Após 19 anos de obra e cerca de R$ 7 bilhões em investimentos, o novo trem da Transnordestina enfim começou a rodar nesta sexta-feira (19/12) em fase de testes no Nordeste, com um primeiro comboio de 20 vagões carregados de milho entre Bela Vista (PI) e Iguatu (CE), marcando um passo relevante para a infraestrutura logística do país e antecipando como poderá funcionar o escoamento de grãos e outras cargas quando a ferrovia estiver em operação plena.
Qual o impacto da estreia do novo trem da Transnordestina no Nordeste?
A viagem inaugural faz parte de uma operação-teste autorizada após a Licença de Operação (LO) emitida pelo Ibama em 11 de dezembro, sem a qual não seria possível transportar cargas. A circulação atual ainda não é considerada operação comercial, mas etapa técnica para monitorar desempenho, segurança e capacidade real da via permanente e dos equipamentos.
O trecho em testes integra a Fase 1 da Transnordestina, que liga o Porto do Pecém (CE) a São Miguel do Fidalgo (PI), passando por Salgueiro (PE). Mesmo em caráter experimental, o novo trem já evidencia o potencial de reduzir custos logísticos, encurtar distâncias entre áreas produtoras e portos e aumentar a confiabilidade no escoamento de cargas.
| Categoria de Benefício | Principais Impactos |
|---|---|
| Logística e Transporte | Redução de custos e tempo de escoamento de cargas pelo modal ferroviário em vez de rodoviário; menor dependência de caminhões nas estradas, diminuindo trânsito e desgaste da malha viária. |
| Economia Regional | Aumento da competitividade do Nordeste para atrair investimentos, expandir produção agrícola e industrial e fortalecer cadeias produtivas locais. |
| Integração com Portos | Conexão eficiente entre áreas produtivas do interior e portos como Pecém (CE) e Suape (PE), facilitando exportações e movimentação de mercadorias. |
| Emprego e Renda | Geração de milhares de empregos diretos nas obras e na operação, com impacto positivo na renda local e no desenvolvimento socioeconômico. |
| Sustentabilidade | Menos caminhões nas rodovias = menor emissão de poluentes e redução de impactos ambientais. |
| Desenvolvimento de Setores Produtivos | Benefícios para agronegócio, calçados, metalurgia e outros setores intensivos em carga, com custos logísticos menores. |
Como será a Transnordestina quando estiver totalmente concluída?
Originalmente anunciada em 2006 como um dos maiores projetos de infraestrutura do Brasil, a Transnordestina previa 1.753 km de trilhos, conectando 81 municípios no Ceará, Piauí e Pernambuco. O objetivo central é escoar de forma mais eficiente a produção agrícola, minérios e combustíveis para os portos do Pecém (CE) e de Suape (PE), fortalecendo o corredor de exportação do Nordeste.
Ao longo dos anos, o projeto passou por revisões de escopo, cronograma e orçamento, com custo estimado hoje em cerca de R$ 14 bilhões e extensão sob responsabilidade da TLSA ajustada para 1.206 km, com previsão de conclusão até 2029. A ferrovia está organizada em três fases principais:
- Fase 1 – Do Porto do Pecém (CE) até São Miguel do Fidalgo (PI), via Salgueiro (PE), com cerca de 1.040 km, incluindo o trecho em teste entre Bela Vista e Iguatu.
- Fase 2 – De Paes Landim a Eliseu Martins (PI), com 166 km inteiramente em território piauiense.
- Fase 3 – De Salgueiro ao Porto de Suape (PE), com 547 km em Pernambuco, hoje sob responsabilidade do governo federal.
Quais impactos o novo trem pode trazer para o agronegócio?
A circulação de cargas de milho em testes sinaliza uma mudança relevante na forma de movimentar grãos e outras commodities na região, com maior competitividade frente ao transporte rodoviário em grandes volumes. A ferrovia tende a oferecer redução de custos, previsibilidade de prazos e menor exposição a riscos climáticos e de congestionamento nas rodovias.
Entre os efeitos esperados com a consolidação da operação ferroviária estão ganhos logísticos para produtores, aumento da atratividade portuária e estímulo a novos investimentos industriais ao longo do traçado, especialmente em áreas hoje pouco integradas:
- Redução de custos logísticos para produtores de milho, soja e outros grãos no Piauí e no Ceará, com acesso mais direto ao Porto do Pecém.
- Aumento da atratividade dos portos, especialmente Pecém, que já opera como hub de cargas no Nordeste.
- Integração regional entre áreas produtoras do interior e a faixa litorânea, ampliando oportunidades de cadeias produtivas e armazenagem.
- Menor pressão sobre rodovias usadas para transporte de cargas pesadas, reduzindo acidentes e custos de manutenção viária.
Quais são os próximos passos para a operação?
Com a LO concedida e a fase de testes em andamento, os próximos passos envolvem programação da operação comercial, ajustes regulatórios e conclusão de trechos remanescentes. As pontas entre Bela Vista e Eliseu Martins (PI) e entre Iguatu e o Porto do Pecém (CE) ainda exigem avanços físicos, sinalização e testes de segurança adicionais.
A plena funcionalidade da Transnordestina também dependerá da integração com terminais portuários, armazéns, retroáreas e rodovias de acesso. A expectativa é que, nos próximos anos, a ferrovia se consolide como corredor estruturante para milho, soja, minério de ferro e combustíveis, ampliando a competitividade do Nordeste no cenário nacional e internacional. Veja imagens da operação do trem divulgadas pelo governo do Ceará:
FAQ sobre o novo trem da Transnordestina
- O que torna a Transnordestina diferente de outras ferrovias? Ela foi planejada para conectar áreas produtoras do semiárido a portos de grande porte, com foco em grãos, minérios e combustíveis, em um eixo antes dependente de longas rotas rodoviárias.
- Por que o projeto original da Transnordestina foi reduzido? O escopo foi ajustado por questões de custo, financiamento, viabilidade econômica e mudanças contratuais, concentrando esforços nos 1.206 km entre Eliseu Martins (PI) e o Porto do Pecém (CE).
- O novo trem da Transnordestina será usado apenas para milho? Não. Embora a viagem inaugural tenha usado milho como carga, a ferrovia foi concebida para transportar diferentes tipos de mercadorias, como soja, outros grãos, minérios e combustíveis.
- A população terá acesso a trens de passageiros na Transnordestina? O projeto atual é voltado para transporte de cargas. Qualquer serviço de passageiros dependeria de novos estudos, mudanças regulatórias e investimentos específicos.