Em uma região conhecida por morros íngremes e vales profundos, a China redesenhou o mapa de deslocamentos com a Ponte Huajiang, em Guizhou. Suspensa a 625 metros acima do desfiladeiro, ela encurta para cerca de dois minutos um trajeto que antes podia tomar até duas horas, alterando a rotina de quem cruza o cânion Huajiang e projetando o local no turismo mundial.
Como a Ponte Huajiang transformou a mobilidade em Guizhou?
A ponte integra um ciclo de investimentos iniciado no fim dos anos 1990, quando o aeroporto internacional de Guiyang começou a romper o isolamento da província. Desde então, rodovias, túneis e milhares de pontes vêm sendo erguidas para contornar um relevo em que, segundo um ditado local, “falta até espaço plano para três passos seguidos”.
Nesse contexto, a Ponte Huajiang funciona como vitrine de uma estratégia que combina mobilidade, engenharia de grande porte e exploração turística de uma paisagem comparada a destinos alpinos. A obra também simboliza o esforço chinês de integrar regiões montanhosas às cadeias logísticas nacionais e a rotas interprovinciais de longa distância. Veja os impactos do projeto:
| Aspecto | Transformação |
|---|---|
| Tempo de viagem | • Redução de horas para poucos minutos• Eliminação de longos desvios em estradas sinuosas |
| Integração regional | • Conexão direta entre municípios antes isolados• Maior fluidez entre zonas rurais e centros urbanos |
| Segurança viária | • Menos trechos perigosos em encostas e serras• Redução de riscos em períodos de chuva e neblina |
| Logística e economia | • Transporte mais rápido de cargas e produtos agrícolas• Diminuição de custos operacionais |
| Turismo | • Acesso facilitado a atrações naturais da região• Ponte vira ponto turístico e símbolo de engenharia |
| Qualidade de vida | • Deslocamentos diários mais curtos• Melhor acesso a serviços de saúde, educação e comércio |
Como foi feito o corte na montanha para ligar o cânion Huajiang?
O traçado da rodovia S57, com cerca de 150 quilômetros, precisava cruzar o cânion sem depender de rampas longas ou curvas perigosas. Para isso, os engenheiros decidiram abrir um corte profundo em uma das montanhas, em formato de V, usando explosivos e perfurações sucessivas até alcançar a cota ideal de ligação com a ponte suspensa.
Esse encaixe direto permite que a pista chegue à ponte praticamente em linha reta, escondendo a complexidade da obra por trás de um traçado aparentemente simples. O motorista entra em um trecho encaixado entre paredes de rocha e, poucos instantes depois, está sobre o vão principal que atravessa o desfiladeiro, sem a sensação típica de “subida final” das estradas de serra. Entenda como foi feita a obra no vídeo abaixo (reprodução/YouTube/The B1M):
Quais são os principais números e desafios estruturais do projeto?
Do fundo do cânion Huajiang, a ponte aparece como uma linha metálica quase horizontal a 625 metros do rio Beipan. A estrutura se estende por cerca de 2.890 metros, com um vão principal de 1.420 metros entre as duas torres, combinando grande extensão e enorme desnível vertical.
O tabuleiro é formado por uma treliça de aço segmentada em 93 partes, somando cerca de 22 mil toneladas de metal. Por causa do relevo assimétrico, a torre norte tem 262 metros de altura, enquanto a torre sul mede 205 metros, com cabos ancorados diretamente na rocha para suportar ventos intensos e atividade sísmica moderada. Veja as características da ponte:
- Localização: província de Guizhou, no sudoeste da China
- Tipo: ponte pênsil rodoviária
- Destaque: atravessa o cânion de Huajiang, a grande altura
- Altura: considerada uma das pontes mais altas do mundo
- Função: reduzir drasticamente o tempo de travessia na região
- Importância estratégica: melhora a mobilidade regional e a logística
- Impacto turístico: virou atração pela engenharia e paisagem
- Engenharia: projetada para suportar ventos fortes e relevo extremo
Quais atrações turísticas foram incorporadas à Ponte Huajiang?
A ponte foi desenhada para ir além da função rodoviária e criar um complexo de visitação que desce da pista até o interior do cânion Huajiang. Um elevador panorâmico de vidro percorre cerca de 800 metros de desnível, ligando o nível da estrada à área próxima ao rio, em um percurso que virou atração pelas vistas verticais das torres e cabos.
Em uma das extremidades, uma cafeteria de dois andares funciona como mirante, com visão ampla do vão central e das encostas de Guizhou. Sob a área de estacionamento, uma passarela de vidro permite observar o desfiladeiro diretamente sob os pés, enquanto uma cascata artificial alinhada à estrutura reforça o caráter cênico do conjunto e prepara o espaço para esportes de aventura, como bungee jump e base jumping. Antes da ponte, atravessar o cânion significava descer por estradas estreitas, seguir por um trecho de vale e subir novamente, em percurso cansativo e sujeito a interdições por chuva, neblina ou deslizamentos. Com a Ponte Huajiang em operação, o trajeto foi reduzido a poucos minutos, permitindo velocidade mais estável para caminhões, rotas de ônibus mais curtas e melhor acesso a serviços urbanos.
FAQ sobre a Ponte Huajiang
- A ponte sofre fechamento frequente por causa do vento? Sistemas de monitoramento em tempo real avaliam rajadas; em ventos extremos, adotam-se restrições temporárias de velocidade ou de tráfego.
- É possível visitar apenas a área turística? O complexo conta com estacionamento, mirantes e elevador panorâmico, permitindo acesso direto às áreas de observação e lazer associadas à ponte.
- A estrutura suporta aumento futuro de tráfego? O projeto foi dimensionado para fluxo intenso, incluindo caminhões pesados, seguindo padrões chineses para grandes corredores rodoviários.
- O entorno do cânion recebeu outras obras? Além da ponte e do elevador, há melhorias em acessos, estacionamentos e áreas de apoio, reforçando o papel do cânion como vitrine global de Guizhou.