Nesta quarta-feira (1/10), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) autorizou que o Ministério dos Transportes avance com a proposta que visa eliminar a obrigatoriedade da frequência em autoescolas para obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Essa iniciativa, defendida pelo ministro dos Transportes, Renan Filho, chega com a intenção de reduzir os custos associados ao processo de habilitação de motoristas no Brasil.
Com a aprovação de Lula, uma consulta pública será aberta para discutir o tema, e ficará disponível por 30 dias no portal Participa Brasil. Esse movimento, por se tratar de uma mudança na regulamentação e não da legislação em si, não requer aprovação do Congresso Nacional. Basta uma publicação de resolução pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran) para que a nova regra entre em vigor.
Como funciona a nova proposta para a obtenção da CNH?

Atualmente, os candidatos à CNH precisam passar por 45 horas de aulas teóricas oferecidas pelas autoescolas, além de realizar 20 horas de prática, registradas junto ao Departamento Estadual de Trânsito (Detran). A proposta do Ministério dos Transportes, porém, sugere que o candidato possa estudar por conta própria para a prova teórica, que ainda será aplicada pelo governo federal.
No lugar das aulas práticas convencionais, a ideia é que o treinamento seja realizado com instrutores autônomos credenciados, oferecendo uma maior flexibilidade e potencialmente reduzindo os custos. Importante ressaltar que tanto a prova teórica quanto a prática permanecerão obrigatórias, garantindo que os candidatos detenham os conhecimentos necessários.
- O candidato poderá estudar para a prova teórica de forma autodidata, utilizando materiais oficiais disponibilizados pelo Detran.
- A prova teórica continuará sendo aplicada pelo Detran, garantindo avaliação oficial dos conhecimentos de trânsito.
- Para a prova prática, o candidato poderá usar veículo próprio, mas deverá estar acompanhado de instrutor credenciado durante o treinamento.
- O processo inclui testes de aptidão física e mental, como ocorre atualmente, para garantir a segurança.
- O modelo busca reduzir o custo total da CNH, eliminando parte das taxas e serviços das autoescolas.
- O candidato ainda será responsável por cumprir todas as exigências legais, incluindo aulas práticas supervisionadas, mas de forma mais flexível.
Quais os impactos da redução dos custos para tirar a CNH?
Atualmente, o custo médio para se obter uma CNH nas categorias A (moto) e B (carro de passeio) está em torno de R$ 3,2 mil, podendo atingir até R$ 5 mil em algumas regiões. Essa barreira financeira tem resultado em um significativo número de motoristas sem habilitação no país. Estima-se que aproximadamente 20 milhões de pessoas dirigem sem CNH no Brasil, uma situação que evidencia a necessidade de mudanças no processo de habilitação.
Reduzir os custos pode permitir que um número maior de pessoas tenha acesso à habilitação, especialmente as de baixa renda. Isso não apenas contribuiria para a legalização de muitos motoristas atualmente não habilitados, mas também poderia aumentar a segurança nas estradas, à medida que mais pessoas passariam pelas provas necessárias para comprovar sua aptidão para dirigir.
Quais os desafios da implementação da nova regra?
A execução desta proposta pode trazer uma série de benefícios e desafios. Por um lado, ao possibilitar que os candidatos preparem-se de maneira autônoma, o processo de obtenção da CNH se tornaria mais inclusivo, permitindo acesso a uma parcelas maior da população. Além disso, isso poderia estimular a criação de novos nichos de mercado para instrutores independentes.
No entanto, é essencial garantir que os padrões de qualidade e segurança não sejam comprometidos. O governo federal precisará estabelecer critérios rigorosos para a certificação de instrutores e a abstenção das autoescolas não deve reduzir a qualidade do aprendizado. Esse equilíbrio será fundamental para o sucesso da iniciativa e para a manutenção da segurança viária.
Quais são os próximos passos?

O projeto já está em fase de consulta pública e as mudanças dependem apenas da aprovação pelo Contran para serem implementadas. Caso sejam adotadas, as modificações inicialmente impactarão as categorias A e B.
Ao ajustar as normas atuais, o Brasil dá um passo importante em direção à inclusão ao facilitar o acesso à CNH e reduzir um dos principais entraves no processo de habilitação. Além disso, esta iniciativa pode servir como um modelo para outras áreas na busca pela redução de barreiras burocráticas e financeiras que limitam o acesso da população a serviços essenciais.
FAQ sobre autoescolas e CNH
- Como a nova regra impactará a qualidade do ensino para os candidatos à CNH? O governo federal deverá estabelecer critérios de qualidade para o estudo autodirigido e credenciamento de instrutores autônomos, visando garantir a segurança e aptidão dos novos motoristas.
- Os instrutores autônomos serão regulamentados de alguma forma? Sim, eles deverão ser credenciados e cumprir os requisitos estabelecidos pelo governo para garantir que possuam as qualificações adequadas para ensinar direção.
- Haverá alguma mudança no conteúdo das provas teórica e prática? Ainda não foram anunciadas mudanças específicas no conteúdo das provas, mas a padronização e exigência de conhecimento nas normas de trânsito devem ser mantidas como aspectos fundamentais do exame.
- Essa mudança pode ser implementada em todo país? Sim, uma vez aprovada pelo Contran, a mudança seria implementada nacionalmente, impactando todos os estados brasileiros.