Foto: Presidência do Irã/Fotos Públicas
Ebrahim Raisi, o presidente do Irã que faleceu em um acidente de helicóptero, era uma figura proeminente na política iraniana. Ele era conhecido por seu perfil ultraconservador e sua adesão à linha dura do regime dos aiatolás. Sua eleição em 2021 consolidou o controle dos conservadores sobre todas as partes da República Islâmica. Raisi, um aiatolá de 63 anos, assumiu o poder em um momento em que o Irã enfrentava múltiplos desafios, incluindo sérios problemas econômicos, escalada de tensões regionais e negociações paralisadas sobre um acordo nuclear com potências mundiais⁴⁵.
No entanto, seu mandato foi marcado por protestos contra o governo que varreram o Irã em 2022, bem como pela atual guerra em Gaza entre Israel e o grupo palestino Hamas, que é apoiado pelo Irã. Além disso, Raisi enfrentou pedidos contínuos de muitos iranianos e ativistas de direitos humanos para que houvesse uma investigação sobre seu suposto papel nas execuções em massa de prisioneiros políticos na década de 1980. Ele nasceu em 1960 em Mashhad, a segunda maior cidade do Irã, e seguiu os passos de seu pai, um clérigo, frequentando um seminário na cidade sagrada de Qom aos 15 anos. Como estudante, participou de protestos contra o xá Mohammad Reza Pahlavi, que acabou sendo deposto em 1979 durante a Revolução Islâmica liderada pelo aiatolá Ruhollah Khomeini. Raisi também atuou como um dos quatro juízes do chamado “Comitê da Morte”, que levou ao enforcamento secreto de pelo menos 4 mil presos políticos em menos de 3 meses, em 1988. A morte de Raisi foi celebrada por muitos iranianos, apesar dos cinco dias de luto decretados pelo aiatolá Ali Khamenei.
O ministro das Relações Exteriores da Lituânia, Gabrielius Landsbergis, afirmou na rede social X, antigo Twitter, não se sentir confortável “em enviar condolências enquanto o Irã envia drones que são usados contra civis na Ucrânia”.
Tom Tugendhat, ministro da Segurança do Interior do Reino Unido, afirmou:
“O regime do presidente Raisi assassinou milhares de pessoas no seu país e visou pessoas aqui na Grã-Bretanha e em toda a Europa. Eu não vou ficar de luto por ele.”
Marshall Billingslea, ex-secretário Adjunto do Tesouro para o Financiamento do Terrorismo dos Estados Unidos, criticou uma mensagem de condolências compartilhada por Farah Dakhlallah, porta-voz da Otan.
“Como ex-secretário-geral adjunto da Otan, estou pasmo com este tuíte. Isto é completamente inapropriado em muitos níveis.”
Ao criticar a mensagem de condolências de Josep Borrell Fontelles, alto representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Alireza Akhondi, que é membro do Parlamento da Suécia, disse:
“Deixe-me ser claro, Borrell – não em meu nome. Esta declaração está muito além de qualquer decência e é um tapa na cara dos milhares de vítimas cujo sangue estava nas mãos do ‘açougueiro’. Em todo o Irã, as pessoas celebram a sua morte; deveríamos estar fazendo o mesmo.”