O Esporte Clube Bahia vive um capítulo marcante em sua trajetória desde que firmou parceria com o Grupo City, em 2023. Não se trata apenas de um acordo comercial; a entrada do conglomerado internacional abriu portas para uma nova perspectiva de gestão, investimentos e visibilidade para o tricolor baiano. Com a alienação de 90% da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) para o grupo, o clube se alinha a práticas comuns em centros esportivos de referência mundial, destacando-se no cenário nacional.
O montante financeiro envolvido, com previsão de investimento de R$ 1 bilhão nos próximos 15 anos, já começou a refletir em reformas na infraestrutura do clube e nos métodos de preparação de atletas. Esses recursos contribuem não apenas para superar desafios esportivos, mas também para colocar o Bahia em sintonia com padrões globais de excelência, ampliando as expectativas para novas conquistas esportivas e desenvolvimento institucional.
Como o Grupo City vem alterando a rotina do Bahia?

A presença do Grupo City em Salvador trouxe mudanças significativas na administração e no dia a dia do clube. O aporte inicial de recursos foi direcionado a áreas fundamentais, como o centro de treinamento, as categorias de base e os processos de análise de desempenho. Estas ações têm como objetivo proporcionar ao Bahia uma estrutura comparável à das mais renomadas equipes do futebol internacional.
A influência do conglomerado vai além da transferência de fundos: está associada à disseminação de métodos avançados de gerenciamento, apoiados por tecnologia e integração entre clubes. A troca de informações com outras equipes da rede, como Manchester City, New York City FC e Yokohama F. Marinos, impulsiona ideias de planejamento estratégico, captação de talentos e valorização da marca Bahia.
Quais as vantagens e consequências dessa nova fase para o clube?
Entre os benefícios proporcionados pela parceria, destaca-se a maior visibilidade internacional. O Bahia ganha acesso privilegiado a mercados esportivos e patrocinadores, tornando-se uma porta de entrada para jogadores brasileiros em busca de experiência global. Além disso, a integração facilita a adoção de tecnologias de ponta em medicina esportiva, análise de performance e preparação tática.
Vantagens
- Investimento financeiro robusto: O Grupo City se comprometeu a injetar R$ 1 bilhão no clube ao longo de 15 anos, o que proporciona um fôlego financeiro sem precedentes para o Bahia. Esse investimento é dividido em áreas cruciais como a compra de jogadores (mínimo de R$ 500 milhões), pagamento de dívidas (R$ 300 milhões) e infraestrutura/categorias de base (R$ 200 milhões).
- Gestão profissional e expertise global: O Grupo City possui uma vasta experiência na gestão de diversos clubes ao redor do mundo, incluindo o Manchester City. Isso permite ao Bahia se beneficiar de um know-how administrativo e esportivo de alto nível, com acesso a metodologias de treinamento, scouting e desenvolvimento de atletas.
- Fortalecimento do elenco e maior competitividade: Com o investimento em contratações, o Bahia tem a capacidade de montar elencos mais fortes e competitivos, buscando melhores resultados nas competições nacionais e internacionais.
- Desenvolvimento da base: Parte do investimento é destinada à infraestrutura e categorias de base, o que pode impulsionar a formação de novos talentos e, consequentemente, gerar receita futura com a venda de jogadores.
- Alcance global da marca: Fazer parte de um grupo multiclube como o City Football Group amplia a visibilidade da marca Bahia em nível internacional, atraindo novos torcedores e patrocinadores. O CEO do Grupo City chegou a posicionar o Bahia como o segundo maior clube do grupo em termos de tamanho e potencial.
- Melhora da infraestrutura: Os investimentos em infraestrutura visam modernizar as instalações do clube, como o Centro de Treinamento, proporcionando melhores condições para os atletas e profissionais.
Consequências
- Aumento da expectativa e pressão: Com o grande investimento e a nova gestão, a expectativa da torcida e da mídia sobre o desempenho do Bahia é naturalmente elevada. Isso gera uma pressão maior por resultados imediatos, o que pode ser um desafio.
- Possível descaracterização cultural: Existe a preocupação de que a cultura e a identidade do clube possam ser influenciadas ou, em alguns aspectos, até mesmo diluídas por uma gestão globalizada que busca padronizar processos.
- Prejuízos iniciais: É natural que nos primeiros anos de uma SAF e com investimentos pesados, o clube apresente prejuízos. O próprio Grupo City tem histórico de prejuízos em alguns de seus clubes, com o Manchester City sendo o principal gerador de lucro.
- Inflação do mercado: A entrada de um grupo com alto poder aquisitivo no futebol brasileiro pode contribuir para a inflação dos valores de jogadores e salários no mercado nacional.
