O padre José Eduardo de Oliveira e Silva, da Diocese de Osasco, na Grande São Paulo, acusado de envolvimento em uma suposta tentativa de golpe de Estado para manter Jair Bolsonaro no poder, justificou sua recusa em fornecer a senha de seu celular à Polícia Federal com base no sigilo moral. Durante uma transmissão ao vivo na internet, o pároco declarou que entregou o aparelho às autoridades, mas optou por não compartilhar a senha.
“Eu recebo pedidos de conselho, orientações, as pessoas se confidenciam, abrem a alma e contam seus dramas mais profundos para mim”, disse Oliveira e Silva.
“Muitos sacerdotes me consultam sobre questões morais confidenciais e eu não posso expor os meus fiéis”, acrescentou.
O padre José Eduardo de Oliveira e Silva, da Diocese de Osasco, na região metropolitana de São Paulo, foi um dos alvos da operação “Tempus Veritatis”, realizada na quinta-feira (8/02) pela Polícia Federal (PF). Além do religioso, a investigação também envolveu Jair Bolsonaro (PL) e vários aliados do ex-presidente.
Na decisão que autorizou a operação, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), menciona que, segundo a PF, o padre fazia parte do “núcleo jurídico” do suposto grupo golpista.
Segundo a investigação, esse núcleo tinha a função de “assessoramento e elaboração de minutas de decretos com fundamentação jurídica e doutrinária que atendessem aos interesses golpistas do grupo investigado”.
Conforme informações da Polícia Federal, o padre José Eduardo esteve presente em uma reunião no Palácio do Planalto no dia 19 de novembro de 2022, junto com Filipe Martins e Amauri Feres Saad, com o propósito de discutir o plano considerado golpista. Martins, que está sob custódia da PF, e Saad são identificados como os responsáveis pela elaboração do documento golpista, que supostamente foi entregue ao ex-presidente Bolsonaro.
“Como apontado pela autoridade policial, ‘José Eduardo possui um site com seu nome no qual foi possível verificar diversos vínculos com pessoas e empresas já investigados em inquéritos correlacionados à produção e divulgação de notícias falsas’”, diz a decisão de Moraes.
Um mandado de busca e apreensão foi emitido contra o líder religioso, que agora está sujeito a diversas medidas cautelares. Entre elas, está a proibição de manter contato com outros investigados e a obrigação de não sair do país. Além disso, foi determinada a entrega de todos os passaportes, tanto nacionais quanto estrangeiros, no prazo de 24 horas.
Com informações de O Antagonista