A retirada de um detergente do mercado argentino pela Administração Nacional de Medicamentos, Alimentos y Tecnología Médica (ANMAT) chamou a atenção de consumidores e comerciantes em 2025. O caso envolve uma marca amplamente divulgada nas redes sociais e em plataformas de venda online, mas que não cumpria requisitos básicos de registro e segurança, reacendendo o debate sobre o controle de produtos domissanitários e os riscos associados ao uso de itens sem avaliação sanitária.
O que é o detergente Seco Cleaner e por que ele entrou na mira da ANMAT?
A marca Seco Cleaner passou a ser alvo da ANMAT após uma consulta enviada ao Serviço de Domisanitários, setor responsável por supervisionar produtos de limpeza, cosméticos e itens de higiene pessoal. A investigação identificou uma linha completa de produtos domissanitários sendo comercializada sem registro sanitário, como detergente para madeira, limpadores a seco de telas de celular, removedores de sarro e produtos para tapetes e colchões.
Segundo a disposição 8518/2025, todos os produtos Seco Cleaner foram classificados como ilegais por não estarem devidamente inscritos junto à autoridade sanitária. Sem avaliação prévia da fórmula e validação do processo produtivo, não há garantia sobre concentração de substâncias químicas, presença de agentes irritantes ou contaminantes, nem sobre o endereço real de fabricação, o que impede que seu uso seja considerado seguro.
Quais medidas a ANMAT adotou em relação ao detergente proibido?
A ANMAT determinou a proibição do uso, comercialização, publicidade e distribuição de todos os lotes de produtos identificados com a marca Seco Cleaner em território nacional e em canais digitais. A ordem atinge supermercados, lojas físicas, marketplaces, pequenos comércios e qualquer ponto de venda que oferecesse o detergente ou outros itens rotulados como domissanitários dessa marca.
Na prática, a orientação é que qualquer pessoa ou estabelecimento que tenha adquirido o detergente proibido interrompa imediatamente o uso e suspenda transações de compra e venda. A decisão se estende a todo produto apresentado como limpiador, desengraxante, finalizador de superfícies ou limpador em seco sob o rótulo Seco Cleaner, incluindo ainda a remoção de publicidades em redes sociais que promovam esses itens.
Como a ANMAT identifica um detergente considerado irregular?
O procedimento da ANMAT para flagrar um detergente irregular combina denúncias, monitoramento de mercado e análise técnica de rótulos e embalagens. Quando há suspeita de falsificação ou ausência de registro, o órgão elabora anexos nas resoluções oficiais com descrição detalhada dos produtos autorizados e das unidades consideradas ilegais, apontando diferenças em registro, rotulagem e dados do fabricante.
Entre os principais pontos usados pela agência para avaliar um detergente ou outro domissanitário, destacam-se ações que permitem rastrear a origem e a legitimidade do produto, bem como identificar tentativas de burlar a regulamentação sanitária:
- Verificação do registro sanitário: checagem se o número de registro informado na embalagem está ativo e corresponde ao produto descrito.
- Análise do rótulo: conferência das informações obrigatórias, como composição, modo de uso, advertências, lote, data de fabricação e dados do fabricante.
- Avaliação da procedência: identificação do local de produção e confirmação de que o estabelecimento está autorizado a fabricar esse tipo de produto.
- Comparação com produtos oficiais: confronto do rótulo suspeito com o modelo original, verificando diferenças de layout, fontes, logotipos e informações técnicas.
Como o consumidor pode checar se um detergente é seguro para uso?
Diante de casos como o do Seco Cleaner, o consumidor assume um papel fundamental na identificação de possíveis irregularidades. A checagem básica pode ser feita a partir do próprio rótulo, observando se o detergente apresenta informações claras, completas e coerentes, compatíveis com padrões de rotulagem exigidos pela ANMAT para produtos domissanitários.
Caso o rótulo não traga dados essenciais, apresente erros grosseiros ou pareça incompleto, é recomendável desconfiar e comunicar o órgão regulador. Em situações que remetam às características apontadas pela ANMAT em suas disposições, os usuários devem entrar em contato pelo canal ANMAT Responde ou pelo e-mail [email protected], enviando fotos da embalagem, informando o local de compra e descrevendo a situação encontrada para apoiar ações de recolhimento e alertas públicos.
Como essa proibição afeta os brasileiros que moram na Argentina?
A decisão da ANMAT também impacta diretamente a comunidade brasileira residente na Argentina, especialmente quem costuma comprar produtos de limpeza em sites, grupos de venda no WhatsApp, redes sociais ou em pequenos comércios de bairros com grande concentração de estrangeiros. Muitos desses consumidores podem não estar familiarizados com o sistema de controle sanitário argentino e acabam confiando apenas em recomendações de amigos ou influenciadores digitais.
Para brasileiros que vivem no país, é importante observar alguns pontos práticos: verificar sempre se o produto tem registro na ANMAT, desconfiar de ofertas “milagrosas” ou muito baratas nas redes, e priorizar a compra em supermercados, farmácias e lojas reconhecidas. Quem recebe produtos de limpeza enviados do Brasil ou comprados em viagens também deve lembrar que, uma vez usados em território argentino, eles ficam sujeitos às regras locais e podem ser questionados se houver risco sanitário.
Em caso de dúvida, o residente brasileiro pode consultar diretamente o site oficial da ANMAT, checar comunicados de alerta e, se identificar um Seco Cleaner ou outro domissanitário suspeito, realizar uma denúncia. Para quem tem dificuldade com o espanhol, recomenda-se pedir apoio a um amigo, vizinho, advogado ou associação de brasileiros na Argentina para traduzir as informações e preencher corretamente os formulários de contato com o órgão regulador.
