Na manhã desta segunda-feira (14/7), um incidente envolvendo um avião da Azul Linhas Aéreas chamou atenção no espaço aéreo brasileiro. A aeronave, que fazia o trajeto entre o aeroporto de Congonhas, na capital paulista, e o Santos Dumont, no Rio de Janeiro, enfrentou uma situação atípica durante sua aproximação ao destino. Relatos confirmam que houve uma despressurização na cabine, levando a tripulação a ativar protocolos de segurança já previstos para esse tipo de ocorrência.
Logo após o início do problema técnico, as máscaras de oxigênio foram acionadas automaticamente, permitindo que os passageiros e tripulantes mantivessem a respiração adequada durante o restante do voo. O comandante, cumprindo os procedimentos estabelecidos para emergências, solicitou prioridade para o pouso ao controle de tráfego aéreo do Rio de Janeiro.
Como funcionam os protocolos de segurança em casos de despressurização?

O processo de despressurização aciona, de forma automática, uma série de medidas preventivas. Entre elas, destaca-se a liberação das máscaras de oxigênio, elemento obrigatório em aeronaves comerciais operando em altitudes elevadas. A tripulação comunica imediatamente o ocorrido ao cockpit, que por sua vez avisa os órgãos de controle do espaço aéreo para assegurar prioridade no pouso, reduzindo riscos aos ocupantes.
Durante eventos desse tipo, as ações são coordenadas para minimizar o estresse da tripulação e dos passageiros. O protocolo de emergência determina a descida rápida da aeronave para altitudes mais baixas, onde a concentração de oxigênio no ar é suficiente para a respiração normal.
Como uma despressurização é causada no voo?
A despressurização pode ser causada por falhas mecânicas, pane em sistemas eletrônicos do avião ou mesmo por rachaduras estruturais que comprometam a vedação da cabine. Embora rara, essa situação requer resposta imediata devido ao risco potencial de hipóxia, condição que acontece quando o corpo não recebe oxigênio suficiente, afetando a lucidez e podendo levar à perda de consciência.
- Falha estrutural:
- Ruptura de janelas, portas ou fuselagem: Danos na estrutura da aeronave, como rachaduras, fadiga do material, ou impacto (por exemplo, colisão com pássaros ou objetos no solo), podem criar uma abertura que leva à perda de pressão.
- Explosão em voo: Pode ser causada por falha de um sistema, carga perigosa a bordo, ou um ato malicioso (como um dispositivo explosivo).
- Falha do sistema de pressurização:
- Mau funcionamento de válvulas de saída (outflow valves): Essas válvulas controlam o fluxo de ar para fora da cabine, regulando a pressão interna. Se elas falharem, podem abrir excessivamente e causar uma perda de pressão.
- Falha dos compressores de ar (packs): Os sistemas que fornecem ar pressurizado para a cabine (conhecidos como “packs”) podem falhar, resultando em uma perda gradual ou total da pressurização.
- Configuração incorreta do sistema: Erros na operação ou na manutenção, como deixar o sistema de pressurização no modo manual em vez de automático, podem levar à despressurização.
- Ações da tripulação (inadvertidas ou deliberadas):
- Entrada incorreta de controles: Ativação acidental ou incorreta de um controle crítico de pressurização.
- Ação deliberada: Em casos extremos, um piloto pode considerar despressurizar a cabine intencionalmente, por exemplo, para dispersar fumaça.
Riscos da despressurização em voo
Os riscos associados à despressurização são principalmente fisiológicos e podem ser graves, especialmente em altas altitudes e se não forem tratados rapidamente:
- Hipóxia (falta de oxigênio):
- É o risco mais sério e imediato. Em altitudes elevadas, a redução da pressão do ar significa menos oxigênio disponível para o corpo.
- Sintomas: Tontura, dor de cabeça, náusea, visão turva ou em túnel, formigamento, confusão mental, dificuldade de concentração, julgamento prejudicado, e, eventualmente, perda de consciência.
- Tempo de Consciência Útil (TCU): Em altitudes de cruzeiro (por exemplo, 10.000 metros), o tempo que uma pessoa tem antes de ficar incapacitada pela hipóxia pode ser inferior a um minuto, o que destaca a urgência de usar as máscaras de oxigênio.
- Barotrauma (lesões por diferença de pressão):
- Ocorre devido à rápida expansão ou contração de gases em cavidades do corpo, como ouvidos, seios da face, dentes e trato gastrointestinal.
- Sintomas: Dor intensa nos ouvidos, sangramento nasal, ruptura do tímpano em casos graves, dor nos seios da face e no abdômen.
- Aeroembolismo (doença da descompressão):
- Similar aos “bends” dos mergulhadores, ocorre quando o nitrogênio dissolvido no sangue e nos tecidos forma bolhas devido à rápida queda de pressão.
- Sintomas: Dor nas articulações, erupções cutâneas, e em casos mais graves, sintomas neurológicos e problemas respiratórios. Embora seja mais comum em exposições prolongadas a altas altitudes, pode ocorrer em despressurizações rápidas.
- Frio extremo:
- Em altas altitudes, a temperatura externa é extremamente baixa. Uma despressurização, especialmente se for uma descompressão explosiva, pode expor a cabine a temperaturas congelantes, levando a hipotermia e congelamento.
- Trauma físico:
- Em uma descompressão explosiva (onde a pressão da cabine cai abruptamente em menos de um segundo), objetos soltos e até pessoas podem ser projetados com força dentro da cabine ou para fora da aeronave se houver uma grande abertura.
No caso registrado nesta semana, a detecção rápida do problema permitiu a adoção de todos os procedimentos previstos, reduzindo significativamente qualquer possibilidade de complicação maior.
Como as companhias aéreas garantem a segurança dos passageiros?

A Azul, assim como outras companhias aéreas certificadas, segue normas rigorosas de manutenção de aeronaves e treinamento de equipes. A presença de equipamentos de oxigênio de emergência, rotinas de verificação antes de cada voo e manutenção preventiva fazem parte da rotina dessas empresas.
- Manutenção regular das aeronaves, seguindo o cronograma estabelecido pelas autoridades de aviação civil.
- Treinamento frequente da tripulação, inclusive com simulações de situações de emergência.
- Inspeções detalhadas antes e após cada viagem.
Este episódio reforça o compromisso das companhias com a segurança de viagens aéreas. Após o pouso no Rio de Janeiro, todos os passageiros desembarcaram sem a necessidade de assistência médica adicional, e a aeronave foi direcionada à inspeção técnica para apuração das causas do incidente.
A adoção de protocolos eficientes e investimentos constantes em tecnologia de segurança fazem parte da rotina do setor aeronáutico, contribuindo para manter a confiança dos viajantes. Incidentes como o registrado entre São Paulo e Rio de Janeiro ilustram a importância de procedimentos bem definidos e treinamento rigoroso das equipes envolvidas na operação aérea.