Fotos: AFP/THIS IS NAVALNY PROJECT/EVGENY FELDMAN
A mãe de Alexei Navalny, Lyudmila, afirmou nesta quinta-feira, 22, estar sendo pressionada por investigadores russos para realizar o enterro do filho, opositor de Vladimir Putin, em segredo, sem funeral.
“Eles querem que isso seja feito em segredo, sem despedida. Querem me levar até a beira de um cemitério, para uma sepultura recente e dizer: aqui jaz seu filho. Não concordo com isso”, disse a mãe de Navalny em um vídeo publicado no Youtube.
Ela também afirmou ter sido levada ao necrotério na noite de quarta-feira, 21, onde foi autorizada a ver o corpo do filho e o atestado de óbito.
“Os investigadores afirmam saber a causa da morte, têm todos os documentos médicos e legais prontos, que eu vi, e assinei o atestado médico de óbito”, disse.
“De acordo com a lei, deveriam ter me dado o corpo de Alexei imediatamente, mas não o fizeram até agora. Em vez disso, estão me chantageando, impondo-me condições sobre onde, quando e como Alexei deveria ser enterrado”, acrescentou.
No vídeo, a mãe de Navalny afirmou não querer “condições especiais” para enterrar o filho e exigiu que o governo russo devolva imediatamente o corpo do opositor de Putin.
“Estou gravando este vídeo porque começaram a me ameaçar. Olhando nos meus olhos, dizem que se eu não concordar com um funeral secreto, farão algo com o corpo do meu filho”, disse.
“Só quero que tudo seja feito de acordo com a lei. Exijo que o corpo do meu filho me seja devolvido imediatamente”, completou.
Como morreu Navalny?
Alexei Navalny, a figura de oposição mais proeminente na Rússia, morreu em 16 de fevereiro, enquanto cumpria pena de 30 anos em uma colônia penal russa.
Sua morte adiciona mais um capítulo trágico à longa história de repressão enfrentada pelos críticos do presidente Vladimir Putin, um padrão que tem visto opositores forçados ao exílio, presos, ou em alguns casos, mortos ou envenenados.
Antes de sua prisão, Navalny liderou um movimento oposicionista e foi uma voz crítica contra a administração de Putin, acusando o governo do ditador russo de corrupção generalizada. Em agosto de 2020, ele foi envenenado com Novichok, uma neurotoxina, durante uma viagem à Sibéria, quase perdendo a vida. Após se recuperar na Alemanha, seu retorno à Rússia em janeiro de 2021 resultou em prisão imediata.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, culpou Putin pela morte de Navalny, que, segundo a narrativa do Kremlin, “colapsou durante uma caminhada”.
O Antagonista