Ageu da Rocha/Fotoarena/Estadão Conteúdo
Pastor evangélico Silas Malafaia é o idealizador do ato e vai alugar um trio elétrico onde o ex-presidente fará um discurso para os apoiadores
O ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para o próximo dia 25 de fevereiro na Avenida Paulista já tem presenças confirmadas. Além do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministros e parlamentares aliados devem comparecer à manifestação, que foi convocada por Bolsonaro após ele se tornar alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) que investiga o planejamento de um golpe de Estado após as eleições de 2022.
Bolsonaro e seus aliados próximos são investigados por articularem um golpe após a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na ação, realizada no último dia 8, após autorização do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, o ex-presidente teve o passaporte apreendido.
O pastor evangélico Silas Malafaia é o idealizador do ato e vai alugar um trio elétrico onde o ex-presidente fará um discurso para os apoiadores.
Outros organizadores da manifestação são o ex-ministro da Secretaria da Comunicação Social da Presidência (Secom) Fabio Wajngarten e o deputado federal Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS).
O senador Ciro Nogueira (PP-PI), que foi ministro da Casa Civil na gestão de Bolsonaro, disse que vai comparecer ao evento.
Quem também confirmou presença foi o deputado federal Ricardo Salles (PL-SP), que na gestão passada chefiou o Ministério do Meio Ambiente e foi um dos protagonistas nas polêmicas envolvendo questões ambientais, principalmente fora do país.
Outros dois ex-ministros que agora são senadores estarão presentes: Jorge Seif (PL-SC) e Marcos Pontes (PL-SP). Seif chefiava a Secretaria de Pesca e Aquicultura, enquanto o astronauta Pontes comandou a Ciência e Tecnologia.
Alvo de uma operação da PF no mês passado, o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ), que é líder da Oposição na Câmara dos Deputados, é um dos principais aliados que estarão no evento.
Ele foi alvo da 24ª fase da Operação Lesa Pátria, que investiga os responsáveis por planejar, incitar e executar os atos antidemocráticos de 8 de janeiro.
O parlamentar entrou na mira da PF após serem encontradas mensagens trocadas com uma liderança extremista responsável por organizar bloqueios de estradas no interior do Rio após as eleições de 2022. Ele negou as acusações e disse que a ação policial foi uma “perseguição”.
Lideranças do partido do ex-presidente no Congresso Nacional também afirmaram que irão para o ato. É o caso do líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes (RJ) e do líder no Senado, Carlos Portinho (RJ).
O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Pedro Lupion (PP-PR) afirmou à reportagem que vai compor a lista de aliados de Bolsonaro na Paulista.
A FPA possui 324 deputados e 50 senadores e cultivou uma proximidade com Bolsonaro no governo anterior.
Em contrapartida, a bancada do agro travou embates com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no ano passado, consolidando a maior derrota do governo até então, quando foi aprovado o marco temporal das terras indígenas.
A lista de confirmados inclui também outros parlamentares que integram o núcleo duro do bolsonarismo, como os deputados Nikolas Ferreira (PL-MG), Carla Zambelli (PL-SP), Marcos Pollon (PL-MS), Pastor Marco Feliciano (PL-SP), Bia Kicis (PL-DF) e o senador Magno Malta (PL-ES).
Luciano Hang, governadores bolsonaristas e Damares Alves serão desfalques.
Em reunião sobre a organização do ato na tarde de quinta-feira (15) o deputado federal Zucco disse que governadores aliados de Bolsonaro devem participar da manifestação. Porém, apenas o de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), confirmou presença até o momento.
Governador de Santa Catarina pelo PL de Bolsonaro, Jorginho Mello não vai comparecer ao evento por estar fora do país.
O mandatário catarinense cumpre agenda oficial em Dubai, nos Emirados Árabes, em período coincidente com o dia do ato. Gladson Cameli, governador do Acre pelo Partido Progressista, também estará participando de um evento no Oriente Médio e não poderá ir até a Paulista.
Luciano Hang, empresário e dono da rede de lojas Havan que se tornou uma figurinha carimbada das manifestações bolsonaristas, também não vai participar do evento.
Conhecido por trajar ternos verde e amarelo e fazer diversas aparições públicas com o ex-presidente, Hang disse que, desde o término do segundo turno das eleições de 2022, está “100% focado em suas atividades empresariais, e assim continuará, sem participar de agendas políticas”.
O empresário catarinense foi um dos apoiadores mais fiéis de Bolsonaro desde a campanha de 2018. Parte do apoio, inclusive, gerou uma condenação ao pagamento de uma indenização de R$ 85 milhões por coagir funcionários a votarem no ex-presidente naquele ano.
Na reta final das eleições de 2022, Hang fez uma doação de R$ 1,02 milhão à campanha de reeleição do ex-presidente.
Outros bolsonaristas procurados apresentaram justificativa para o não comparecimento.
Em coletiva de imprensa ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o prefeito Ricardo Nunes (MDB) anunciou nesta sexta-feira (16) que deve comparecer no ato em defesa de Bolsonaro.
“Eu vou comparecer. Eu tenho uma gratidão muito grande ao presidente Bolsonaro”, disse o pré-candidato à reeleição.
Foi o caso da ex-ministra da Mulher e atual senadora pelo Distrito Federal Damares Alves (Republicanos), que disse ter agendas oficiais para o dia da manifestação e que não pode desmarcar os compromissos. Damares foi um dos principais personagens que auxiliaram a pavimentar o bolsonarismo com questões de ordem ideológica.
O ex-multiministro Onyx Lorenzoni, que ocupou a chefia de quatro pastas entre 2019 e 2022, disse que está fazendo pós-graduação em Portugal e que o período coincide com avaliações e provas do curso, que é presencial, e por isso não poderá vir ao Brasil apoiar o antigo chefe.
Teve também quem preferiu silenciar. Quando questionado se iria ou não participar do evento, o ex-ministro da Justiça do início do governo Bolsonaro e ex-juiz da Lava Jato Sérgio Moro disse que não vai se manifestar.
CNN