O aumento do IOF pode parecer distante da realidade do trabalhador, mas Alexandre Ferreira, advogado trabalhista (OAB/MS 14646, Instagram: @alexandreferreira_adv), alerta que esse imposto pode sim refletir no seu salário. O imposto sobre operações financeiras incide sobre empréstimos, seguros, câmbio e investimentos – inclusive os que a empresa contrata.
Ele destaca que, quando o IOF sobe, os custos para a empresa também aumentam. Com isso, o empregador tende a economizar onde pode: cortes de gastos, demissões, redução de benefícios e até menor ritmo de contratações. Por isso, ainda que pareça abstrato, esse tributo acaba no seu bolso.
Por que o aumento do IOF pode resultar em demissões ou cortes de benefícios?
Quando o IOF sobe, empréstimos e antecipações de recebíveis ficam mais caros para a empresa. Esses recursos são fundamentais para manter o fluxo de caixa. Com o custo maior, sobra menos para investimentos como contratações e benefícios. O advogado explica que, para “manter a empresa funcionando”, patrões recorrem a empréstimos e seguros, que agora custam mais. Esse movimento força ajustes orçamentários, afetando diretamente a estrutura de colaboradores.
Setores como comércio e serviços podem reduzir o quadro de funcionários para equilibrar o aumento de custos operacionais. E esse reflexo chega até o trabalhador com menos oportunidades, redução de jornada ou suspensão de vantagens.

É mito que o aumento do IOF não me atinge?
Não é mito. Embora o IOF seja um imposto federal distribuído em operações financeiras, ele aumenta custos em várias frentes, dentro e fora da empresa. A alíquota para crédito às empresas saltou de 1,88 % para até 3,95 %, e para MEIs passou de 0,88 % para 1,95 %.
Para seguros e câmbio, como compras no exterior ou remessas, também houve aumento. Isso encarece operações cotidianas e impacta a cadeia produtiva. Portanto, mesmo quem não contrata diretamente esses serviços pode sentir os efeitos no emprego ou nos preços.
Como isso chega ao meu salário?
Toda alta de imposto é um freio na economia. Quando o empresário paga mais por crédito e seguros, ele tende a repassar o custo, reduzir contratações e cortar benefícios para manter a operação sustentável. Isso significa: menos vagas abertas, redução de bônus ou vale-alimentação, e até demissões.
O trabalhador, embora não perceba de imediato, é o último elo da cadeia e acaba sentindo o corte. O alerta de Alexandre Ferreira é direto: “Qualquer tipo de aumento de imposto pode sim implicar na sua vida, trabalhador”.
Você já percebeu alguma mudança no seu trabalho?
Esse foi o alerta de Alexandre Ferreira: “Conte nos comentários se você já tem percebido algum tipo de mudança aí no seu emprego.” Se sua empresa está mais cautelosa, com menos contratações ou redução de benefícios, pode ser resultado direto do aumento do IOF.
Esses sinais devem ser observados com atenção. Mesmo que o impacto seja indireto, as consequências atingem o ambiente de trabalho e o planejamento financeiro do colaborador.
Quais tipos de operações ficaram mais caras com o aumento?
- Empréstimos de crédito: passaram de 1,88 % para até 3,95 % ao ano (contabeis.com.br).
- Crédito para MEIs e empresas do Simples: de 0,88 % para 1,95 % ao ano.
- Compra de moeda estrangeira: antiga alíquota de 3,38 % (cartão) saltou para 3,5 %.
- Remessas internacionais: saíram de 1,1 % para 3,5 %.
- Planos VGBL: acima de R$ 600 mil ao ano, agora paga 5 % de IOF.
E se eu uso cartão internacional ou viajo? Isso me afeta diretamente?
Sim. A taxa de IOF unificada para compras no exterior passou a ser 3,5 %, incluindo cartões, fintechs e câmbio. Antes, a alíquota variava entre 1,1 % e 3,38 % conforme a modalidade.
Isso representa impacto direto para quem viaja, compra em dólar ou faz remessas. O ideal é buscar alternativas com menor tributação ou planejar gastos com antecedência.

Como isso impacta meu planejamento financeiro pessoal?
Para quem viaja ou investe no exterior, o bolso sente rápido. Gastos com compras, turismo, câmbio e investimentos ficam mais caros. VGBL também sofreu com tributação de 5 % acima de R$ 600 mil/ano.
O ideal é usar contas globais com bom câmbio, dividir pagamentos ou priorizar aportes menores em previdência. Assim, é possível mitigar os efeitos desse aumento de imposto.
Como as empresas estão reagindo?
Setores como comércio, indústrias e pequenas empresas enfrentam aumento no spread bancário e restrição no capital de giro.
Contadores e contabilidades recomendam que clientes revisem contratos, ajustem fluxo de caixa e simulem o custo efetivo total (CET) considerando o novo IOF.
O que o STF decidiu sobre esse aumento do IOF?
O STF, por decisão do ministro Alexandre de Moraes, manteve o decreto que aumentou o IOF – exceto para operações chamadas “risco sacado”.
As novas alíquotas passaram a valer retroativamente desde junho, reforçando que o imposto continua elevado até julgamento final.
Quais cuidados tomar agora?
Observe se sua empresa está ajustando os benefícios ou contratando menos. Para o seu bolso, priorize formas de pagamento com menos IOF e planeje aportes em previdência.
Fique atento às notícias sobre possíveis mudanças ou votações no Congresso, que podem reverter ou limitar esse aumento. Com atenção e planejamento, é possível mitigar os efeitos — tanto no seu trabalho quanto no orçamento pessoal.