Nesta terça-feira (15/7), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou a determinação de apreensão de um lote de toxina botulínica tipo A com indícios de falsificação. O produto, identificado como parte da marca Dysport, foi alvo dessa medida após investigações indicarem que não foi fabricado pela empresa autorizada no Brasil, a Beaufour Ipsen Farmacêutica Ltda. O alerta trouxe atenção para os riscos associados à circulação de medicamentos irregulares e reforçou o compromisso das autoridades brasileiras com a saúde coletiva.
O lote especificado pela Anvisa, identificado pelo número W13035, não deve ser utilizado sob nenhuma circunstância. De acordo com o órgão regulador, o comércio, distribuição e uso deste lote estão terminantemente proibidos. A ação visa impedir que a substância, empregada em procedimentos estéticos e terapêuticos, possa causar danos à saúde dos usuários por não possuir garantia de segurança e eficácia.
Como identificar medicamentos falsificados?

A preocupação crescente com a falsificação de medicamentos exige atenção redobrada por parte de profissionais da saúde, distribuidores e pacientes. Produtos autênticos apresentam informações detalhadas no rótulo, embalagem inviolada e número de lote conferido no sistema da Anvisa. Em situações de suspeita, recomenda-se a comparação do produto com exemplares originais, além de verificar o registro no portal da agência. O contato imediato com a fiscalização em casos duvidosos auxilia na contenção de riscos sanitários.
Os medicamentos falsos frequentemente possuem falhas na impressão, diferenças sutis na coloração e alterações nos elementos de segurança, como lacres e selos holográficos. Para facilitar o reconhecimento de possíveis irregularidades, é importante seguir alguns passos:
- Observar a procedência: somente adquirir medicamentos em estabelecimentos autorizados.
- Verificar o registro: consultar o número de autorização no sítio oficial da Anvisa.
- Conferir o lote: checar se o lote não consta em alertas de apreensão ou interdição.
- Analisar a embalagem: procurar falhas de impressão, erros linguísticos e sinais de violação.
Quais consequências a falsificação de medicamentos pode trazer?
O comércio e uso de medicamentos falsificados são considerados crimes graves contra a saúde pública. A ingestão ou aplicação de substâncias sem origem controlada pode desencadear reações adversas imprevisíveis, falta de efeito terapêutico ou, em alguns casos, quadros mais graves com risco à vida. Do ponto de vista sanitário, a circulação desses produtos compromete a confiança no sistema de saúde, afetando não apenas pacientes, mas também profissionais da área médica e empresas legítimas.
Além dos riscos diretos à saúde, a falsificação compromete os esforços de combate à automedicação e dificulta a regulação de tratamentos de alto custo. Ao ser identificada, a presença de medicamentos falsos exige pronta resposta das autoridades, com apreensão do produto, interdição de estabelecimentos e investigação das origens do desvio. Medidas como a orientação constante de equipes de saúde e campanhas informativas sobre o tema contribuem para diminuir a incidência do crime.
Riscos específicos do uso de toxina botulínica falsificada:
O uso de toxina botulínica falsificada pode causar consequências graves para a saúde. Entre os riscos específicos, estão reações adversas severas, incluindo infecções, reações alérgicas, paralisia muscular indesejada, dificuldade para engolir, falar ou respirar e, em casos extremos, risco de morte. Além disso, produtos falsificados podem não conter o princípio ativo na quantidade adequada, resultando em ausência total de efeito ou resposta terapêutica imprevisível, agravando ainda mais quadros clínicos e dificultando a recuperação do paciente. A aplicação de toxinas adulteradas, por não seguirem padrões de qualidade ou armazenagem corretos, representa ameaça direta à vida do paciente e cria sérios riscos à saúde coletiva.
Quais as medidas de prevenção orientadas pela Anvisa?

As autoridades de vigilância sanitária recomendam procedimentos rigorosos para evitar a circulação de medicamentos irregulares. Profissionais da área devem adotar uma rotina de inspeção das embalagens, checagem constante do registro dos produtos e observar eventuais denúncias recebidas durante o atendimento aos pacientes. Em caso de dúvida sobre a autenticidade do medicamento, recomenda-se interromper imediatamente o uso e acionar a fiscalização local.
- Compre medicamentos apenas em locais seguros e licenciados: Adquira seus medicamentos somente em farmácias e drogarias regulamentares, sejam elas físicas ou online. Evite a compra em camelôs, feiras, sites de venda não autorizados ou redes sociais.
- Verifique a procedência e a embalagem do medicamento:
- Selo de segurança e lacres: Observe se a embalagem possui o selo de segurança da Anvisa e se os lacres estão intactos.
- Informações na embalagem: Confira se todas as informações (nome do medicamento, princípio ativo, dosagem, número de registro na Anvisa, data de fabricação e validade, nome e CNPJ do laboratório fabricante, lote) estão claras, legíveis e sem rasuras.
- Aparência: Desconfie de embalagens amassadas, com cores diferentes do usual, erros de impressão ou qualquer sinal de adulteração.
- Bula: Verifique se a bula está presente e se as informações batem com as da embalagem.
- Suspeite de preços muito abaixo do mercado: Medicamentos com preços significativamente mais baixos que o praticado em estabelecimentos confiáveis podem ser um indicativo de falsificação.
- Observe a aparência do próprio medicamento: Se o medicamento (comprimido, cápsula, líquido) tiver cor, forma, tamanho ou cheiro diferentes do que você está acostumado, ou se apresentar qualquer alteração na sua consistência, não o utilize.
- Guarde a nota fiscal: Mantenha sempre a nota fiscal da compra, pois ela pode ser importante em caso de necessidade de comprovação ou denúncia.
- Não utilize medicamentos sem registro na Anvisa: Verifique se o medicamento possui registro ativo na Anvisa. Essa consulta pode ser feita diretamente no site da agência.
- Denuncie: Caso você desconfie de um medicamento, não o utilize e denuncie imediatamente à Anvisa por meio dos canais de atendimento (Ouvidoria da Anvisa, telefone 0800 642 9782, ou formulário eletrônico no site). Sua denúncia é fundamental para a segurança de todos.
Para quem realiza ou recebe procedimentos com toxina botulínica, como o botox, é fundamental atentar-se às orientações e não utilizar produtos de origem desconhecida. O apoio à fiscalização contribui para a segurança de todos os envolvidos e reforça o combate à criminalidade no setor farmacêutico.
No contexto atual, onde casos de falsificações ganham destaque nos noticiários, manter-se informado e agir de maneira preventiva se torna cada vez mais necessário. A atuação conjunta entre órgãos reguladores, profissionais e sociedade é fundamental para preservar a saúde pública e garantir tratamentos seguros à população.