Dados econômicos fracos, aperto monetário e trapalhada nas finanças inglesas assustaram investidores
Mercados internacionais tiveram um dia de grande aversão a risco, com perspectivas de uma desceleração global mais forte do que a antecipada. A sessão desta sexta-feira trouxe um choque de realidade para os investidores que imaginaram estar protegidos pelos “bondade” dos bancos centrais desenvolvidos. O enxugamento monetário está tomando corpo e, conforme as pressões inflacionárias resistem, mais amargo será o remédio (ou seja, mais altos os juros).
Nos Estados Unidos, o S&P 500 e a Nasdaq registraram quedas próximas a 1,8%, enquanto a curva de juros por lá abria significativamente, reprecificando o tom mais austero do FED (Federal Reserve – Banco Central dos EUA). Com isso, o dólar ganhou tração e fechou em alta contra quase todas as moedas relevantes.
No Reino Unido, um pacote fiscal com cortes de impostos, congelamento do preço da energia e outras medidas para impulsionar o crescimento foi visto pelo mercado como uma tentativa de apagar o fogo com gasolina. Por lá, já se ouvem pedidos de uma reunião extraordinária do Banco Central do Rei Charles III para um aumento de juros emergencial na semana que vem. A libra esterlina despencou contra o dólar e está na pior cotação (contra a moeda americana) em mais de 50 anos.
A perspectiva de recessão derrubou também as commodities. O barril do petróleo tipo Brent chegou a cair mais de 5% durante o dia, e o minério de ferro era negociado com desconto de quase 2% em Singapura. As agrícolas também seguiram o movimento e finalizaram o dia no vermelho.
Por aqui, o Ibovespa mostrou que não estamos isolados do mundo e fechou em queda de 2,06%, com Petrobras e Vale puxando o índice para baixo. Na ponta, positiva os setor ligado a energia elétrica e saneamento básico registrou leve alta de 0,42%. Apesar do estresse internacional, a curva de juros brasileira resistiu e, embora tenha precificado taxas mais elevadas nos vencimento acima de dois anos, foi provavelmente o mercado juros mais comportado do dia. O dólar fechou em alta de 2,70%, a R$ 5,26.