Uma nova descoberta arqueológica na Ilha de Páscoa causou alvoroço entre estudiosos e o povo Rapa Nui. Recentemente, uma estátua moai emergiu do fundo seguro de um lago seco, intrigando especialistas que acreditavam ter identificado todas as esculturas monumentais da região. Esta figura de pedra foi localizada no leito do lago Rano Raraku, amplamente reconhecido como o berço das icônicas esculturas criadas entre os séculos XIII e XVI.
Como foi feita a descoberta do novo moai na Ilha de Páscoa?
O arqueólogo Terry Hunt, da Universidade do Arizona, expressou sua surpresa ao se deparar com esta estátua, afirmando à GMA: “Achávamos que conhecíamos todos os moais”. Esta é a primeira vez que um moai é encontrado dentro do lago Rano Raraku, ressaltando a importância e o impacto desta descoberta para a arqueologia. A estátua foi revelada graças a uma seca que expôs áreas do lago anteriormente encobertas por densa vegetação.
O povo indígena Rapa Nui, responsável pela administração do parque nacional da ilha, considera o achado profundamente simbólico. “Nem nossos avós sabiam da existência dele”, compartilhou Salvador Atan Hito, líder do grupo Ma’u Henua, ao mencionar a importância cultural e histórica deste moai oculto.
Quais as características do moai descoberto?
A recente estátua identificada é uma das menores entre os moais já descobertos. Características típicas de moais finalizados estão presentes, como órbitas oculares detalhadamente esculpidas e uma base plana, sugerindo que ela poderia estar pronta para ser erguida. A possibilidade de que mais esculturas estejam escondidas sob os sedimentos do lago leva pesquisadores a planejar o uso de tecnologia de radar para explorar a área.
A descoberta não apenas enriquece o conhecimento sobre os moais, mas também desafia a velha narrativa de que todas as esculturas estavam devidamente catalogadas. A persistência em desvendar os mistérios sob o lago revela a tenacidade dos arqueólogos na busca pelo entendimento completo da história da Ilha de Páscoa.
Quais os mistérios acerca do isolamento da Ilha de Páscoa?
Além das recentes descobertas arqueológicas, novos estudos revisitam e desafiam a antiga visão do isolamento cultural da Ilha de Páscoa. Pesquisas da Universidade de Uppsala, na Suécia, sugerem que a ilha foi colonizada várias vezes por diferentes grupos oriundos de várias partes da Polinésia, contradizendo a ideia de um isolamento secular dos Rapa Nui. Segundo os pesquisadores, templos ritualísticos conhecidos como ahu se originaram na ilha para depois se disseminarem por outras áreas do Pacífico.
Baseando-se em comparações arqueológicas e datações por radiocarbono, esta hipótese marca uma mudança fundamental na compreensão da história da região, sublinhando o papel central da Ilha de Páscoa no contexto da colonização polinésia.
Os principais mistérios da Ilha de Páscoa são:
- A origem do povo Rapa Nui: Acredita-se que os primeiros habitantes da ilha tenham chegado em pequenas embarcações de casco duplo, vindos da Polinésia, entre os séculos V e VIII d.C. A conexão com outros povos polinésios é amplamente aceita devido à semelhança do idioma e de outras tradições. No entanto, estudos recentes com análise de DNA sugerem que os Rapa Nui podem ter tido contato e trocado genes com povos da América do Sul bem antes da chegada dos europeus.
- A construção e transporte dos Moais: As centenas de estátuas gigantes, conhecidas como Moais, impressionam não apenas por seu tamanho (algumas chegam a pesar dezenas de toneladas), mas também pela forma como foram esculpidas e, principalmente, transportadas por longas distâncias através da ilha. Não há registros escritos da época, mas teorias sugerem que o transporte pode ter sido feito com as estátuas na posição vertical, usando cordas, ou deitadas sobre trilhos de madeira.
- O colapso da civilização Rapa Nui: A teoria mais popular defendia que a população, ao crescer, teria explorado e desmatado a ilha de forma insustentável, causando a escassez de recursos, fome e guerras internas, o que teria levado ao colapso da sociedade. Essa versão, popularizada pelo geógrafo Jared Diamond, sugere que o desmatamento foi a principal causa da crise. No entanto, estudos mais recentes com análise de DNA e mapeamento agrícola questionam essa visão, sugerindo que a população não era tão numerosa e que as técnicas de cultivo eram mais sustentáveis. A nova teoria aponta que o verdadeiro e devastador colapso populacional ocorreu após o contato com os europeus, que trouxeram doenças, violência e escravidão.
- A derrubada dos Moais: Quando os exploradores europeus chegaram à ilha no século XVIII, encontraram a maioria dos Moais derrubados. Uma das explicações mais aceitas para esse fenômeno é que, durante os conflitos internos entre os clãs, as estátuas eram derrubadas como uma forma de humilhar e destruir o “mana” (energia espiritual) dos ancestrais dos clãs rivais.
Quais os próximos passos?
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— Artur Alves (@lebigh_official) June 19, 2025
A recente descoberta impulsionou um renovado interesse no mapeamento arqueológico da Ilha de Páscoa. A aplicação de tecnologias avançadas, como radares de penetração no solo, promete iluminar outros mistérios escondidos sob o solo e a vegetação da ilha. Esta integração entre tecnologia moderna e pesquisa arqueológica oferece novas perspectivas para desvendar os segredos mantidos por séculos na ilha.
Para os Rapa Nui e os cientistas, as implicações destas descobertas vão além do âmbito arqueológico. Elas promovem uma reflexão mais ampla sobre o patrimônio cultural e histórico da ilha e de seus habitantes, além de fomentar o debate sobre o modo de vida dos antigos habitantes e sua interação com outros povos polinésios.
FAQ
- O que é um moai? Os moais são estátuas monumentais esculpidas na Ilha de Páscoa, conhecidas por suas expressões icônicas e significância cultural.
- Por que a descoberta do moai no lago Rano Raraku é importante? Esta descoberta desafia o entendimento atual do número e localização de moais, além de impulsionar o uso de novas tecnologias para exploração arqueológica.
- Qual é a nova visão sobre a colonização da Ilha de Páscoa? Novas pesquisas sugerem que a Ilha de Páscoa foi colonizada por diferentes grupos polinésios em várias ocasiões, desafiando a ideia de isolamento prolongado.
