Mesmo para quem não acompanha de perto as informações do governo dos Estados Unidos, as recentes declarações do presidente Donald Trump ganharam destaque ao trazer um tema inusitado para o centro do debate: a fórmula da Coca-Cola comercializada no país. O anúncio de possíveis mudanças na composição da bebida, amplamente consumida no mercado norte-americano, chamou a atenção tanto pelo impacto cultural quanto pelas questões econômicas envolvidas.
Nesta quinta-feira (17/7), o presidente informou que a multinacional Coca-Cola estaria disposta a substituir o xarope de milho de alta frutose, utilizado até o momento em sua produção nos EUA, por açúcar de cana. A alteração da receita tradicional da Coca-Cola nos Estados Unidos levanta discussões sobre os motivos que a motivaram e como isso pode afetar o paladar do consumidor americano, acostumado com o sabor atual há décadas.
Por que a Coca-Cola utiliza xarope de milho nos Estados Unidos?
"I have been speaking to @CocaCola about using REAL Cane Sugar in Coke in the United States, and they have agreed to do so. I’d like to thank all of those in authority at Coca-Cola. This will be a very good move by them — You’ll see. It’s just better!" –President Donald J. Trump pic.twitter.com/9L27oxlYUj
— The White House (@WhiteHouse) July 16, 2025
Historicamente, a escolha do xarope de milho como adoçante principal nos refrigerantes americanos está relacionada a questões econômicas e políticas agrícolas. Desde os anos 1980, o alto custo do açúcar de cana no país, somado a incentivos à indústria de milho, fez com que muitas empresas optassem pelo ingrediente como alternativa de adoçante. Isso resultou em um perfil de sabor distinto dos refrigerantes vendidos em outras regiões do mundo, como México e Europa, onde o açúcar de cana ainda é amplamente utilizado.
Essas decisões também refletem o forte lobby do setor agrícola nos Estados Unidos, especialmente de produtores de milho do Meio-Oeste. O uso do xarope de milho rico em frutose trouxe vantagens financeiras para a indústria, mas ao longo do tempo, levantou questionamentos sobre possíveis impactos para a saúde, incentivando discussões acerca dos ingredientes presentes em produtos alimentícios industrializados.
Com a troca do xarope de milho de alta frutose pelo açúcar de cana, a fórmula da Coca-Cola nos Estados Unidos passará a se alinhar com a de outros países – como México, Brasil e grande parte da Europa – onde o açúcar de cana já é o padrão utilizado como adoçante. Isso demonstra uma aproximação da receita americana às práticas internacionais da empresa, promovendo uma maior uniformidade global no sabor da bebida.
O que muda na receita da Coca-Cola americana?

A principal mudança anunciada envolve a substituição do adoçante. A Coca-Cola passaria a ser produzida com açúcar de cana, aproximando a fórmula da versão disponível em países como México e Brasil, onde o sabor é mais próximo da original criada no século XIX. Segundo informações, ainda não há confirmação oficial da empresa sobre datas para a implementação ou detalhes técnicos da nova receita, mas a declaração do presidente gerou grande repercussão no mercado e entre consumidores.
A troca de adoçante não deve alterar outros ingredientes da bebida, como o extrato de folha de coca, cafeína e aromatizantes naturais. No entanto, especialistas em alimentação afirmam que, mesmo mudanças consideradas pequenas para o consumidor, podem impactar diferenças sutis de sabor, textura e aroma. Tais características costumam ser percebidas principalmente por quem consome Coca-Cola de origem mexicana ou de outros países, comparando-a com a versão americana.
- Substituição do adoçante: A maior e mais significativa mudança seria a troca do xarope de milho de alta frutose pelo açúcar de cana. Isso alinharia a Coca-Cola americana com a receita usada em muitos outros países, incluindo o Brasil e o México, onde a bebida já é adoçada com açúcar de cana.
- Sabor e percepção do consumidor: Embora especialistas em saúde digam que não há benefício nutricional significativo entre os dois tipos de açúcar, alguns consumidores preferem o sabor da Coca-Cola feita com açúcar de cana, considerando-a “melhor” ou mais “autêntica”. Isso pode influenciar a percepção do público sobre o produto.
Como a mudança pode impactar?
A substituição do xarope de milho pelo açúcar de cana pode afetar diversos setores. Para os consumidores, há a expectativa de um sabor mais próximo do clássico, além do debate em torno de eventuais benefícios à saúde, já que algumas pesquisas sugerem que o consumo excessivo de xarope de milho pode estar relacionado a questões como obesidade. Por outro lado, agricultores americanos e a indústria de milho podem sentir os efeitos econômicos de uma possível redução na demanda pelo produto.
- Mercado de bebidas: a movimentação da Coca-Cola pode influenciar concorrentes a repensarem suas fórmulas.
- Exportações: o açúcar de cana se tornaria ainda mais valorizado, fortalecendo relações comerciais com países exportadores, como o Brasil e o México.
- Reações do público: consumidores americanos, especialmente os mais tradicionais, poderão avaliar a diferença de sabor encontrados na nova versão.
Como outras nações produzem a Coca-Cola?

Diferente dos Estados Unidos, muitos países da América Latina, Europa e Ásia já utilizam açúcar de cana como adoçante em suas fórmulas de refrigerante. A versão mexicana, conhecida por seu sabor mais suave e marcante, é exportada para diversas partes do mundo e costuma ser procurada inclusive por americanos que preferem a composição original. Vale lembrar que as especificidades de gosto variam de acordo com hábitos culturais e disponibilidade de ingredientes em cada região.
A mudança anunciada pode provocar um realinhamento nos padrões de consumo, aproximando o perfil de sabor da Coca-Cola nos Estados Unidos ao que é conhecido em outros mercados internacionais. A iniciativa reforça a influência do tema alimentar no contexto político e econômico dos EUA em 2025.
Com a apropriação do tema pela esfera política, a discussão sobre a fórmula da Coca-Cola reflete a constante busca por inovação no setor de bebidas. Ao mesmo tempo, chama a atenção para a relação entre indústria alimentícia, políticas públicas e preferências dos consumidores. A eventual atualização na receita pode abrir portas para novos debates sobre ingredientes, rotulagem e padrões de qualidade.