Antonio Fagundes causou surpresa ao expressar críticas à escolha da Globo por realizar remakes, ao avaliar a recente versão de “Renascer”, que estreou mais de 30 anos após a exibição original. No entanto, não foi a primeira vez que o ator, conhecido por interpretar José Inocêncio na primeira edição da trama de Benedito Ruy Barbosa, falou abertamente sobre a produção de novelas e seu ritmo. Em julho de 1993, Fagundes já havia afirmado: “É desgastante fazer novela”.
Naquela época, o artista já acumulava mais de 15 trabalhos apenas em novelas e retornava ao gênero mais de um ano após sua participação como o médico Felipe Barreto em “O Dono do Mundo” (1991/1992). Durante esse intervalo, ele também retomou sua faceta de apresentador com o programa “Você Decide” (1992), após ter conduzido o “É Proibido Colar” (1981) na TV Cultura-SP.
Em uma entrevista ao “Jornal do Brasil”, Fagundes revelou que preferia dedicar suas horas vagas aos livros em vez da televisão, mas, ao mesmo tempo, defendeu o papel do meio de comunicação de massa. “Nós sabemos fazer TV e vendemos o know-how para o mundo inteiro”, destacou o veterano envolvido em polêmica quando espectadora se atrasou para sua peça.
‘Sei o quanto me custa ler (texto das novelas)’, disparou Fagundes
Há quase 31 anos, o artista de outros trabalhos memoráveis como “A Viagem” (1994 e que voltará ao ar para mais uma reprise no Viva), “O Rei do Gado” (1996, quando precisou reduzir medidas durante as gravações) e “Por Amor” (1997) rebateu, porém, a chamada “crise de ideias”.
“Quem fala em crise? E em que sentido? Alguns críticos não gostam de nada. Quem fala mesmo são as 90 milhões de pessoas que estão assistindo às telenovelas”, defendeu. E Fagundes não escondeu que a TV o atrai apesar do ritmo cansativo das gravações.
“É desgastante fazer novela. Sei o quanto me custa ler – o que mais gosta de fazer a todo instante em qualquer lugar – em pé, encostado na parede, nos pequenos intervalos das gravações, em vez de estar em casa melhor acomodado. Mas não sou irascível“, explicou.
Fagundes criticou teatro além das novelas da TV: ‘Escravizante’
Na ocasião, o protagonista da versão original de “Renascer” criticou ainda aqueles que apontavam que a TV alienava o público. “Se fosse, todos os americanos seriam alienados com tantas emissoras. Alienante não é a TV, mas o sistema. O que é o Felipe Barreto de ‘O Dono do Mundo’ senão o que toda a população viu aí se passar com (Fernando) Collor (Mello)?”, questionou a respeito do primeiro presidente a sofrer impeachment, em 1992.
Aqueles que acreditam que as críticas foram direcionadas apenas à televisão estão enganados. O teatro também não escapou das observações afiadas do veterano, que foi honrado tanto com o Troféu Imprensa quanto com o prêmio da APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) como Melhor Ator de 1993, pela sua atuação como José Inocêncio em “Renascer”.
“Pela primeira vez em 27 anos eu tenho tempo de descanso. O teatro é desgastante, é escravizante. Eu não tinha folga: queria ter 50 anos de ensaio para começar a viver depois”, apontou ele, dispensado da Globo após mais de quatro décadas de parceria.
Com informações de PurePeople