Nas semanas que se seguiram à prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, a atenção do cenário político brasileiro se voltou para sua esposa, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Ela assumiu uma postura desafiadora, afirmando que se “erguerá como uma leoa” em defesa de seus valores, agora que seu marido enfrenta uma condenação severa no Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro foi sentenciado a mais de 27 anos de prisão sob acusações de tentativa de golpe de Estado. Embora sua situação legal ainda seja passível de recursos, Michelle sugeriu, em uma entrevista nesta quarta-feira (24/9) ao jornal britânico The Telegraph, a possibilidade de um futuro político potente para si própria.
Michelle há muito tempo é vista como uma figura importante dentro do Partido Liberal (PL) e dentro do círculo de apoiadores de Jair Bolsonaro. Sua recente entrevista reacendeu rumores sobre sua possível candidatura nas eleições de 2026, tanto para o Senado pelo Distrito Federal quanto para a presidência. Sua mudança de título de eleitor para Brasília em julho deste ano foi um indicativo de sua potencial ambição política. Para muitos, Michelle simboliza a continuidade do movimento conservador no Brasil, um movimento que se vê desafiado diante das dificuldades enfrentadas por seu marido.
Qual é a estratégia política de Michelle Bolsonaro?

Em suas declarações, Michelle destacou sua vontade de defender “valores conservadores, a verdade e a Justiça,” deixando claro seu compromisso com as ideologias que sustentam o bolsonarismo. Ela enfatiza que, caso seja o desejo divino, está preparada para entrar na política em defesa desses ideais, uma retórica que mobiliza fortemente a base evangélica que tem se mostrado vital para o sucesso do PL.
Além disso, Michelle qualificou o processo judicial que resultou na condenação de seu marido como uma “farsa judicial” e “perseguição covarde,” ecoando o sentimento de uma parte de apoiadores que criticam duramente o sistema jurídico brasileiro. Segundo ela, “em um país verdadeiramente democrático,” o caso seria anulado. Essa narrativa de confrontação contra as instituições estabelecidas faz parte de uma estratégia maior para galvanizar apoio e reforçar a união do bloco conservador no Brasil.
Como as declarações de Michelle repercutem no cenário político atual?
As observações de Michelle vêm em um momento delicado para a política brasileira, onde as polarizações estão mais acentuadas do que nunca. A recente condenação de Bolsonaro por acusações de tentativa de golpe trouxe à tona tensões latentes entre as diversas facções políticas do país. O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por sua vez, já enfrenta críticas por parte dos aliados bolsonaristas, que acusam Lula e figuras proeminentes como o ministro do STF Alexandre de Moraes de incitar um “caos” fabricado para justificar suas políticas.
O rompimento das relações diplomáticas entre o Brasil e os Estados Unidos também foi um tema abordado por Michelle. Ela argumenta que as tarifas e a crise diplomática que afetaram o relacionamento entre as duas nações eram, na verdade, consequências das políticas de Lula, não de Donald Trump, então presidente dos Estados Unidos. Essa narrativa serve para distanciar o atual movimento bolsonarista de qualquer responsabilidade por episódios passados e posicioná-los como vítimas de tramoias políticas internacionais. Os impactos de Michelle numa possível corrida presidencia:
- Presença midiática consolidada: Frequentemente aparece em eventos públicos e entrevistas, mantendo alta visibilidade junto à população.
- Identificação com pautas sociais: Tem engajamento em temas ligados à inclusão de pessoas com deficiência, assistência social e educação.
- Imagem de integridade pessoal: Sua postura discreta e conduta pessoal reforçam a percepção de confiabilidade e ética.
- Apoio de lideranças políticas: Mantém proximidade com figuras influentes do cenário político, o que pode facilitar alianças estratégicas.
- Base de seguidores fiéis: Construiu uma base de apoiadores nas redes sociais e em movimentos conservadores, importante para mobilização de votos.
- Estilo de comunicação direta: Costuma transmitir mensagens de forma clara e acessível, conectando-se com eleitores de diferentes perfis.
- Associação à imagem do ex-presidente: A relação com Jair Bolsonaro pode reforçar apoio entre eleitores que mantêm afinidade com seu governo.

Como a ex-primeira dama se destaca para uma candidatura em 2026?
Com seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova York, Lula optou por não mencionar diretamente o ex-presidente Bolsonaro, mas firmou um compromisso com a democracia do Brasil. Apesar disso, Michelle se posiciona como uma alternativa viável para capitalizar sobre a base de apoio que ainda nutre ressentimento pelo destino de seu marido.
A questão que se coloca agora é se Michelle terá o respaldo necessário para se lançar ao cenário político em 2026 de forma competitiva. Enquanto muitos analistas acreditam que sua proximidade com a ala conservadora e sua influência na comunidade evangélica podem lhe proporcionar uma plataforma estável, ainda restam dúvidas sobre sua capacidade de se desvencilhar das sombras das controvérsias de Bolsonaro para criar uma identidade política própria.
“O governo Lula parece ter a intenção de provocar o caos no Brasil e depois atribuir isso a Trump, para explorar um cenário caótico que, na realidade, foi criado por suas próprias políticas.”, disse. Os próximos anos serão cruciais para Michelle, que precisará equilibrar a defesa apaixonada de seu marido com a construção de uma narrativa política que não só atrairá os apoiadores já firmes, mas também poderá conquistar novos eleitores em um espectro político mais amplo.
FAQ sobre Michelle Bolsonaro
- Michelle Bolsonaro já atuou em política antes? Embora Michelle nunca tenha ocupado um cargo político eletivo, ela desempenhou papéis de destaque como primeira-dama, estando frequentemente envolvida em discursos e organizações que sustentam as plataformas conservadoras do PL.
- O que motiva Michelle a considerar uma candidatura em 2026? Além de defender os valores nos quais acredita, como a Justiça e os princípios conservadores, Michelle parece estar motivada pela situação de seu marido e pela necessidade de proteger a continuidade do legado político bolsonarista.
- Quais são os riscos políticos para Michelle ao entrar na corrida de 2026? Os riscos incluem a possibilidade de não conseguir ultrapassar o apoio simbólico para formar uma coalizão política viável, além de ter que lidar com a reputação polarizada que o nome Bolsonaro tem no Brasil.