Por Júnior Melo – Opinião
Mesmo fora do jogo político formal, inabilitado e impedido de falar diretamente ao eleitorado, Jair Bolsonaro continua sendo o maior obstáculo para o governo Lula e para a esquerda brasileira. A prisão e a cassação dos seus direitos políticos, longe de sepultarem sua relevância, apenas o transformaram em um símbolo ainda mais forte de resistência para milhões de brasileiros que se identificam com seu legado.
O curioso é que, mesmo calado, Bolsonaro pesa mais que toda a estrutura de comunicação bilionária do governo federal. Lula e sua base tentam, a cada semana, construir narrativas de fortalecimento, investem cifras vultosas em mídia e publicidade, mas o máximo que conseguem é uma leve melhora nos índices de aprovação, sem a musculatura necessária para sonhar com a reeleição em 2026.
A realidade é incômoda para o Planalto: enquanto a máquina pública trabalha dia e noite para vender a imagem de um governo popular, o eleitorado continua olhando para Bolsonaro como a principal referência de oposição. Ele se tornou, paradoxalmente, mais forte na ausência de voz do que muitos políticos com microfones abertos diariamente.
A esquerda, acostumada a vitórias fáceis quando seus adversários estão silenciados, encontra-se agora diante de um fenômeno político sem precedentes: um líder que, mesmo calado, continua a ser a sombra permanente e a pedra no sapato do lulismo. Para Lula, não está nada fácil.
