A entrega da ponte Josimar Oliveira no domingo (23/11) marcou uma mudança significativa na rotina de milhares de moradores de Xapuri, no Acre. Após três décadas de espera, a estrutura passou a conectar, de forma permanente, a Comunidade da Sibéria ao Primeiro Distrito do município, reduzindo o isolamento de uma área onde se concentra parte importante da população rural e da produção extrativista da região, com impactos diretos sobre mobilidade, acesso a serviços públicos e escoamento da produção.
Qual a importância da ponte que conecta a Comunidade da Sibéria a Xapuri?
Essa ligação física entre a Comunidade da Sibéria e o centro urbano rompe um isolamento que afetava mobilidade, acesso a serviços básicos, comércio e políticas públicas, aproximando campo e cidade.
A Comunidade da Sibéria, criada na década de 1970 como acampamento de seringueiros, cresceu e se consolidou ao longo dos anos, reunindo hoje cerca de 20 mil pessoas, segundo estimativas locais. O nome faz referência à região remota da antiga União Soviética, reforçando a ideia de distância e isolamento, antes agravada pela paralisação da travessia após as 22h30, que deixava moradores sem acesso ao outro lado do rio.
Quais são os dados técnicos e impactos diretos da ponte Josimar Oliveira?
A ponte Josimar Oliveira é uma estrutura de concreto com 389 metros de extensão, que inclui pavimentação, rede de drenagem, sinalização e uma interseção viária com rotatória para facilitar o fluxo de veículos. A obra foi executada pelo Departamento de Estradas de Rodagem do Acre (Deracre) em parceria com o Consórcio Rio Acre, com investimento estimado em cerca de R$ 47,6 milhões, somando recursos estaduais e emendas parlamentares.
Segundo o IBGE, aproximadamente 43,5% dos moradores de Xapuri vivem na zona rural, o que reforça a importância de uma ligação permanente entre área rural e zona urbana. A ponte beneficia diretamente comunidades rurais, fazendas, assentamentos do Incra e produtores extrativistas, com expectativa de escoamento mais ágil e previsível, além de redução de custos logísticos e maior integração da Reserva Extrativista Chico Mendes.
Como será a liberação do tráfego e a priorização dos serviços essenciais?
Na inauguração, foi destacado que a liberação do tráfego na ponte será gradual, seguindo recomendações técnicas de segurança. Em um primeiro momento, apenas veículos leves podem cruzar a estrutura; depois, a passagem será aberta para veículos de porte médio e, por último, para veículos pesados, mantendo a balsa em operação temporária para caminhões.
Alguns serviços considerados críticos receberam prioridade de circulação desde o início, justamente para garantir atendimento rápido à população. Entre os veículos priorizados na utilização da ponte, destacam-se:
- Ambulâncias e viaturas de emergência em saúde;
- Ônibus escolares que atendem alunos da zona rural e urbana;
- Veículos de serviços essenciais, como empresa de energia e manutenção de redes;
- Carros oficiais envolvidos em ações de defesa civil e assistência social.
Como a nova ponte muda o dia a dia da comunidade isolada?
A ponte que conecta comunidade isolada ao município altera principalmente a relação da Comunidade da Sibéria com a cidade de Xapuri. Antes, a população dependia dos horários da balsa para fazer compras, ir ao banco, realizar consultas médicas ou resolver questões administrativas, ficando sem alternativa de travessia em períodos de interrupção do serviço.
Com o acesso viário permanente, o deslocamento torna-se mais previsível, favorecendo estudantes, trabalhadores e produtores rurais, além de reduzir a vulnerabilidade ao clima e a problemas operacionais. Para o poder público, surge a possibilidade de reorganizar rotas de saúde, transporte escolar e assistência social, já que ambulâncias e ônibus passam a ter trajeto direto e contínuo entre área rural e centro urbano. Veja os benefícios para a região:
| Situação Antes da ponte | Situação Depois da ponte |
|---|---|
| Travessia feita por balsa ou pequenas catraias, demorada, sujeita a falhas e interdições frequentes. | Travessia feita por ponte de concreto, segura, estável, está em fase final de entrega e viabiliza tráfego permanente. |
| Isolamento relativo da comunidade: dificuldade de acesso regular ao centro de Xapuri, especialmente em dias de mau tempo ou problemas na balsa. | Conexão direta e constante com o centro urbano, facilita transporte de pessoas, mercadorias e produção agrícola/extrativista. |
| Moradores dependiam de horários, manutenção da balsa e estavam sujeitos a atrasos ou paralisações. | Mobilidade garantida 24h por dia, sem depender de serviços de balsa, maior autonomia e previsibilidade. |
| Transporte de produção agrícola, borracha, castanha etc. moroso e arriscado, atrasando escoamento e limitando o comércio. | Facilita o escoamento da produção e o acesso a mercados, serviços e infraestrutura, potencial para melhorar renda e qualidade de vida. |
| Acesso à saúde, educação, comércio e serviços dependia das condições do rio e da balsa, muitas vezes limitado. | Acesso mais rápido e seguro a serviços urbanos (saúde, escolas, comércio, bancos), favorecendo inclusão social. |
| Distanciamento físico e simbólico entre a Sibéria e o centro, sensação de marginalização e isolamento da comunidade. | Reintegração da comunidade ao tecido urbano, reforço do sentimento de pertencimento e dignidade social. |
Qual é a importância da ponte da Sibéria para o futuro de Xapuri?
Para um município com pouco mais de 18,2 mil habitantes, uma estrutura como a Ponte da Sibéria representa solução para um problema antigo de mobilidade e ponto de partida para novas políticas públicas. A obra cria condições para aprimorar o transporte escolar, reduzir o tempo de resposta em emergências e melhorar o planejamento das cadeias produtivas que dependem de escoamento rápido, seguro e sustentável.
A ponte Josimar Oliveira também se insere em um contexto de preservação ambiental e desenvolvimento sustentável, já que parte dos moradores beneficiados vive em áreas extrativistas e na Reserva Extrativista Chico Mendes. Ao encurtar distâncias e ampliar o acesso a serviços, a ponte que liga a Comunidade da Sibéria ao município de Xapuri passa a ser infraestrutura central para o planejamento urbano e rural, sintetizando uma reivindicação de cerca de 30 anos. Veja imagens da inauguração divulgadas pelo presidente do Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac), André Hassem:
FAQ sobre a ponte Josimar Oliveira
- Por que a Comunidade da Sibéria recebeu esse nome? A denominação “Sibéria” foi escolhida em referência a uma região remota da antiga União Soviética, associada ao isolamento e à distância, situação semelhante à vivida pelos primeiros moradores do bairro.
- Quando a Comunidade da Sibéria começou a se formar? O bairro surgiu por volta da década de 1970, inicialmente como acampamento de seringueiros que deixavam a floresta para tratar de negócios na cidade de Xapuri.
- A balsa continuará operando mesmo após a inauguração da ponte? A balsa permanece em funcionamento por um período de transição, principalmente para veículos pesados, até que todas as etapas de liberação do tráfego na ponte sejam concluídas.
- Quais serviços têm prioridade na nova ponte? Ambulâncias, ônibus escolares e veículos de serviços essenciais, como manutenção de energia, receberam prioridade desde o início do funcionamento da ponte, de acordo com orientações do Deracre.