O crescimento econômico da China desacelerou para o nível mais fraco em um ano durante o terceiro trimestre, refletindo uma frágil demanda doméstica. Apesar de manter uma taxa de crescimento de 4,8% em relação ao mesmo período do ano anterior, a economia chinesa se vê cada vez mais dependente de suas exportações, apresentando riscos estruturais preocupantes. Essa situação destaca a vulnerabilidade da China frente às tensões comerciais crescentes com os Estados Unidos, que podem impactar ainda mais seu desempenho econômico, especialmente em um cenário global incerto.
A economia chinesa, com seu robusto setor exportador, parece ter se tornado uma ferramenta estratégica nas negociações com Washington. A resiliência do crescimento é vista por Pequim como uma possível demonstração de força nas discussões comerciais internacionais. Nos próximos dias, esses debates ganharão forma com as conversas entre o vice-premiê He Lifeng e o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, na Malásia. Além disso, uma reunião entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping na Coreia do Sul poderia trazer desenvolvimentos significativos para as relações comerciais sino-americanas.
Quais os desafios enfrentados pelos exportadores da China
Jeremy Fang, diretor de vendas de uma fabricante chinesa de produtos de alumínio, ilustra claramente os desafios enfrentados pelas empresas chinesas. A perda de 20% na receita devido à drástica queda nos pedidos dos Estados Unidos, mesmo com o aumento das vendas em regiões como América Latina, África, Sudeste Asiático, Turquia e Oriente Médio, destaca a dificuldade em compensar as perdas. Essa situação ressalta a intensificação da concorrência entre os exportadores chineses, que se veem obrigados a reduzir preços para permanecer competitivos nos mercados globais.
Fang compartilha que está aprendendo espanhol para superar seus concorrentes chineses e que suas viagens internacionais duplicaram desde o ano passado. Mesmo assim, ele observa que são necessárias estratégias agressivas de preço para manter os pedidos. Essa competição acirrada contribui para a fraqueza interna, levando muitas empresas a cortar salários e, em alguns casos, empregos, para sobreviverem nesse ambiente altamente competitivo.
Como a desaceleração econômica impacta a China?
Enquanto a produção industrial cresceu 6,5% em setembro, superando expectativas, as vendas no varejo sofreram uma desaceleração, atingindo uma taxa de crescimento de apenas 3,0%, a menor em dez meses. Esse cenário ocorre em meio a uma diminuição dos preços das casas novas, que caíram no ritmo mais rápido dos últimos onze meses, juntamente com uma queda significativa de 13,9% no investimento no setor imobiliário nos três primeiros trimestres do ano.
Esses dados revelam uma economia que, embora ainda robusta em termos de produção industrial, enfrenta dificuldades significativas em seu mercado interno. A dependência crescente das exportações é um padrão de desenvolvimento que analistas como Julian Evans-Pritchard, da Capital Economics, acreditam não ser sustentável a longo prazo. Ele adverte que, sem medidas proativas para estimular os gastos dos consumidores, o crescimento poderá desacelerar ainda mais no médio prazo.
Qual o futuro da economia chinesa?
O caminho à frente para a economia chinesa continua nebuloso. As tensões comerciais contínuas com os Estados Unidos e a frágil demanda doméstica representam obstáculos significativos para o crescimento sustentável. Pequim, por sua vez, está em um impasse, tentando equilibrar a necessidade de manter o ímpeto econômico enquanto lida com pressões internas e externas.
Em perspectiva, a necessidade de um reequilíbrio econômico torna-se cada vez mais aparente. Essa reestruturação poderia envolver políticas que incentivem o consumo interno e reduzam a dependência das exportações. Ao mesmo tempo, melhorias nas relações comerciais e um ambiente internacional mais estável podem fornecer o impulso necessário para a China recuperar e sustentar níveis de crescimento mais equilibrados e sustentáveis.