A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) voltou a se posicionar contra uma operação policial de grande escala no Rio de Janeiro, desta vez criticando a ação realizada nos Complexos do Alemão e da Penha. Em um post no X, a parlamentar classificou a operação como uma “tragédia” e comparou o cenário a uma “guerra covarde“, afirmando que a população local foi aterrorizada e impedida de sair para trabalhar ou estudar.
A operação, batizada de “Contenção”, mobilizou cerca de 2.500 agentes das Polícias Civil e Militar, além de representantes do Ministério Público, com o objetivo de cumprir 100 mandados de prisão e 150 mandados de busca e apreensão contra membros do Comando Vermelho (CV), uma das principais facções criminosas do estado. Até o momento, 81 pessoas já foram presas, incluindo um suspeito apontado como operador financeiro de Edgar Alves de Andrade, conhecido como “Doca” ou “Urso”, um dos chefes da organização.
Feghali argumentou que, enquanto operações em “endereços elegantes do andar de cima” são realizadas com “cuidado e educação”, as ações em favelas e periferias resultam em violência desproporcional. “Os moradores dos Complexos da Penha, do Alemão e de todas as comunidades do Rio merecem respeito!”, escreveu a deputada.
Quando precisam cumprir mandados de prisão, busca e apreensão nos endereços elegantes do “andar de cima”, as forças policiais agem com cuidado e educação. Mas quando a operação é no subúrbio, periferias e favelas, o resultado é o que vemos nas imagens: população aterrorizada… pic.twitter.com/I9IWaPxG1p
— Jandira Feghali 🇧🇷🚩 (@jandira_feghali) October 28, 2025
No entanto, sua declaração gerou uma onda de críticas nas redes sociais. Usuários apontaram que a comparação ignora o contexto de resistência armada frequentemente encontrada em operações em favelas, ao contrário de áreas mais affluentas. “A excelentíssima deputada esquece de comentar o detalhe que no ‘andar de cima’ a polícia não é recebida com tiros de fuzil e armas de uso restrito”, rebateu um internauta.
Outros acusaram Feghali de omitir a violência perpetrada por grupos criminosos. “Ontem bandidos mataram dois moradores dentro de casa após invasão em uma comunidade. Vc foi dar os pêsames à família da idosa? Não, vem falar mal da polícia”, escreveu outro usuário, referindo-se a um incidente recente em que criminosos invadiram uma comunidade, resultando em fatalities.
A operação policial ocorre em um momento de escalada da violência no Rio de Janeiro. Relatos indicam que o Comando Vermelho tem utilizado táticas avançadas, como drones para lançar granadas contra as forças de segurança, o que intensificou os confrontos. A ação também levou ao fechamento de 46 escolas e à suspensão do funcionamento de cinco unidades de saúde na região, além de interrupções no transporte público, com sete ônibus sendo utilizados como barricadas.
A crítica de Feghali não é novidade. Em 2022, ela já havia repudiado uma operação no Jacarezinho, que resultou em 25 mortes, classificando-a como a mais letal da história do estado. Na época, ela responsabilizou diretamente o governador Cláudio Castro (PL) pelo ocorrido. Agora, sua posição volta a alimentar o debate sobre a política de segurança pública no Rio, com opositores argumentando que suas declarações deslegitimam o combate ao crime organizado, enquanto apoiadores veem sua defesa como uma luta pelos direitos das comunidades marginalizadas.
O post de Feghali no X rapidamente se tornou viral, gerando uma divisão de opiniões. Enquanto alguns elogiaram sua postura, outros a acusaram de ignorar a complexidade do problema de segurança no estado. “A conivência com métodos genocidas em Gaza vai espalhando a barbárie sobre TODAS as populações exploradas do ‘Ocidente'”, escreveu um seguidor, sugerindo uma conexão entre sua crítica à operação e sua posição em outros debates internacionais.
A operação “Contenção” é considerada a maior já realizada na história do Rio de Janeiro, refletindo a gravidade da situação de segurança no estado. No entanto, a reação às declarações de Jandira Feghali destaca a polarização em torno do tema, com muitos questionando se suas palavras contribuem para uma solução ou apenas exacerbam as tensões existentes.