De acordo com informações da revista Você S/A, um ano após a conclusão do maior experimento de uma semana de trabalho de quatro dias, a maioria das empresas que participaram desse projeto piloto ainda mantêm a jornada reduzida, de acordo com uma pesquisa recente. Além disso, metade delas já decidiu que a mudança será permanente.
O estudo ocorreu entre junho e dezembro de 2022, no Reino Unido. Durante esse período, 2.900 trabalhadores de 61 empresas britânicas trabalharam 80% de suas horas, sem redução salarial, com o objetivo de entregar 100% de seus resultados.
Os resultados do experimento foram impressionantes: 43% dos colaboradores relataram melhorias na saúde mental, e houve um aumento de 55% na produtividade. Dos entrevistados, 90% afirmaram que desejam continuar no modelo, e 15% disseram que não voltariam para a semana de cinco dias, mesmo por um salário maior. A rotatividade de funcionários caiu 57%.
Esse estudo britânico tornou-se a maior evidência de que a semana de trabalho de quatro dias pode funcionar. A organização 4 Day Week, responsável pela organização do experimento, realizou vários outros testes em países como EUA, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e Brasil.
Um ano depois, um novo relatório indica que os benefícios parecem ser de longo prazo. A Autonomy, uma organização que colaborou com o primeiro estudo no Reino Unido, decidiu revisitar essas empresas para ver como elas estão após o fim do teste.
Os resultados mostraram que 89% delas (54 empresas) ainda seguiam uma jornada de trabalho de quatro dias, revelou a nova pesquisa. Além disso, 31 delas (51%) tornaram esse regime permanente.
Quase todas as empresas do experimento original participaram desse novo questionário. Além disso, 28 CEOs concordaram em responder outras perguntas e fornecer mais dados para o relatório. Todos eles disseram que a mudança foi benéfica para a empresa, sendo o aumento do bem-estar dos funcionários a vantagem mais citada. Em metade das empresas, a rotatividade de funcionários caiu. E um terço dos executivos disse que a nova política melhorou o processo de atração de talentos e contratação.
Para que a medida funcione a longo prazo, as empresas precisaram adotar algumas mudanças na cultura corporativa, incluindo repensar a priorização de tarefas, melhorar as políticas de reuniões e otimizar a comunicação interna.
Esse é um ponto fortemente defendido pelos entusiastas da jornada de trabalho de quatro dias: o modelo pode funcionar, desde que seja bem planejado e organizado. Nem toda empresa pesquisada eliminou um dia de trabalho. Algumas mantiveram os cinco dias de trabalho, mas com jornadas diárias menores. Outros optaram por escalas de funcionários para não terem que paralisar as atividades.
Outros estudos continuam testando a jornada de trabalho reduzida, mas o Reino Unido é, novamente, pioneiro – afinal, este é o primeiro que mediu os efeitos a longo prazo em empresas que escolheram, por conta própria, manter o modelo.