Dados recentes sobre a saúde do homem no Brasil revelam uma diferença significativa na expectativa de vida entre os sexos. Homens brasileiros apresentam uma expectativa de vida consideravelmente menor quando comparados às mulheres, conforme atestado por órgãos oficiais do país. As estatísticas indicam que, além de viverem menos, indivíduos do sexo masculino enfrentam obstáculos relacionados à prevenção e ao cuidado com a saúde física e mental.
De acordo com números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados em 2024, a média de vida dos homens está em 73,1 anos, quase sete anos inferior à expectativa feminina. Especialistas relacionam essas diferenças a fatores diversos, como maior exposição à violência, negligência de cuidados médicos de rotina e dificuldades culturais para discutir questões emocionais, que seguem impactando muitos brasileiros.
Quais fatores contribuem para a menor expectativa de vida dos homens?

Entre os aspectos levantados por pesquisadores e profissionais de saúde, destaca-se a exposição dos homens a situações de risco, incluindo acidentes de trânsito e violência urbana. Jovens do sexo masculino, especialmente aqueles entre 20 e 24 anos, têm uma probabilidade 4,1 vezes maior de sofrer mortalidade precoce quando comparados às mulheres da mesma faixa etária. Esse cenário é mantido ao longo das décadas, contribuindo para a queda na razão entre homens e mulheres observada pelo Censo de 2022.
Outro ponto relevante é a resistência cultural ao autocuidado e à busca por serviços de saúde. No Brasil, muitos homens tendem a adiar consultas preventivas e ignorar sintomas que poderiam ser tratados se diagnosticados precocemente, ampliando os riscos tanto para doenças crônicas quanto para problemas decorrentes da saúde mental.
Comportamentos de risco e causas externas
- Violência e acidentes: Homens estão mais envolvidos em casos de violência interpessoal (homicídios) e acidentes de trânsito, que são causas significativas de mortalidade, especialmente em faixas etárias mais jovens.
- Uso de substâncias: O consumo excessivo de álcool e o uso de drogas ilícitas são mais prevalentes entre os homens, contribuindo para doenças crônicas, acidentes e overdoses.
- Trabalhos perigosos: A maioria dos trabalhos de grande periculosidade (como construção civil, mineração, bombeiros, forças de segurança) é exercida por homens, aumentando o risco de acidentes de trabalho fatais.
Hábitos de saúde e acesso a serviços
- Menor procura por serviços de saúde: Homens tendem a buscar menos atendimento médico preventivo e rotineiro, resultando em diagnósticos tardios de doenças, que muitas vezes já estão em estágios avançados e mais difíceis de tratar.
- Resistência em lidar com a saúde mental: Apesar de as mulheres apresentarem maior prevalência de depressão, os homens têm maiores taxas de suicídio, possivelmente devido à menor busca por ajuda para problemas de saúde mental.
- Fatores de risco para doenças crônicas: Há uma maior carga de doenças relacionadas à pressão arterial e colesterol alto em homens, que muitas vezes são negligenciadas.
Aspectos biológicos e hormonais
- Mortalidade infantil: A mortalidade infantil é mais comum entre os bebês do sexo masculino.
- Amadurecimento cerebral: A região do cérebro responsável pelo controle da impulsividade e julgamento amadurece mais lentamente nos homens, o que pode levá-los a analisar menos as consequências de seus atos, especialmente na juventude.
Por que a saúde mental masculina é motivo de preocupação?
A taxa de suicídio entre homens brasileiros evidencia uma crise silenciosa: chega a 12,6 por 100 mil habitantes, mais que o dobro em relação às mulheres. O estigma que envolve a procura por terapias ou o simples ato de falar sobre emoções ainda é um entrave para a prevenção. Segundo dados oficiais recentes, cerca de 79% das mortes por suicídio no país em 2022 foram de homens, o que reforça a importância de ampliar discussões sobre saúde emocional no universo masculino.
- O tabu sobre vulnerabilidade emocional dificulta o acolhimento e o diagnóstico precoce de transtornos mentais.
- Estereótipos sociais perpetuam a ideia da força absoluta e inibem comportamentos de cuidado.
- Faltam campanhas de conscientização voltadas para o público masculino.
Como a prevenção pode mudar este cenário?

A mudança desse panorama depende da combinação de informação ampla, campanhas educativas e atualização das políticas públicas. Especialistas recomendam que a prevenção se torne um hábito, abrangendo desde os exames médicos de rotina até o cuidado integral com a saúde emocional. Conhecer sintomas iniciais e procurar serviços especializados são passos fundamentais para homens de todas as idades.
- Realizar check-ups periódicos, independentemente da presença de sintomas.
- Adotar uma comunicação aberta sobre questões emocionais e buscar apoio se necessário.
- Aderir a programas de promoção da saúde e acompanhamento em serviços públicos.
O incentivo à participação dos homens nas iniciativas de saúde coletiva, inclusive no contexto do Dia do Homem celebrado em 15 de julho, representa mais uma oportunidade para impulsionar o diálogo nacional sobre longevidade e qualidade de vida masculina no Brasil em 2025.
Quais os próximos passos?
Promover ambientes mais acolhedores nos serviços de saúde, intensificar campanhas de combate ao estigma e estimular a educação sobre autocuidado representam caminhos importantes para reverter o quadro atual. Políticas públicas articuladas podem favorecer o acesso à informação, auxiliando na redução das desigualdades e na ampliação da expectativa de vida masculina.
Os dados reforçam a urgência de olhar com atenção para as questões que afetam diretamente a realidade dos homens. Discutir saúde masculina, portanto, é fundamental para criar uma sociedade mais equilibrada e saudável.