A ferrovia Transnordestina é um projeto crucial em desenvolvimento no Brasil, com significativos avanços registrados no Piauí. Atualmente, o progresso da segunda fase alcançou 33% de conclusão no trecho que abrange 151 quilômetros entre Eliseu Martins e São Miguel do Fidalgo. A conclusão da primeira fase, que compreende 240 quilômetros, já foi alcançada. A colocação de trilhos e dormentes, uma etapa chave da construção, foi antecipada para o primeiro semestre de 2026.
Quais os investimentos nas obras da Transnordestina?

O governo federal anunciou recentemente um investimento significativo de R$ 1,4 bilhão para a continuação das obras da Transnordestina. Os fundos são provenientes dos Fundos de Investimento e Desenvolvimento do Nordeste. Esta verba é essencial para a continuidade e aceleração do projeto, com R$ 600 milhões sendo destinados até 2025 e R$ 816 milhões provenientes dos Fundos de Investimento do Nordeste.
A ferrovia é uma iniciativa estratégica para impulsionar o desenvolvimento econômico no Nordeste, facilitando o escoamento de produtos como grãos e minérios do Piauí até os portos de Pecém e Suape. Este novo corredor logístico promete aumentar significativamente a capacidade de exportação da região. O governador do Piauí, Rafael Fonteles, acredita que a ferrovia beneficiará especialmente a parte sudeste do estado, onde há uma atividade mineradora predominante.
Quais os impactos econômicos da obra?
A Ferrovia Transnordestina, também conhecida como Transnordestina Logística S.A. (TLSA), é um projeto ambicioso que busca conectar o sertão do Piauí e Pernambuco aos portos de Pecém (Ceará) e Suape (Pernambuco). A obra, que se arrasta por anos, tem gerado debates sobre seus impactos econômicos, tanto positivos quanto negativos.
- Dinamização da economia regional: A ferrovia tem o potencial de impulsionar a economia das regiões por onde passa, facilitando o escoamento de produtos agrícolas, minerais e industriais, como gesso, minério de ferro e grãos. Isso pode incentivar a produção local e atrair novos investimentos.
- Redução de custos logísticos: O transporte ferroviário é geralmente mais barato e eficiente para longas distâncias do que o rodoviário, especialmente para grandes volumes de carga. A ferrovia pode reduzir significativamente os custos de transporte para as empresas, tornando os produtos mais competitivos.
- Geração de empregos: A construção e a operação da ferrovia criam empregos, tanto diretos quanto indiretos, nas áreas de engenharia, construção civil, logística e serviços, contribuindo para a redução do desemprego nas regiões.
- Integração com portos: A conexão da ferrovia com os portos de Pecém e Suape cria um sistema logístico integrado, facilitando as exportações e importações e fortalecendo a posição do Nordeste como um polo de comércio exterior.
- Impacto no setor agrícola e mineral: A Transnordestina é vista como essencial para o escoamento da produção do agronegócio e da mineração, especialmente na região do Piauí e oeste da Bahia, onde a produção de grãos e minérios tem crescido. A ferrovia facilita o acesso desses produtos ao mercado nacional e internacional.
- Atrasos e custos adicionais: A obra, que começou há quase 20 anos, tem sofrido com atrasos e problemas de gestão, elevando os custos do projeto e gerando incertezas sobre sua viabilidade econômica. A falta de finalização da ferrovia tem impedido que os benefícios prometidos sejam alcançados.
- Dependência de um único modal: Embora a ferrovia seja eficiente para longas distâncias, ela não é flexível como o transporte rodoviário para curtas distâncias ou para entregas em diferentes pontos. Isso pode criar uma dependência do modal ferroviário para certas cadeias de suprimentos.
- Prejuízos para o transporte rodoviário: A maior utilização da ferrovia pode reduzir a demanda por transporte rodoviário de cargas, impactando as empresas de caminhões e transportadoras que atuam na região. No entanto, é importante destacar que a ferrovia e o transporte rodoviário muitas vezes se complementam em um sistema logístico eficiente.
A Transnordestina é um empreendimento de grande envergadura que está dividido em três fases principais. A primeira fase liga o Porto do Pecém ao interior de Pernambuco e Piauí, abrangendo um extenso território. A segunda fase, atualmente em desenvolvimento, estende-se por 166 quilômetros dentro do Piauí. A fase final prevê a interligação de Salgueiro a Suape, em Pernambuco.
Quais os desafios do projeto?

A construção da ferrovia envolve desafios significativos, como operações de terraplanagem em larga escala e a construção de diversas pontes e viadutos. Estima-se que a obra demandará milhões de dormentes e toneladas de trilhos para completar a infraestrutura ferroviária planejada. A operação plena da ferrovia vai requerer uma produção constante de materiais de construção para manter o ritmo atual do projeto.
- Problemas Ambientais e Sociais: A extensão da ferrovia atravessa diferentes ecossistemas, o que exige um rigoroso planejamento ambiental. Licenciamentos ambientais são complexos e demorados, e a obra precisa lidar com a fauna e flora locais, além de comunidades tradicionais e indígenas que vivem nas áreas afetadas.
- Financiamento e Gestão: O projeto sofre com a falta de previsibilidade nos recursos. O financiamento é um desafio constante, com atrasos no repasse de verbas públicas e dificuldades na atração de investimentos privados. A má gestão, a falta de transparência e os escândalos de corrupção também contribuem para o andamento lento da obra.
- Contratuais e Burocráticos: A falta de um plano de execução claro, as disputas contratuais e as rescisões de contrato com empreiteiras geram interrupções e atrasos. Além disso, a burocracia estatal, que envolve diversas instâncias e órgãos, torna a aprovação de etapas da obra e a liberação de fundos um processo moroso.
- Logísticos e de Engenharia: A construção em regiões de difícil acesso exige um planejamento logístico complexo para o transporte de materiais e equipamentos. A geografia variada do percurso também apresenta desafios de engenharia, como a necessidade de construção de viadutos, pontes e túneis em áreas de relevo acidentado.
- Impasses Políticos: O projeto muitas vezes se torna refém de interesses políticos, com mudanças de governo e divergências entre as esferas federal, estadual e municipal. A falta de continuidade na gestão e a politização do projeto geram incertezas e paralisações.
Categoria | Descrição |
Ambientais | Complexidade no licenciamento e impacto sobre ecossistemas e espécies. |
Financeiros | Atrasos e incertezas nos repasses de verbas e dificuldades em atrair capital privado. |
Gerenciais | Má gestão, falta de transparência e problemas com contratações e rescisões. |
Burocráticos | Lentidão nos processos de aprovação e liberação de fundos em órgãos públicos. |
Logísticos | Dificuldades no transporte de materiais e equipamentos em regiões remotas. |
Políticos | Interferência de interesses políticos, resultando em descontinuidade e paralisações. |
FAQ sobre a Ferrovia Transnordestina
- Quando começarão os testes de operação com cargas? Os testes estão previstos para iniciar em 2025, utilizando como ponto de partida o Terminal Intermodal de Cargas do Piauí.
- Qual é a extensão total da ferrovia? A ferrovia terá uma extensão total aproximada de 1.752 km, abrangendo uma vasta área do Nordeste brasileiro.
- Que materiais são essenciais para a construção? Dormentes de concreto, trilhos de aço e brita são elementos fundamentais da infraestrutura da ferrovia.
- Além do Piauí, quais estados a ferrovia beneficia? Ceará e Pernambuco também serão diretamente beneficiados, permitindo novas rotas logísticas em seus portos principais.