A discussão sobre uma possível mudança na regra do impedimento voltou a ganhar espaço nos corredores da Fifa e promete impacto direto na forma como o futebol é jogado e assistido, com a entidade analisando uma alteração que tornaria o critério mais favorável aos atacantes, reduzindo lances anulados por detalhes milimétricos e aproximando a regra da percepção de quem acompanha o jogo no dia a dia, em proposta liderada por Arsène Wenger, diretor de desenvolvimento do futebol mundial da Fifa e ex-treinador do Arsenal.
O que mudaria na prática com a nova regra de impedimento
Pelo modelo em estudo, o impedimento só seria marcado quando o atacante estivesse totalmente à frente do defensor no momento do passe. Se qualquer parte do corpo autorizada para finalizar, como pé, perna, tronco ou ombro, estiver alinhada com o zagueiro, o lance passaria a ser considerado legal.
A regra atual determina irregularidade quando qualquer parte do corpo apta a marcar gol está à frente do penúltimo defensor. Com a mudança, a dúvida passaria a beneficiar o ataque, reduzindo a sensação de “gol anulado pelo dedão” gerada pelo uso intensivo do VAR nos últimos anos.
Como o novo impedimento afetaria o jogo e as estratégias táticas
Na prática, um atacante hoje flagrado em impedimento por ter o ombro centímetros à frente da linha do zagueiro teria o gol validado, desde que alguma parte do corpo apta a concluir o lance ainda esteja em linha. O novo critério busca simplificar a interpretação, diminuir interrupções e tornar o jogo mais fluido para jogadores, árbitros e torcedores.
Com um impedimento mais permissivo, defesas podem ser forçadas a jogar em linhas mais baixas ou a coordenar melhor a última linha, pois qualquer vacilo deixaria atacantes em condições legais com maior frequência. Comissões técnicas teriam de recalcular o risco de subir o bloco, estimulando mais passes em profundidade, lançamentos longos e movimentações entre linhas.
Por que a Fifa discute um impedimento mais favorável ao ataque
A discussão sobre flexibilizar o impedimento no futebol não é recente e ganhou força a partir de 2020, quando Gianni Infantino confirmou estudos para reduzir decisões baseadas em detalhes quase imperceptíveis. A ideia é tornar a aplicação da lei mais clara, independente do VAR, e diminuir a frustração com gols anulados após longas revisões.
Nos bastidores, entende-se que um critério mais ofensivo pode aumentar levemente o número de gols, valorizar atacantes de velocidade e retomar uma dinâmica mais voltada ao ataque. A Fifa também busca melhorar a experiência do torcedor, oferecendo partidas com mais ações próximas à área, mais finalizações e menos jogos travados por linhas defensivas muito altas.
Quando a nova interpretação de impedimento poderia entrar em vigor
A hipótese de adoção já na Copa do Mundo de 2026 não está descartada, embora ainda dependa de testes e consenso político. O tema é analisado em um encontro anual que reúne jogadores e árbitros, sob coordenação de Arsène Wenger, para discutir impactos técnicos, operacionais e de comunicação.
Se houver acordo, a proposta segue para votação na assembleia geral da Fifa e posterior definição pelo IFAB, que ajusta o texto final da lei e o calendário de implementação. A tendência é começar por competições-piloto, como torneios de base ou ligas menores, antes de chegar aos principais campeonatos profissionais.
FAQ sobre novas regras da FIFA
- A regra de impedimento muda para todas as competições ao mesmo tempo? Em geral, alterações autorizadas pela Fifa e pelo IFAB são adotadas de forma padronizada, mas cada federação pode definir datas de início em alinhamento com seus calendários.
- Os sistemas de VAR precisariam ser atualizados? Sim. Linhas de impedimento, softwares de traçado e protocolos de revisão teriam de ser ajustados para considerar o novo critério de “corpo completamente à frente”.
- Haveria impacto na formação de jovens jogadores? Com mais liberdade para atacar a última linha, categorias de base poderiam enfatizar ainda mais movimentações em profundidade, leitura de espaço ofensivo e temporização de corridas.
- A mudança pode aumentar significativamente o número de gols? Estudos internos e competições-piloto tendem a medir esse impacto; a expectativa é de leve crescimento no número de gols e de chances claras criadas, sem alterar radicalmente o equilíbrio entre ataque e defesa.