No imaginário coletivo, frequentemente associamos a visibilidade de construções a partir do espaço com monumentos históricos e grandiosos, como as Pirâmides do Egito e a Grande Muralha da China. No entanto, essa concepção, ainda que romântica, está longe de ser precisa. De acordo com a NASA, existem outras construções humanas que podem ser vistas claramente do espaço. Entre estas, destaca-se uma obra moderna que exemplifica a inovação tecnológica atual: o “mar de plástico” localizado na província de Almería, no sul da Espanha.
Esta área, composta por uma vasta extensão de estufas, é uma demonstração notável de como a engenhosidade humana pode transformar completamente uma paisagem. Cobertas por plásticos reflexivos, essas estufas se estendem por cerca de 40.000 hectares, ocupando boa parte da superfície visível da região. A capacidade de refletir a luz solar torna este “mar de plástico” prominente quando se observa a Terra a partir do espaço. Esta vasta área de cultivo intensivo não só é um marco da agricultura moderna, mas também ilustra o impacto visual das atividades humanas sobre o planeta.
O que é o ‘mar de plástico’ de Almería?

O “mar de plástico” é uma referência ao conjunto de estufas que cobrem vastas áreas na província de Almería, Espanha. Uma obra como essa é utilizada para o cultivo de frutas e vegetais sob condições controladas, maximizando a produção agrícola. O uso de material plástico em sua construção possibilita a manutenção de temperatura e umidade ideais, favorecendo o desenvolvimento das plantas. Além de impulsionar a economia local, essas estufas desempenham um papel crucial no fornecimento de produtos agrícolas para diversos países europeus.
A visibilidade destas estufas desde o espaço se deve, principalmente, à sua cobertura de plástico branco, que tem alta capacidade de refletir a luz solar. Este efeito faz com que se assemelhem a um imenso espelho quando vistas de altitudes elevadas, criando um contraste notável com o solo ao redor, predominantemente árido. Assim, a obra não se destaca por suas dimensões, mas por como sua construção interage com a luz, tornando-se uma marca visível na paisagem terrestre.
- Extensão: Cobre cerca de 40.000 hectares, formando um mosaico branco tão vasto que se destaca do espaço.
- Por que é chamado de “mar de plástico”: Quando visto do alto, a grande quantidade de plástico reflete a luz solar, criando a aparência de um mar branco brilhante.
- Visibilidade do espaço: A sua dimensão e a uniformidade das estufas fazem com que seja visível até por satélites em órbita da Terra, algo incomum para construções humanas.
Qual o impacto ambiental e econômico da obra?

O desenvolvimento do “mar de plástico” trouxe tanto benefícios econômicos quanto desafios ambientais para a região. Economicamente, ele transformou Almería em um dos maiores centros de produção hortícola da Europa, gerando empregos e promovendo o crescimento econômico. Contudo, este modelo de agricultura intensiva também levanta preocupações ambientais significativas, incluindo o uso intensivo de água e o descarte inadequado de plásticos, que podem resultar em poluição significativa se não forem geridos corretamente.
A revolução agrícola provocada pelo “mar de plástico” mudou drasticamente a paisagem econômica e social de Almería. Historicamente conhecida por suas condições áridas e solo pouco fértil, a região viu um ressurgimento econômico graças a essas técnicas de cultivo. As estufas permitem uma produção agrícola durante todo o ano, contribuindo para um fornecimento contínuo de produtos agrícolas, especialmente durante os meses de inverno na Europa, quando o cultivo ao ar livre é limitado por condições climáticas adversas.
- Impacto ambiental:
- Alteração do microclima local devido à cobertura extensiva do solo com estufas plásticas, aumentando temperaturas e reduzindo a evaporação natural.
- Contaminação do solo e da água por fertilizantes e pesticidas usados intensivamente nas culturas protegidas.
- Redução da biodiversidade local, com espécies nativas sendo substituídas ou afetadas pelo uso contínuo de plástico e químicos.
- Problemas de gestão de resíduos plásticos, que podem se acumular no solo ou ser descartados de forma inadequada, afetando ecossistemas.
- Efeito visual e paisagístico negativo, tornando a região artificialmente uniforme e impactando o turismo natural.
- Impacto econômico:
- Geração significativa de emprego na agricultura intensiva, atraindo trabalhadores nacionais e estrangeiros.
- Produção anual elevada de frutas e vegetais, contribuindo para a economia regional e exportações para outros países europeus.
- Redução de custos de irrigação e controle de pragas devido ao uso das estufas, aumentando a competitividade dos produtos.
- Dependência econômica de monoculturas específicas, tornando a região vulnerável a flutuações de preços ou pragas.
- Pressão sobre serviços públicos e infraestrutura devido à concentração de mão de obra migrante em áreas próximas às estufas.
@revistagloborural Almería, na região da Andaluzia, na Espanha, tem cerca de 40 mil hectares de estufas que formam o chamado “mar de plástico”, tornando a cidade um dos mais importantes polos produtores de hortifrútis do mundo. A região produz mais de 150 variedades de tomate, que ocupam cerca de oito mil hectares em diferentes estilos de estufa. A Globo Rural esteve na Almería e te conta mais sobre a produção de frutas dentro de estufas. Leia mais em globorural.com.br
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FAQ sobre o ‘mar de plástico’ de Almería
- Essas estufas são uma atração turística em Almería? Sim, muitas pessoas visitam a região para ver as extensas estufas, sendo curiosidade visual e fotográfica, mas não é um ponto turístico tradicional.
- Há alternativas ao uso de plástico nas estufas de Almería? Sim, existem alternativas como coberturas de vidro ou materiais biodegradáveis, mas são mais caras e menos usadas em larga escala.
- Em que aspectos as estufas de Almería impactam a biodiversidade local? Elas alteram habitats naturais, reduzem a diversidade de plantas e animais e podem afetar polinizadores e outros organismos locais.
Esse panorama mostra como a interação entre inovação tecnológica e necessidades humanas pode resultar em construções visíveis do espaço que não são apenas estruturais, mas refletem também a evolução das relações humanas com o meio ambiente. Almería continua a ser um testemunho deste fenômeno global, que ressalta tanto a capacidade humana para modificar o ambiente quanto a necessidade de equilíbrio e sustentabilidade.