Nos últimos anos, o uso do celular se tornou parte do cotidiano de milhões de pessoas, estando presente em momentos de lazer, trabalho e até mesmo em situações íntimas, como a ida ao banheiro. Esse hábito, que pode parecer inofensivo à primeira vista, traz preocupações crescentes para a saúde, especialmente quando se analisa o impacto sobre a região anal e o surgimento de hemorroidas.
Estudos científicos apontam que a permanência prolongada no vaso sanitário, motivada pela distração proporcionada pelo celular, pode aumentar significativamente o risco de desenvolvimento de complicações anorretais. O tempo extra sentado resulta em maior pressão sobre as veias do ânus, contribuindo para o aparecimento de dores, inflamações e até sangramentos.
Quais os riscos do uso do celular no banheiro?

Os especialistas destacam que o principal perigo do uso do celular enquanto se está no vaso sanitário é a tendência de ficar mais tempo sentado, geralmente sem perceber. Esse aumento no tempo leva a uma sobrecarga das estruturas vasculares da região, favorecendo a dilatação dos vasos sanguíneos hemorroidários. O hábito, repetido diariamente, intensifica os riscos, tornando o quadro mais recorrente e difícil de tratar.
De acordo com um estudo publicado no periódico “Diseases of the Colon & Rectum”, pessoas que permanecem no banheiro por mais de cinco minutos, principalmente sentadas, têm um aumento considerável na incidência de hemorroidas. O tempo excessivo pode ainda causar fissuras anais, além de agravar condições preexistentes, como prolapso retal.
- Contaminação bacteriana:
- Acúmulo de germes: O banheiro é um ambiente propício para a proliferação de bactérias, como E. coli e Salmonella. Ao dar descarga, partículas microscópicas podem se espalhar pelo ar e se depositar em superfícies próximas, incluindo o seu celular.
- Transmissão para outras partes do corpo: O celular pode acumular 10 vezes mais bactérias do que um assento de vaso sanitário. Ao tocar no aparelho após usar o banheiro e antes de lavar as mãos, você transfere essas bactérias para o seu dispositivo e, subsequentemente, para outras partes do corpo, como o rosto (boca, nariz, olhos), aumentando o risco de infecções.
- Bactérias resistentes: Alguns estudos já identificaram bactérias resistentes a antibióticos em celulares, o que dificulta o tratamento de possíveis infecções.
- Problemas de saúde na região anal:
- Hemorroidas: O hábito de usar o celular no banheiro prolonga o tempo sentado no vaso sanitário. Essa posição, por si só, aumenta a pressão nas veias do reto e do ânus, mesmo sem esforço, o que pode levar ao inchaço e inflamação dessas veias, resultando em hemorroidas.
- Fissuras anais: O esforço excessivo e a constipação (muitas vezes agravada pelo tempo prolongado no vaso, que pode dificultar a evacuação natural) podem levar ao surgimento de fissuras na pele sensível ao redor do ânus.
- Prolapso retal: Em casos mais graves, o tempo prolongado e o esforço podem contribuir para o prolapso retal, uma condição em que parte do intestino sai pelo ânus.
- Alteração do peristaltismo: O uso do celular pode desviar a atenção do corpo para o processo de evacuação, podendo afetar o peristaltismo (as contrações que movem as fezes), contribuindo para a constipação e o esforço desnecessário.
De que forma o tempo no vaso sanitário afeta a saúde anal?
Quando alguém fica sentado por períodos prolongados no vaso, ocorre uma elevação da pressão intra-abdominal, dificultando o retorno venoso e promovendo a congestão das veias anorretais. Este ambiente é propício para o surgimento de edemas, desconfortos e outras complicações que comprometem a saúde do reto e do ânus.
- Maior pressão: o peso do corpo é direcionado para a região perianal, dificultando a circulação sanguínea;
- Estímulo à evacuação forçada: distrações provocam a perda da percepção natural, favorecendo episódios de constipação ou esforço intenso para evacuar;
- Risco de infecções: a exposição ao ambiente do banheiro aumenta a chance de contato com microrganismos prejudiciais.
Esses fatores tornam-se ainda mais preocupantes quando se considera que muitos usuários desconhecem os perigos desse hábito, acreditando que se trata apenas de uma prática moderna comum.
O uso do celular pode causar hemorroidas?
Diversas pesquisas recentes reforçam a ligação entre o uso do celular no banheiro e o surgimento de hemorroidas. Um levantamento divulgado em 2023 pelo “Journal of Clinical Gastroenterology” revelou que 43% dos entrevistados assumiram utilizar o aparelho durante a evacuação, e dentre esses, mais da metade relatou sintomas típicos de hemorroidas, como dor, coceira e sangramento.
Outro estudo realizado em 2024, na Inglaterra, identificou que pessoas que adotam o hábito de levar o celular ao banheiro apresentaram um aumento de 25% no diagnóstico de doenças anorretais quando comparadas a quem evita o dispositivo neste momento. Os dados apontam ainda que a distração oferecida pode contribuir para ignorar sinais iniciais de desconforto, dificultando a prevenção.
Como adotar hábitos mais saudáveis na rotina?
Mudanças simples podem ser implementadas para reduzir os riscos associados ao uso do celular no banheiro. Entre as principais recomendações destacam-se:
- Limitar o tempo sentado ao estritamente necessário para a evacuação;
- Evitar levar dispositivos eletrônicos para o banheiro;
- Manter uma rotina intestinal saudável, com alimentação rica em fibras e boa hidratação;
- Procurar atendimento médico no surgimento de sintomas como dor, sangramento ou desconforto persistente na região anal;
- Realizar pausas ao longo do dia para levantar e caminhar, evitando o sedentarismo.
Adotar esses cuidados contribui não só para a prevenção de hemorroidas, mas também para a saúde global do organismo, protegendo outras áreas que podem ser afetadas pela má postura e sedentarismo.
A consciência sobre os impactos desse hábito é fundamental para evitar complicações futuras. Ao compreender as consequências do uso do celular durante a permanência no vaso sanitário, é possível adotar medidas eficazes e preservar a saúde do sistema digestivo e da região anorretal.