A inovação tecnológica no domínio da saúde tem avançado de maneira notável nos últimos anos, com a Apple à frente dessas transformações através de seu Apple Watch. A mais recente adição ao portfólio de características do dispositivo é sua capacidade de notificar potenciais casos de pressão arterial elevada, um feito conseguido por meio do uso de inteligência artificial (IA). Este novo recurso marca não apenas uma ampliação do que os wearables podem oferecer, mas também um passo significativo na coleta de dados de saúde pessoal de maneira prática e contínua.
Lançado como parte dos modelos do Apple Watch Series 11, à venda a partir da última sexta-feira (19/9), o recurso de notificação de pressão arterial foi desenvolvido através da análise de dados de sensores já presentes no relógio, como explica Sumbul Ahmad Desai, vice-presidente de saúde da Apple. Essa tecnologia não mede diretamente a pressão arterial, mas sim utiliza algoritmos avançados para identificar padrões que possam indicar hipertensão, permitindo que os usuários sejam alertados para que procurem medição tradicional e consulta médica.
Como o Apple Watch utiliza IA para detecção de pressão alta?

A tecnologia por trás deste recurso impressionante começou a ser explorada em 2019, quando a Apple iniciou um estudo de coração e movimento com a participação de 100.000 pessoas. Os dados coletados foram usados para aplicar modelos de IA que analisaram os sinais dos sensores cardíacos para identificar possíveis casos de pressão alta. Após anos de pesquisa e desenvolvimento, um algoritmo bem-sucedido foi produzido e validado em um estudo com 2.000 participantes.
A decisão da Apple de usar algoritmos de aprendizado de máquina foi motivada pela intenção de superar as limitações do método tradicional de medição de pressão arterial, o esfigmomanômetro, que é frequentemente utilizado apenas em ambientes clínicos. Este novo recurso não substitui essas medições, mas serve como uma ferramenta auxiliar para aumentar a consciência sobre a saúde do coração. Conforme Desai, os estudos são poderosos instrumentos científicos que incentivam a exploração de novos sinais valiosos para investigação.
- O que o recurso não faz:
- Não mede a pressão arterial diretamente: Ele não funciona como um tensiômetro: não apresenta valores de pressão sistólica/diastólica em tempo real. Os alertas são baseados em sinais indiretos.
- Não substitui diagnóstico profissional: Se o relógio emitir um alerta, é recomendado usar um medidor de pressão tradicional (“braçadeira”) durante vários dias e consultar um profissional de saúde.
- Restrições de uso: Só disponível para modelos a partir do Apple Watch Series 9 e Ultra 2 e posteriores. Usuários devem ter 22 anos ou mais; o recurso não se aplica a grávidas ou pessoas já diagnosticadas com hipertensão.
- Benefícios esperados:
- Ajuda a detectar hipertensão não diagnosticada: Com base nas estimativas da Apple, o recurso poderá alertar muitas pessoas que não sabiam que tinham pressão alta.
- Prevenção de complicações: Ao perceber sinais precoces, pode-se agir antes de problemas mais graves (como AVC, doenças cardíacas) aparecerem.
Quais são os benefícios de identificar a hipertensão precocemente?
Hipertensão é uma condição médica que afeta mais de 1 bilhão de pessoas no mundo, de acordo com estatísticas globais. No entanto, a metade desse número não possui diagnóstico, uma realidade que o Apple Watch Series 11 pretende ajudar a mudar. O objetivo é alertar os usuários precocemente, incentivando-os a obter uma medição mais detalhada e a buscar auxílio médico profissional.
Ao detectar a pressão alta cedo, essa abordagem pode reduzir o risco de desenvolvimento de complicações graves, como ataques cardíacos, derrames e problemas renais. A inovação também foi projetada para funcionar em mais de 150 países, um planejamento que Ami Bhatt, diretora de inovação do Colégio Americano de Cardiologia, acredita que ajudará globalmente na prevenção de doenças relacionadas à hipertensão.
Quais são os desafios do novo recurso do Apple Watch?

A despeito do entusiasmo gerado pelo lançamento, o novo recurso do Apple Watch ainda possui limitações. Ami Bhatt salienta que o relógio não exerce a função de um dispositivo médico completo e não deve substituir exames tradicionais e a orientação de profissionais de saúde. Além disso, existe a possibilidade de que alertas imprecisos possam causar falsas garantias ou alarmes, especialmente se um usuário não receber a notificação mas ainda assim sofrer de hipertensão não diagnosticada.
A própria Apple destaca seu compromisso com privacidade e segurança dos dados, ressaltando que os dados pessoais só são utilizados em contextos de estudos em larga escala. Este cuidado promove confiança, mas também vem com o desafio de garantir que as informações coletadas continuem cientificamente relevantes para estudos futuros.
O recurso recebeu aprovação da Food and Drug Administration (FDA) dos EUA, um marco que sublinha a credibilidade da Apple em desenvolver um suporte legítimo para avaliações de saúde. Essa aprovação poderá encorajar mais usuários a investir na tecnologia como um complemento na monitorização da saúde e na identificação precoce de riscos associados à pressão arterial elevada.
FAQ sobre Apple Watch
- Como a Apple garantiu a segurança dos dados dos usuários? A segurança é um dos pilares do desenvolvimento do novo recurso. Dados pessoais são usados somente em estudos em larga escala e não são associados de maneira identificável a indivíduos fora desses contextos.
- O recurso de pressão arterial está disponível em todos os modelos do Apple Watch? Este recurso foi introduzido nos modelos a partir do Apple Watch Series 9, com a expansão para o Apple Watch Series 11, garantindo que os sensores necessários para a coleta de dados estejam presentes.
- Quais sensores o Apple Watch utiliza para monitorar sinais de hipertensão? Ele utiliza principalmente o sensor cardíaco, que coleta dados continuamente para análise em tempo real através dos algoritmos de inteligência artificial desenvolvidos pela Apple.