A construção da Ferrovia de Mato Grosso (FMT), considerada hoje a maior obra ferroviária em andamento no Brasil, entrou em fase decisiva. Com 73% de execução física, investimentos estimados em R$ 5 bilhões e cerca de cinco mil trabalhadores mobilizados, o projeto avança pelo interior mato-grossense e deve ter a primeira etapa operacional em meados de 2026, pronta para atender parte crucial do escoamento de grãos do estado.
Quais os avanços no projeto da Ferrovia de Mato Grosso?
A Ferrovia de Mato Grosso é uma extensão de 743 quilômetros da Malha Norte, rede já operada pela Rumo, que hoje concentra a carga em um megaterminal em Rondonópolis. Com a FMT, os trilhos avançam em direção ao coração do agronegócio brasileiro, encurtando percursos rodoviários que hoje podem superar 500 quilômetros entre fazendas e o terminal ferroviário.
Por ser um empreendimento com capital 100% privado e autorizado em âmbito estadual, o projeto ganhou flexibilidade de cronograma e modelo de contratação, fugindo de amarras comuns em concessões tradicionais. A terraplenagem praticamente concluída, a logística de suprimentos planejada e a fábrica de dormentes em Rondonópolis permitem instalar até 1 quilômetro de trilhos por dia, apoiados por 89 mil toneladas de trilhos importados da China.
Como a Ferrovia de Mato Grosso impacta o frete agrícola?
O principal impacto econômico esperado está na redução do custo de transporte da safra, sobretudo em longas distâncias. Em trajetos de mil quilômetros, o frete ferroviário pode reduzir em até 50% o custo em relação ao rodoviário, alterando a conta para o produtor rural de soja, milho e farelo e aumentando a competitividade nas exportações.
Esse novo corredor logístico também tende a reorganizar o uso das rodovias, melhorar a previsibilidade de prazos e estimular ganhos de produtividade no agronegócio brasileiro. O Terminal BR-070, entre Dom Aquino e Campo Verde, com capacidade para até 10 milhões de toneladas por ano, será um ponto-chave nessa redistribuição de fluxos:
- Redução da distância percorrida por caminhões entre fazendas e terminais ferroviários;
- Menor desgaste das rodovias, com parte significativa da carga migrando para os trilhos;
- Mais previsibilidade de prazos de entrega, relevante para contratos de exportação;
- Maior produtividade logística, com menor custo médio por tonelada transportada.
Quais são as fases da Ferrovia de Mato Grosso?
O projeto foi dividido em três grandes fases, além de um ramal adicional, para acompanhar gradualmente a expansão do agronegócio mato-grossense. A Fase 1, entre Rondonópolis e o terminal BR-070, com 162 quilômetros, deve entrar em operação no começo do segundo semestre de 2026, alinhada ao escoamento da safrinha de milho e já com contratos comerciais negociados.
As Fases 2 e 3 estendem os trilhos até Nova Mutum e Lucas do Rio Verde, respectivamente, enquanto um ramal para Cuiabá segue em estudo de traçado, custos e impactos. O conselho de administração da Rumo avaliará volume de investimento, potencial de receitas e custo de capital, em um cenário de juros ainda elevados, mesmo com acesso a debêntures, BNDES e possível uso de capital próprio. Veja os detalhes deste projeto no vídeo divulgado por Edy Drone, via Instagram:
Quais os benefícios do projeto para a logística brasileira?
À medida que os trilhos avançam acompanhando a BR-163, no sul de Mato Grosso, a FMT começa a redesenhar o mapa da logística nacional. A ponte ferroviária sobre o rio Vermelho, com 460 metros, já recebeu o primeiro trem em teste, marcando a transição de canteiro de obras para rota permanente de cargas e consolidando um novo corredor de exportação.
Especialistas apontam que, ao aproximar a ferrovia das áreas produtoras, a FMT deve estimular investimentos em armazéns, terminais, indústrias de processamento e serviços associados ao agronegócio. Sem depender de recursos orçamentários diretos, o projeto torna-se referência para modelos alternativos de expansão da infraestrutura ferroviária e influenciará decisões sobre novos corredores de carga. Veja os impactos para o agronegócio:
| Benefício | Impacto na logística do agronegócio |
|---|---|
| Redução de custos | • Menor frete por tonelada• Mais competitividade nas exportações |
| Aumento de capacidade | • Transporte em larga escala• Menos gargalos na safra |
| Ganho de eficiência | • Fluxo contínuo de cargas• Menor dependência do modal rodoviário |
| Previsibilidade operacional | • Prazos mais estáveis• Menor risco de atrasos |
| Integração logística | • Conexão com portos e terminais• Cadeia de escoamento mais organizada |
| Redução de impactos ambientais | • Menor emissão por tonelada transportada• Menos desgaste de rodovias |
| Valorização regional | • Incentivo a investimentos locais• Expansão da produção agrícola |
FAQ sobre a Ferrovia de Mato Grosso
- Quando a Ferrovia de Mato Grosso deve começar a operar? A Fase 1, entre Rondonópolis e o terminal BR-070, tem previsão de início de operação no começo do segundo semestre de 2026, atendendo principalmente o escoamento da safrinha de milho.
- Qual é a extensão total planejada para a FMT? O projeto completo prevê cerca de 743 quilômetros de extensão, como prolongamento da Malha Norte, alcançando regiões como Nova Mutum e Lucas do Rio Verde.
- De onde vieram os trilhos usados na obra? Dois grandes carregamentos de trilhos chegaram da China, somando aproximadamente 89 mil toneladas, volume equivalente a nove vezes o peso da Torre Eiffel.
- A ferrovia terá ligação com a capital Cuiabá? Há um ramal para Cuiabá previsto no projeto, mas ainda sem cronograma definido; o traçado de engenharia e as condições de investimento seguem em análise.