a publicação da “Carta aberta a um pai”, e posteriormente do livro “Meu pai, o guru do presidente: a face ainda oculta de Olavo de Carvalho”. Nas publicações ela relata parte da infância dela e dos irmãos, período marcado pela ausência do pai.
O Antagonista