O julgamento do bispo emérito de Hong Kong, cardeal Joseph Zen Ze-kiun, de 90 anos, foi adiado para a próxima segunda-feira (26). Zen foi preso no dia 11 de maio de 2022 sob a lei de segurança nacional da China, que permitiu a prisão de ativistas pró-democracia e jornalistas de Hong Kong, na maioria católicos.
Zen e outros cinco são acusados em Hong Kong de não solicitar o registro de “sociedade local” para sua antiga organização sem fins lucrativos, o Fundo Humanitário 612, entre 16 de julho de 2019 e 31 de outubro de 2021. A associação ofereceu ajuda financeira e jurídica a manifestantes pró-democracia em 2019. Zen foi solto após pagamento de fiança.
Nascido em Xangai, o bispo é um antigo defensor de causas democráticas em Hong Kong e se posiciona de forma contrária ao crescente autoritarismo sob a liderança de Xi Jinping, incluindo casos de perseguição a católicos e a lei de Segurança Nacional. Em 2020, Pequim impôs uma legislação dura que pune o que a ditadura chinesa considerar terrorismo, conluio com forças estrangeiras e secessão com penas que podem chegar à prisão perpétua.
Hong Kong é um dos locais mais importantes para os católicos no continente por abrigar uma grande rede de agências de ajuda, acadêmicos e missões que auxiliam membros da igreja na China continental e em outros lugares. Em maio, o Vaticano disse ter recebido a notícia da prisão de Zen com “grande preocupação” e que estava acompanhando os desdobramentos do caso com “extrema atenção”.
“O martírio é normal em nossa Igreja”, disse Zen. “Talvez não tenhamos que fazer isso, mas talvez tenhamos que suportar alguma dor e nos fortalecer por nossa lealdade à nossa fé”.
Gazeta do Povo