O lançamento do foguete sul-coreano HANBIT-Nano no Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, terminou em explosão na noite desta segunda-feira (22/12), interrompendo o voo que seria um marco para o programa espacial brasileiro por representar o primeiro lançamento de um foguete orbital a partir do território nacional; apesar do incidente, autoridades classificam o episódio como parte do processo de amadurecimento de novas tecnologias espaciais.
Como foi a explosão do foguete HANBIT-Nano no Brasil?
De acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB), o veículo deixou a plataforma de lançamento seguindo a trajetória prevista, mas uma falha provocou a colisão com o solo pouco depois da decolagem. A nuvem de fogo formada em torno do foguete chamou a atenção para a operação em Alcântara, considerada estratégica para o setor aeroespacial, e todos os protocolos de segurança foram seguidos.
Segundo nota oficial da FAB, uma “anomalia no veículo” levou à perda de controle e à queda na área de segurança, onde o impacto gerou a explosão observada. Não há registro de feridos, e a área foi isolada para inspeções técnicas e coleta de dados, que servirão de base para a investigação da causa da falha. Veja o vídeo divulgado no X (@spaceorbitnews):
Foguete Hanbit‑Nano a partir da “Base de Alcântara” explodiu no lancamento pic.twitter.com/D8CIBidTWU
— DinhoOldSoul (@DinhoOldSoul) December 23, 2025
Como está sendo feita a investigação sobre o acidente?
Equipes da FAB e do Corpo de Bombeiros do Centro de Lançamento de Alcântara foram deslocadas para analisar destroços e o local da colisão. Esses dados serão usados para investigar as causas exatas da falha, etapa considerada essencial em qualquer programa de lançamentos e alinhada a padrões internacionais de segurança.
Nesse tipo de operação, incidentes são tratados como oportunidade de aprendizado, pois cada voo fornece informações para aperfeiçoar sistemas, motores e protocolos. A investigação deve considerar variáveis como desempenho dos estágios, sistemas de guiagem, condições meteorológicas e interação entre combustível e estruturas.
Qual é a importância do HANBIT-Nano?
O HANBIT-Nano é um lançador orbital de dois estágios, projetado para colocar até 90 quilos de carga útil em órbita a cerca de 500 quilômetros de altitude. Com 21,8 metros de altura e 1,4 metro de diâmetro, integra uma nova geração de foguetes de pequeno porte voltados para missões mais ágeis e econômicas, especialmente ligadas ao mercado de pequenos satélites.
A operação em Alcântara representou uma parceria inédita entre o Brasil e uma empresa privada sul-coreana, sinalizando abertura do país para o uso compartilhado de sua base de lançamento. Para o programa espacial brasileiro, essa cooperação é vista como caminho para retomar protagonismo após longos períodos de interrupção e perdas, como o acidente de 2003, que marcou profundamente o setor.
Por que o lançamento do foguete teve tantos adiamentos?
A tentativa de decolagem foi antecedida por três adiamentos, todos relacionados à identificação de problemas técnicos durante as etapas de preparação. Adiar lançamentos é prática comum no setor espacial, adotada para reduzir riscos quando qualquer componente apresenta comportamento fora do esperado.
Esses adiamentos envolveram falhas em válvulas, sistemas de resfriamento e equipamentos de abastecimento, refletindo a complexidade dos combustíveis criogênicos, sistemas eletrônicos e estruturas de alta precisão. Mesmo com todos os cuidados, o risco de falha em foguetes de primeira geração permanece elevado, o que explica a quantidade de testes antes da operação comercial plena.
Quais os próximos passos para os lançamentos espaciais em Alcântara?
Apesar da explosão do foguete sul-coreano no Brasil, o episódio tende a ser analisado em perspectiva de longo prazo. Para o Centro de Lançamento de Alcântara, a operação com o HANBIT-Nano reforça a capacidade de receber missões orbitais e de seguir padrões internacionais de segurança, rastreio e coordenação.
Especialistas destacam que falhas em campanhas inaugurais não são raras, sobretudo em foguetes comerciais de pequeno porte, segmento que cresce com a demanda por satélites de observação, comunicação e monitoramento climático. Nesse contexto, a parceria Brasil–Coreia do Sul coloca Alcântara no radar de novos operadores interessados em aproveitar a posição geográfica próxima à linha do Equador.
FAQ sobre explosão de foguete sul-coreano no Brasil
- O foguete HANBIT-Nano levava algum satélite a bordo? Até o momento, não foram divulgados detalhes sobre a carga útil específica que seria colocada em órbita neste voo de teste, apenas a capacidade máxima do lançador, de cerca de 90 quilos.
- O Centro de Lançamento de Alcântara continuará recebendo missões estrangeiras? A tendência é que Alcântara siga sendo usado em novas parcerias, já que a infraestrutura e a posição geográfica são consideradas atrativas para operadores internacionais.
- Explosões em lançamentos de foguetes são frequentes? Em programas espaciais com novos veículos, falhas podem ocorrer em fases iniciais de testes. Empresas e agências costumam prever essa possibilidade no planejamento de desenvolvimento.
- Há risco para a população que vive próxima à base de Alcântara? As operações seguem protocolos de segurança que delimitam áreas de exclusão e monitoram condições de risco, reduzindo a probabilidade de impactos fora das zonas previstas.