A chegada de uma nova medicação para tratar a insônia pode mudar a maneira como muitos brasileiros lidam com as noites em claro. Recentemente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o lemborexante, um medicamento inovador com potencial para transformar os cuidados com o sono. Este remédio, comercializado como Dayvigo, desenvolvido pela farmacêutica japonesa Eisai, é reconhecido por seu mecanismo diferenciado, que promete menor risco de dependência. Essa inovação ganhou notoriedade ao ser eleita pela Universidade de Oxford como a opção mais adequada entre 36 tratamentos avaliado por sua eficácia, aceitabilidade e tolerabilidade.
Como o lemborexante age no organismo?

Lemborexante atua diretamente no cérebro de maneira inovadora, diferente dos benzodiazepínicos e das chamadas drogas Z, comuns no tratamento da insônia. A novidade reside no fato de que, enquanto os medicamentos tradicionais aumentam o risco de abuso e dependência, o lemborexante oferece uma abordagem mais segura, com potencial reduzido de efeitos colaterais. Segundo informações do O Globo, a professora Dalva Poyares, especialista em Medicina do Sono na Universidade Federal de São Paulo, reforça a ideia de que, embora promissor, o novo remédio ainda requer monitoramento constante quanto ao risco de abuso.
Estatísticas mostram que cerca de dois terços da população no Brasil enfrenta dificuldades para dormir, de acordo com a Associação Brasileira do Sono. Em São Paulo, um levantamento realizado pelo Instituto do Sono identificou que 15% das pessoas sofrem de insônia crônica. A insônia não tratada pode comprometer significativamente a qualidade de vida, justificando a busca incessante por tratamentos eficazes e seguros.
- Bloqueio de receptores de orexina: O lemborexante atua como antagonista dos receptores de orexina tipo 1 e 2, neurotransmissores que promovem a vigília. Ao bloqueá-los, ele reduz a atividade que mantém o cérebro acordado.
- Promoção do sono natural: Com a inibição da orexina, o cérebro consegue entrar mais facilmente em fases de sono, tanto inicial quanto profundo, sem alterar o ciclo circadiano de forma significativa.
- Efeito seletivo: Diferente de benzodiazepínicos ou alguns hipnóticos, o lemborexante não potencia diretamente o GABA, o que reduz o risco de dependência ou efeito de “ressaca” matinal intensa.
- Melhora na manutenção do sono: O bloqueio da vigília contínua ajuda a reduzir despertares noturnos, promovendo um sono mais contínuo.
- Metabolização hepática: É metabolizado principalmente pelo fígado, e seus efeitos podem ser influenciados por outros medicamentos que atuam nas mesmas enzimas.
Qual é a diferença entre a abordagem medicamentosa e não medicamentosa?
Apesar do lançamento de medicamentos inovadores, a abordagem inicial recomendada para tratar a insônia não envolve o uso de remédios. A higiene do sono, que inclui a prática de exercícios físicos regulares, redução do uso de telas e consumo de cafeína, e a modificação do ambiente de dormir, é essencial para melhorar a qualidade do sono. Além disso, a Terapia Cognitivo-Comportamental para Insônia (TCC-I) é considerada padrão-ouro no tratamento, atuando nos pensamentos, comportamentos e aspectos fisiológicos que contribuem para a insônia.
Por que o medicamento é promissor?
O lemborexante representa um avanço significativo por sua habilidade em proporcionar alívio sem os riscos elevados de dependência associados aos tratamentos mais antigos. Nos Estados Unidos, onde está disponível desde 2019, o medicamento é utilizado sob monitoramento, com dosagens cuidadosamente ajustadas. No Brasil, ainda estão em discussão a precificação e a regulamentação do uso pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). Espera-se que o remédio chegue ao mercado nacional o mais rápido possível.
No entanto, é importante destacar que, segundo a neurologista Luciana Poyares, o uso de medicamentos deve ser considerado após falhas nos métodos convencionais e ser sempre feito de forma controlada, com supervisão médica. A ideia central é utilizar a menor dose eficaz pelo menor tempo necessário, evitando o uso prolongado e crônico, o que requer atenção dos pacientes e profissionais de saúde.

FAQ sobre medicamento para insônia
- Quando o lemborexante estará disponível no Brasil? Ainda não há uma data exata, mas espera-se que o medicamento chegue ao mercado assim que todas as etapas regulatórias forem concluídas.
- O lemborexante é adequado para todas as idades? A aprovação da Anvisa é apenas para adultos, e o uso em faixas etárias mais jovens não está autorizado.
- Quais são os principais efeitos colaterais do lemborexante? Até o momento, o lemborexante é considerado seguro com baixa incidência de efeitos colaterais, no entanto, a observação contínua é fundamental para identificar quaisquer problemas emergentes.
- Posso usar lemborexante junto com outros tratamentos para insônia? Qualquer combinação de tratamentos deve ser supervisionada por um profissional de saúde para evitar interações e garantir a segurança e a eficácia do tratamento.
- Existe algum risco no uso prolongado de lemborexante? O uso contínuo deve ser monitorado por médicos, com foco em doses mínimas e a menor duração possível para mitigar possíveis riscos ainda não completamente identificados.