- Dependência da estratégia do grupo: As decisões estratégicas do Bahia estarão alinhadas com a visão global do Grupo City, o que pode limitar a autonomia do clube em certas áreas.
Quem lidera o Grupo City?

O Grupo City, liderado por Mansour Bin Zayed Al Nahyan, ganhou notoriedade desde a aquisição do Manchester City, em 2008. A filosofia do conglomerado é baseada em investimento contínuo, gestão disciplinada e troca de experiências entre clubes de múltiplos continentes. Presente atualmente em destinos como Estados Unidos, Austrália e Japão, o grupo contribui para transformar clubes locais em referências esportivas e comerciais.
A estratégia de unir equipes sob a mesma bandeira favorece a circulação de profissionais qualificados, transferência de conhecimento técnico e desenvolvimento de projetos sociais, pontos que também alcançam o Esporte Clube Bahia. Essas premissas colaboraram para que o Grupo City consolidasse um modelo esportivo de projeção internacional, defendendo a busca pela excelência dentro e fora de campo.
HH Sheikh Mansour bin Zayed Al Nahyan, Vice President, Deputy Prime Minister and Chairman of the Presidential Court, today attended the Abu Dhabi Summer Sports (ADSS), organised by ADNEC Group and Abu Dhabi Sports Council at the Abu Dhabi National Exhibition Centre (ADNEC)#UAE… pic.twitter.com/p4XSWNx8H6
— UAE Forsan (@UAE_Forsan) July 16, 2025
Como ele se destaca no futebol?
O Sheik Mansour se destaca no futebol principalmente através de seus investimentos estratégicos e da criação do City Football Group (CFG), que revolucionou a forma como clubes são geridos e desenvolvidos globalmente.
- Aquisição do Manchester City: Em 2008, Mansour, através do Abu Dhabi United Group Investment & Development (ADUG), adquiriu o Manchester City, que na época era um clube de menor expressão na Inglaterra. Sob sua gestão, o clube passou por uma transformação radical, se tornando uma potência no futebol inglês e europeu, conquistando inúmeros títulos, incluindo a Premier League e a Liga dos Campeões da UEFA.
- Criação do City Football Group (CFG): Mansour é o líder do CFG, um conglomerado global de clubes de futebol. A ideia por trás do CFG é criar uma rede de clubes ao redor do mundo, compartilhando filosofias, metodologias de treinamento, scouting e até mesmo jogadores. Isso permite uma sinergia e um desenvolvimento de talentos em uma escala global.
- Expansão Global: O CFG não se limita ao Manchester City. Atualmente, o grupo possui participações em diversos clubes em diferentes continentes, como:
- New York City FC (Estados Unidos)
- Melbourne City FC (Austrália)
- Yokohama F. Marinos (Japão)
- Girona FC (Espanha)
- Montevideo City Torque (Uruguai)
- Esporte Clube Bahia (Brasil) – A aquisição de 90% das ações do Bahia em 2022 marcou uma importante expansão do CFG na América do Sul.
- Investimento em Infraestrutura e Desenvolvimento: Os investimentos de Mansour não se restringem apenas à compra de jogadores. Ele também foca na modernização de instalações, academias de base e no desenvolvimento de uma gestão profissionalizada nos clubes do CFG.
- Visão de Longo Prazo: A abordagem do Sheik Mansour é de construir uma “estrutura para o futuro”, não apenas um “time de estrelas”. Essa visão de longo prazo tem sido fundamental para o sucesso e a sustentabilidade dos clubes sob o comando do CFG.
- “Sportswashing”: É importante notar que alguns críticos e grupos de direitos humanos caracterizam os investimentos esportivos de Sheikh Mansour como um caso de “sportswashing”, uma tentativa de melhorar a imagem dos Emirados Árabes Unidos em meio a controvérsias relacionadas aos direitos humanos no país.
Quais impactos o Grupo City trouxe para o futebol brasileiro?
Com a chegada ao Bahia, o Grupo City introduz uma abordagem inovadora no futebol brasileiro, tradicionalmente conhecido por sua rivalidade e paixão. O investimento estrangeiro, aliado ao compartilhamento de metodologias internacionais, favorece a competitividade dos clubes do país, impulsionando iniciativas para melhorar a formação de atletas e a governança corporativa no esporte.
- Fortalecimento das categorias de base.
- Ampliação da presença internacional de clubes nacionais.
- Estímulo à implementação de novas tecnologias.
- Parcerias estratégicas para ações sociais em comunidades locais.
Essas mudanças são percebidas não só dentro dos gramados, mas também no modo como o clube se relaciona com a torcida e com o mercado, gerando novas possibilidades de crescimento e reconhecimento internacional para o Bahia e para o futebol brasileiro.